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ONG acusa Sesc de censurar exposição com mulheres que venceram câncer

Fotos com os seios à mostra foram vetadas pela direção do Sesc de Taguatinga. Unidade disse que caso se trata de mal-entendido

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iStock/Foto ilustrativa
Breast cancer. Female hands make heart on pink ribbon
1 de 1 Breast cancer. Female hands make heart on pink ribbon - Foto: iStock/Foto ilustrativa

A exposição Outro Olhar reúne fotografias e histórias de mulheres que enfrentaram e venceram o câncer de mama. A luta deixou marcas em todas, mas é com orgulho que elas exibem as cicatrizes do tratamento. No ensaio, as modelos tiraram a camisa e mostraram o que representa a vitória sobre uma das doenças que mais atinge mulheres em todo mundo. Mas a arte a favor da vida foi, segundo a entidade responsável pelo evento, alvo de censura no Distrito Federal em pleno Outubro Rosa, mês de conscientização sobre a importância de se prevenir a doença.

Promovida pela ONG Vencedoras Unidas, que reúne mulheres que lutam contra o câncer, a exposição estava marcada para integrar uma campanha de conscientização sobre o Outubro Rosa no prédio do Serviço Social do Comércio do Distrito Federal (Sesc-DF) em Taguatinga. Mas, conforme afirma a presidente da organização, Gisele Pereira, a direção da instituição não autorizou obras nas quais as mulheres aparecem com os seios à mostra.

O ensaio é composto por duas imagens de cada mulher, registradas pelo fotógrafo Hay Torres. Na primeira, elas aparecem totalmente vestidas e, na outra, apenas com uma saia de cetim, sem a parte de cima do vestuário.

Fizemos as fotos para desmistificar o câncer e o tratamento, mostrar para as mulheres que, apesar de todas as batalhas, nós somos lindas e felizes. No meu ponto vista, o diretor foi preconceituoso e machista ao não ver o objetivo da mostra e a história de cada mulher nas imagens. Ele autorizou somente as fotos em que estamos vestidas

Gisele Pereira, presidente da ONG Vencedoras Unidas

O objetivo de aparecer sem camisa e sutiã na frente das lentes da câmera é, segundo Gisele, mostrar a beleza que cada mulher carrega em si. Além disso, elas pretendem alertar outras pessoas sobre a doença e revelar que a vida continua mesmo após a confirmação do diagnóstico.

“Eu venci”
Gisele, que também participou do ensaio fotográfico, foi diagnosticada com câncer de mama aos 30 anos e, para ela, a marca da mastectomia representa a vitória sobre a doença. “Quando me olho no espelho e vejo aquela cicatriz, digo a mim mesma: eu venci. Também tive de retirar os dois ovários. Solteira e aos 30 anos, tive de tomar essa difícil decisão de não ter mais filhos.”

Para a presidente da ONG, há um preconceito velado contra as pessoas diagnosticadas com câncer. “Acontece em casa, no trabalho, no condomínio. Eu tenho uma amiga desde os 14 anos que, saindo da mesa de cirurgia, me perguntou como era não ter mais peito. Isso machuca.”

Veja fotos da exposição:

Prevenção
A servidora pública Cláudia Beatriz da Silva, uma das personagens da mostra fotográfica, descobriu que estava com câncer após uma bateria de exames quando, em um checkup de rotina, percebeu nódulos nos seios.

“A doença tem vários tipos. As mulheres precisam se prevenir e, se encontrarem algo, precisam investigar. Qualquer coisinha, na verdade, pode ser um tumor”, orienta Cláudia, que preferiu não colocar silicone após a retirada do tumor, com cerca de 1cm à época da cirurgia.

Não sei se ficou igual [os dois seios], mas preferi não fazer. As pessoas se ofendem muito com as mamas, mas não se trata de um órgão sexual, isso está na cabeça dos homens. A mama é um órgão para alimentar os bebês

Cláudia da Silva

A servidora conta que sempre teve vontade de participar de um ensaio fotográfico e aproveitou a oportunidade com as colegas do grupo. “Eu queria muito fazer as fotos, mas tinha muita vergonha e um namorado que não gostava. Depois que terminamos, eu fiz.”

Sesc nega censura
Por meio de nota, o Sesc negou censura à exposição. Segundo a instituição, a mostra não foi formalizada com a gerência da unidade de Taguatinga e houve um “mal-entendido”. Por essa razão não foi permitido realizar o evento.

O Serviço Social do Comércio também se disse aberto para expôr as fotos em suas unidades, “de acordo com a classificação indicativa”.

Após a negativa do Sesc, o grupo se articulou e expôs as fotos no Cine Brasília na terça-feira (2/10), na área comum do prédio. Agora, as mulheres tentam levar a Outro Olhar para mostra na Embaixada da Espanha.

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