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GDF manda apurar se coronel da PMDF exigiu R$ 3 milhões de empresários

Sérgio Roberto Roballo foi alvo de busca e apreensão no âmbito da Operação Blackmail, deflagrada em janeiro do ano passado pela PCDF

atualizado 29/03/2023 10:06

Coronel da PM Sérgio Roballo Arquivo cedido ao Metrópoles

O Governo do Distrito Federal (GDF) instaurou, nesta quarta-feira (29/3), um Conselho de Justificação para julgar se o oficial da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) Sérgio Roberto Roballo exigiu R$ 3 milhões de um grupo de empresários, sob ameaça de divulgação de documentos que revelariam irregularidades no processo de credenciamento no Departamento de Trânsito (Detran). A denúncia já foi alvo de sindicância apurada pela corporação.

No ano passado, a coluna teve acesso a uma imagem exclusiva que mostra reunião entre Roballo (na foto em destaque, de camisa cinza) e dois advogados que representam empresários credenciados ao Detran.

As empresas prestam serviço de vistoria veicular. O encontro ocorreu em agosto de 2021, em um bar localizado no Sudoeste. A cobrança de R$ 3 milhões teria ocorrido na ocasião.

Segundo uma fonte ouvida pela Na Mira, um dos representantes das vítimas, que aparece de bermuda na imagem, também é policial militar. O PM, entretanto, é da reserva remunerada. O caso é investigado pela Delegacia de Repressão à Corrupção, vinculada ao Departamento de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (Decor).

Sérgio Roballo foi alvo de busca e apreensão no âmbito da Operação Blackmail, deflagrada em janeiro de 2022. Conforme a coluna divulgou em primeira mão, os investigadores coletaram evidências as quais apontam que as vítimas foram coagidas.

O tenente-coronel teria atuado como porta-voz de um grupo formado pelas pessoas prejudicadas com a terceirização das vistorias. O valor exigido seria dividido entre os envolvidos e serviria para amenizar os prejuízos suportados pela alteração na prestação dos serviços.

Recentemente, o serviço de vistorias veiculares no Distrito Federal foi terceirizado, e passou a ser exercido por empresas credenciadas pelo Detran. Esse fato desagradou uma parcela dos atores anteriormente envolvidos.

O nome escolhido para a operação, o termo em inglês Blackmail, faz alusão a chantagem ou extorsão.

O celular do tenente-coronel foi apreendido na operação. A reportagem não conseguiu localizar a defesa dele. O espaço permanece aberto para manifestações.

Veja imagens da operação:

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Outro escândalo

Não é a primeira vez que o nome do policial é alvo de investigações. Em 2019, o Metrópoles revelou que o tenente-coronel respondeu a um procedimento na Corregedoria por suspeita de utilizar as dependências do 1º Batalhão de Trânsito da PMDF como escritório particular.

Segundo o processo que tramitou na Auditoria Militar, Sérgio Roberto Roballo teria escalado PMs do Serviço Voluntário Gratificado (SVG) para, de forma terceirizada, fazer escolta motorizada em eventos ocorridos na cidade.

A PM também apurou se o oficial obteve vantagens indevidas em troca dos trabalhos. De acordo com os autos, ele teria comprado um imóvel de R$ 1 milhão, aquisição incompatível com o salário, que é de R$ 17.142.

Outro crime militar atribuído ao tenente-coronel é o uso indiscriminado de viaturas. Conforme consta no processo, ele teria utilizado um carro e uma moto da PMDF para fins particulares.

Os veículos não têm plotagem e integram a frota do Centro de Manutenção da instituição. O policial teria, inclusive, adulterado as placas identificadoras dos automóveis, segundo os autos.

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