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Menina pediu socorro após levar tiro de chumbinho: “Quero a minha mãe”

Testemunhas relataram que a vítima, de 14 anos, ficou com o olho inchado, tremia e sangrava bastante. Ela passa por cirurgia nesta 6ª feira

atualizado

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Igo Estrela/Metrópoles
Caminhão de idoso é depredado após ele atirar e atingir olho de adolescente, em Ceilândia
1 de 1 Caminhão de idoso é depredado após ele atirar e atingir olho de adolescente, em Ceilândia - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

Depois de ser atingida no olho, a estudante de 14 anos que levou um tiro de chumbinho gritou e pediu pelo socorro da mãe, segundo testemunhas. A vítima foi baleada por um idoso de 77 anos na noite de quinta-feira (1º/9), na EQNP 1, no P Norte, em Ceilândia. Ele prestou depoimento e foi liberado no mesmo dia. A menina passa por cirurgia no Hospital de Base nesta sexta-feira (2/9).

Testemunhas relataram que, antes de ser levada para o hospital, a adolescente sangrava bastante. “Ela se tremia e estava muito nervosa.  Não conseguia chorar muito, mas estava muito nervosa e gritando o tempo todo: ‘Eu quero a minha mãe. Eu quero a minha mãe'”, detalhou uma pessoa ouvida pela reportagem.

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A jovem estuda no Centro Educacional (CED) 11 de Ceilândia. A direção do colégio acrescentou que a estudante é tranquila e não tem histórico de problemas escolares desde que ingressou na unidade de ensino, em 2021.

Após as aulas, ela e outros estudantes costumam pegar o ônibus de volta para casa em uma parada em frente a um comércio da região. Enquanto aguardam a condução, costumam se divertir na rua. “Eles brincam muito, correm. Brincam de pega-pega um com o outro. Coisa de criança normal”, comentou outra testemunha.

Antes de ser atingida pelo tiro, a menina corria com colegas perto da casa do autor do disparo. Ao passar perto de um caminhão estacionado em frente ao imóvel, protegido por uma grade branca, a vítima teria sido atingida.

“Quando olhei, ela saiu correndo agachada, com a mão no olho, segurando-o”, relatou a testemunha. A vítima se sentou embaixo de uma árvore, e os amigos dela acionaram o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). “Ela estava sangrando muito. O olho dela estava de fazer dó. O tamanho dele você não imagina como estava”, completou.

O ocorrido provocou revolta entre amigos da vítima. O atirador tentou se esconder dentro de casa, mas foi preso pela Polícia Militar — momento em que as crianças bateram palmas.

Depois da saída dos policiais, parte dos estudantes jogou pedras, paus e ameaçaram atear fogo contra o caminhão do idoso, mas foram convencidos a parar.

“Eles estavam muito revoltados”, relatou a testemunha, acrescentando que a relação dele com a vizinhança não é boa. Por isso, atritos e confusões são frequentes. “Se fosse bala de revólver, teria matado ela na hora. Espero que ele aprenda que não é para brincar com a vida dos outros. O que ele fez foi uma covardia muito grande”, desabafou.

Depoimento

Em depoimento à Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), o autor do disparo, José dos Santos Silveira, explicou os motivos que o levaram a pegar uma espingarda de pressão e atirar contra a adolescente. O idoso contou que ouviu um barulho e pensou se tratar de uma tentativa de furto no ferro-velho dele. O estabelecimento havia sido invadido por criminosos em outras ocasiões.

José Silveira trabalha no local há 20 anos e lembrou que, por volta das 19h de quinta-feira (1º/9), estava em casa, em frente ao ferro-velho, quando ouviu um barulho. Na sequência, pegou a espingarda de chumbinho e disparou. Ele alegou que não saber quem estava no local, pois a luz estava apagada.

Assim que atirou, o idoso chegou a ouvir um grito, mas não sabia o que era e voltou para dentro de casa. Ainda segundo a versão do autor, pouco tempo depois, um policial entrou no imóvel e cobrou explicações o acontecido.

Silveira foi levado para a delegacia, onde prestou depoimento e acabou liberado, depois de ser alertado sobre a necessidade de comparecer ao Juizado Especial Criminal. Ele foi autuado, inicialmente, por lesão corporal leve. No entanto, os investigadores aguardam laudo do Instituto de Medicina Legal (IML), que indicará a gravidade da lesão da vítima.

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