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DF: 63,9% dos negros moram em RA de média e baixa renda

Codeplan divulgou, nesta quarta-feira (20/11/2019), o estudo Perfil de Raça/Cor no DF

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1 de 1 dc4 - Foto: Michael Melo/Metrópoles

A Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan) divulgou, nesta quarta-feira (20/11/2019), data em que se comemora o Dia da Consciência Negra, o estudo Perfil de Raça/Cor no DF, que ilustra o panorama recente sobre a desigualdade racial da capital, com base nos dados da Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (PDAD), realizada nas 31 regiões administrativas do DF.

Os dados apresentados são desagregados por regiões administrativas que, por sua vez, são agrupadas conforme renda domiciliar média segundo a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) – grupos de alta renda, média alta renda, média baixa renda e baixa renda.

O estudo também desagrega a raça/cor por pretos e pardos, conforme autodeclaração na PDAD 2018. Sendo assim, quando há diferença significativa entre as duas categorias, elas são apresentadas separadamente, quando não, é utilizado o termo “negro” no estudo, que se refere à informação sobre pretos e pardos considerados como um só grupo.

“A desigualdade racial no Brasil é histórica e amplamente conhecida em diversos estudos sobre estratificação social no país. Isso quer dizer que índices mais elevados de pobreza, menor IDH e outros aspectos de maior vulnerabilidade social atingem a maioria negra na população. O estudo é um convite aos gestores, legisladores e demais leitores à reflexão sobre possíveis ações para a diminuição da desigualdade racial no Distrito Federal, a partir de algumas informações apresentadas”, explica a autora do estudo Carmelita Veneroso.

Agência Brasília/Reprodução

População

A população do Distrito Federal em 2018 era de 2.881.854 habitantes. Desses, 1.659.995 são negros (57,6%) – 289.710 autodeclarados pretos (10,1%), e 1.370.285 autodeclarados pardos (47,5%).

Segundo Grupos de Regiões Administrativas, 845.208 negros residem no grupo de média baixa renda (50,9%) e 471.346 no grupo de média alta renda (28,4%), enquanto apenas 127.263 negros residem no grupo de alta renda (7,7%). Outros 216.177 negros estão no grupo de baixa renda (13%).

As regiões administrativas com maior população negra são Fercal (81,3%) e Scia-Estrutural (76,6%), pertencentes ao grupo de baixa renda, enquanto as com menor população negra são Lago Sul (23,1%), Jardim Botânico (30,0%), Park Way (30,2%) e Sudoeste/Octogonal (32,2%), todas do grupo de alta renda.

Trabalho

Cerca de 63% dos homens negros e 46% das mulheres negras trabalham, proporção similar à da população não negra. Os setores de atividade em que essas pessoas estão ocupadas variam pouco entre negros e não negros e se concentram, principalmente, nos setores de comércio e serviços.

No entanto, entre as mulheres negras, observa-se que parcela significativa delas trabalham em serviços domésticos (15,8%), enquanto 7,5% das não negras trabalham nesse setor. Quanto menor a renda do grupo da PED, maior a proporção de mulheres negras no serviço doméstico, chegando a 25,4% das mulheres negras do grupo de baixa renda.

A renda média domiciliar entre os negros é de R$ 2.928,40 e de R$ 4.833,15 entre os não negros, uma discrepância média de R$ 1.904,75. Já entre os negros e não negros do grupo de alta renda, esses valores são de R$ 7.466,77 e 9.632,81, respectivamente. No grupo de baixa renda, os negros possuem renda domiciliar de R$ 1.589,55 e os não negros de R$ 1.716,43.

Se tratando do tipo de ocupação, a maior parte das pessoas são empregadas (mais de 60%), ou seja, trabalham para outrem, seguidas das que trabalham por conta própria ou autônomas (23,9% entre os homens e 16,0% entre as mulheres), independente da raça/cor. Nota-se que quanto menor a renda do grupo da PED, maior a proporção de ocupados que trabalham por conta própria, principalmente entre os negros (26,6%), apontando para o trabalho de menor formalidade e menor remuneração, os chamados “bicos”.

Educação

Aproximadamente 54% dos jovens negros e 56,6% dos jovens não negros do DF, entre 14 e 24 anos frequentam a escola em algum nível ou etapa de ensino. Dos jovens negros nessa faixa etária, 27,4% estão matriculados no ensino fundamental, 42,9% no ensino médio e 28,3% no ensino superior. Em relação aos não negros, essas taxas são de 23,6%, 38,3% e 36,9%, respectivamente.

Os dados mostram que a desigualdade escolar entre negros e não negros começa a aparecer no nível em que estão matriculados. Os não negros estão mais inseridos no ensino superior e os negros estão mais presentes na educação básica, o que pode sugerir acesso tardio à escola ou maior desistência ou reprovação entre negros, segundo a autora do estudo.

Essa desigualdade também é observada entre a população de 25 anos ou mais, onde cerca de 38% dos negros possuem ensino médio completo, pouco mais de 20% possui o ensino fundamental incompleto e apenas 24,6% finalizaram o ensino superior. Já entre os não negros, esse percentual é de 32,5%, 12,3% e 44%, respectivamente. Nas regiões administrativas Varjão, Fercal, Scia-Estrutural, Itapoã e Planaltina, mais de 50% da população negra completou, no máximo, o ensino fundamental.

A disparidade escolar entre os próprios negros é significativa quando comparado o grupo de alta renda e o grupo de baixa renda, chegando a mais de 60% de diferença – apenas 8,2% dos negros das RAs de baixa renda possuem ensino superior completo, enquanto 68,3% dos negros das RAs de renda alta completaram esse nível de ensino.

Também há desigualdade entre negros e não negros nas RAs de alta renda, como os Lagos Norte e Sul, Plano Piloto e Jardim Botânico, onde mais de 75% da população não negra de 25 anos ou mais possuem ensino superior completo, enquanto esse percentual não chega a 70% dos negros.

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