Sem escolta, depoimentos de réus da Máfia dos Concursos são adiados
Três dos quatro réus do processo ainda estão presos e precisavam ser escoltados. Por falta de efetivo, acompanhamento não foi feito
atualizado
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O déficit de servidores no Governo do DF tem atingido até o andamento de processos judiciais. Na quarta-feira (13/12), quatro acusados de integrar a Máfia dos Concursos que agia no DF deveriam prestar depoimento na primeira audiência de instrução do processo no qual são réus, na Vara Criminal e Tribunal do Júri de Águas Claras. A audiência, no entanto, teve de ser adiada. O motivo: a falta de escolta para levar os presos até a oitiva.
Como estão presos, eles precisam ser escoltados por agentes penitenciários até as unidades do Tribunal de Justiça do DF e Territórios (TJDFT) para a realização das audiências.Dos quatro réus no processo, três ainda estão detidos preventivamente: Hélio Garcia Ortiz; o filho dele, Bruno Garcia de Ortiz; e Rafael Rodrigues da Silva Matias. O primeiro é, inclusive, acusado de liderar o grupo que fraudou certames para diversas carreiras públicas na capital federal.
Sem aviso prévio, no entanto, os três réus não apareceram na oitiva marcada para quarta (13). Em contato com a Diretoria Penitenciária de Operações Especiais (DPOE), a vara criminal foi informada de que, por falta de efetivo, não foi possível providenciar escolta aos acusados.
Com a situação, a audiência teve de ser adiada para sexta-feira (15). “Tendo em vista a não apresentação dos acusados, resta prejudicada a realização da audiência. Com relação às testemunhas que seriam ouvidas nesta data, transfiro a oitiva de tais testemunhas para audiência programada em continuidade para o dia 15, às 13h30”, esclareceu o juiz Gilmar Rodrigues da Silva.
As audiências de instrução do processo que apura a atuação da Máfia dos Concursos estavam marcadas para quarta (13), quinta (14), sexta (15) e segunda-feira (18). Com o adiamento, as testemunhas que seriam ouvidas no dia 15 foram transferidas para o dia 18.
Acionada pela reportagem, a Subsecretaria do Sistema Penitenciário (Sesipe) afirmou que, na quarta, “o número de audiências marcadas pelo Judiciário foi além da capacidade operacional da Diretoria Penitenciária de Operações Especiais (DPOE), o que levou ao cancelamento da audiência”. No entanto, a Pasta afirma que “está garantida a escolta dos referidos internos na próxima audiência”.
Segundo cálculos do Sindicato de Agentes Penitenciários do DF (Sindpen-DF), existe um déficit de 500 servidores da categoria na capital. Em 29 de novembro, o GDF nomeou 200 agentes aprovados no curso de formação concluído em agosto deste ano.
Máfia dos Concursos
Os quatro réus do processo que tramita na Vara Criminal e Tribunal do Júri de Águas Claras foram presos em setembro, durante a primeira fase da Operação Panoptes, deflagrada pela Polícia Civil.
As investigações apontam que eles cobravam dinheiro de alunos de cursinhos prometendo vagas em concursos públicos e até mesmo em vestibulares concorridos de universidades federais. A suspeita é de que pelo menos 100 pessoas tenham sido beneficiadas com o esquema.