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TJDFT solicita vídeos à academia do dia em que PM matou Jéssyka

Ex-namorado da vítima, o policial militar Ronan Menezes do Rego vai a júri popular. Crime ocorreu em 4 maio de 2018

atualizado

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Jéssika
1 de 1 Jéssika - Foto: Reprodução

O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) solicitou que a Academia Nova Geração apresente, no prazo de 10 dias, as imagens do sistema de monitoramento referentes a 4 de maio de 2018. Nesse dia, Jessyka Laynara da Silva Souza, 25 anos, foi morta a tiros pelo soldado da Polícia Militar Ronan Menezes. A determinação, publicada nos andamentos do processo na terça-feira (12/2) tem como objetivo juntar mais elementos sobre o feminicídio.

Segundo o juiz Lucas Sales da Costa, do Tribunal do Júri de Ceilândia, Jessyka e Ronan teriam comparecido à academia no dia do crime pela manhã. “A fim de se evitar qualquer alegação de nulidade e cerceamento de defesa, expeça-se mandado para a Academia Nova Geração”, diz o texto da decisão.

Ronan é suspeito de matar Jessyka por não ter aceitado o término do relacionamento com a jovem. Após ameaçá-la e agredi-la por diversas vezes, o policial suspeitou que ela estava tendo um caso com o professor da academia Pedro Henrique da Silva Torres, 29. O PM foi até o local e atirou contra o rapaz. O instrutor foi levado ao hospital, passou por cirurgia e conseguiu se recuperar.

Jessyka, no entanto, não teve a mesma sorte. Ronan foi até a casa onde ela morava com a avó e disparou quatro vezes contra a moça, que não resistiu aos ferimentos e morreu no local. Antes de morrer, a jovem registrou, em fotos, os machucados provocados pelo PM em espancamentos (veja abaixo).

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Julgamento
O caso vai a júri popular e a data do julgamento ainda não foi divulgada. Na decisão publicada, o magistrado diz que “o processo está em ordem, não havendo qualquer irregularidade a ser sanada”. Ele solicitou “precauções” na hora de divulgar os antecedentes do soldado “a fim de evitar possível influência nas decisões dos jurados.”

“Em suma, não possuindo os jurados, em tese, conhecimento jurídico, é de se admitir que desconheçam a regra de que se deve julgar o fato, e não o autor”, disse o juiz.

Por isso, pede para que “se evitem contundentes referências em plenário a respeito de eventuais fatos praticados pelo réu quando este se encontrar protegido pelo princípio constitucional da presunção de inocência.”

Ameaças
Antes de matar a ex-namorada, Ronan ameaçou vazar vídeos íntimos do casal. Quem fez a revelação foi a mãe da vítima, Adriana Maria da Silva, durante a primeira audiência do caso, realizada em 10 de agosto no Tribunal do Júri de Ceilândia. O assassinato ocorreu em 4 de maio, na QNO 15, em Ceilândia Norte.

“Ele fazia chantagem. Dizia que estava com câncer, que ia se matar e ameaçou até divulgar vídeos íntimos dos dois”, contou a mulher.

Quem também testemunhou foi o professor Pedro Henrique da Silva Torres. Segundo ele, quando descobriu que Ronan e a jovem tinham terminado, iniciou uma aproximação, mas não passou disso. “Nunca namorei com ela. Até gostaria, mas estávamos apenas trocando mensagens e nos conhecendo”, disse.

De acordo com Pedro, no dia do crime, Ronan chegou ofegante à academia com a arma na cintura. Ele teria passado por baixo da catraca e apontado a pistola contra ele. “Perguntou há quanto tempo eu estava com ela. Eu neguei. Ele disse que já tinha batido nela e eu ignorei. Ao  virar as costas, ele atirou.”

Os tiros pegaram na mão e no abdômen do instrutor e atingiram de raspão o pé e o peito. Em decorrência das perfurações, ele sofreu lesões graves no intestino, estômago e teve de fazer uma intervenção cirúrgica a fim de remover a vesícula.

Emoção
Um dos momentos mais emocionantes da audiência realizada no ano passado foi quando a mãe de Jéssyka revelou como recebeu a notícia da morte da filha. “Foi por telefone. Ele tirou um pedaço de mim e acabou com a vida de toda a família. Ela não merecia isso, era a melhor garota do mundo”, relembrou Adriana, em meio a lágrimas.

Ela ainda confirmou o comportamento agressivo de Ronan e acredita que Jéssyka só não o denunciou antes para proteger a família. “[Ele] ligou pra mim e disse que ia matar minha filha. Ainda ameaçou matar os irmãos”.

A avó, Madalena Honorato da Silva, presenciou a morte da neta. Disse que uma discussão inicial teria motivado a ira de Ronan. “Eles brigaram em casa. Mais tarde voltou e chamou pela Jessyka. Quando abri a porta, minha neta estava em choque encarando o Ronan, que apontava a pistola. Só consegui pedir para ela correr, mas ele atirou e a matou”.

Jéssyca também deixou áudios, encaminhados a uma amiga, sobre o dia no qual foi brutalmente espancada por Ronan. Ouça:

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