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Grileiros devastam área de Cerrado que estava intacta há 4 mil anos

Segundo o Ibram, a área devastada no sábado (9/10) possui cerca de 7 mil metros quadrados. A Arie é protegida por lei

atualizado

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Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles
Arie Granja do Ipê - grilagem de terra
1 de 1 Arie Granja do Ipê - grilagem de terra - Foto: Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

“Talvez meus filhos não irão ver isso.” A fala é de Júlio César, 52 anos, que há três décadas pedala pela Arie da Granja do Ipê. Ele foi um dos vários que cortavam caminho pelas trilhas da Área de Relevante Interesse Ecológico (Arie) nessa terça (12/10). Localizado próximo à Mesa de JK, no Riacho Fundo II, e cercado pelos bairros do Riacho Fundo I e Park Way, o espaço de exuberância nativa do Cerrado é alvo constante de atividades de grileiros que avançam pela área de preservação.

Margeado pelos córregos do Capão Preto e do Ipê, importantes nascentes para o abastecimento da Bacia do Paranoá, e situado a cerca de 35 quilômetros do Congresso Nacional, o local também é berço de sítios arqueológicos pré-coloniais de alta relevância histórica que datam de mais de 4 mil anos.

Arie Granja do Ipê - grilagem de terra
Placa contra a ação de grileiros na Arie Granja do Ipê. Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Como o Metrópoles já informou anteriormente, o espaço que conserva o local de descanso utilizado por Juscelino Kubitschek há mais de 60 anos é visado por grileiros desde antes da formação da Arie, em 1998, segundo o Decreto n° 19.431, de 1998.

A invasão mais recente de área pública foi registrada no último sábado (9/10), próximo a uma bifurcação na estrada de chão da Arie da Granja do Ipê. Segundo a fiscalização do Instituto Brasília Ambiental (Ibram), que vistoriou a área devastada no sábado, o espaço tem cerca de 7 mil metros quadrados, e as máquinas utilizadas na “limpeza” do terreno seriam de uma empresa de terraplanagem. Elas estavam em uma fazenda a 800 metros do local desmatado.

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Do céu, o estrago é nítido. As imagens registradas pelo drone do Metrópoles, durante um sobrevoo pelo local, mostram o contraste da ação das máquinas em comparação com a imensidão do bioma típico do Centro-Oeste. Do chão, é possível ver estacas e arames cercando a área que só está identificada pelas marcas de pneus da terra e por montes de vegetação espalhados pelo terreno.

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Confira o resultado da ação dos grileiros:

Resposta

Procurado, o Instituto Brasília Ambiental (Ibram) informou que, por meio da Superintendência de Fiscalização, Auditoria e Monitoramento (Sufam), uma equipe de fiscalização esteve, no domingo (10/10), na região da Arie Granja do Ipê, com o objetivo de colher dados sobre materialização e autoria da grilagem de terras.

A Sufam, de posse das análises, procederá à responsabilização administrativa pelas infrações ambientais. Assim como a abertura de processo a ser encaminhado à Delegacia do Meio Ambiente (Dema), da Polícia Civil do DF (PCDF), para fins de investigação de crime ambiental.

Área histórica

Além da importância vegetal e aquífera para a população do DF, a Arie da Granja do Ipê carrega uma relevância histórica das origens da capital do país. A Mesa de JK foi erguida entre árvores nativas do Cerrado para que fosse utilizada durante momentos de privacidade e descontração no decorrer da construção da cidade.

A cerca de 6 quilômetros dali, encontra-se o Catetinho, a primeira residência oficial do ex-presidente de Juscelino Kubitschek. O local foi projetado por Oscar Niemeyer e chegou a abrigar oficiais das Forças Armadas durante a ditadura militar do Brasil.

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