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Filho de idosa morta em acidente: “Queria viver até os 100 anos”

Feirante estava em táxi a caminho do trabalho quando veículo foi atingido por outro, em alta velocidade, no Eixo Monumental, nesse domingo

atualizado

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Maria do Carmo
1 de 1 Maria do Carmo - Foto: Imagem cedida ao Metrópoles

Parentes, amigos e colegas de trabalho se despediram, na tarde desta segunda-feira (23/12/2019), de Maria do Carmo Nascimento Santos, 85 anos, no Cemitério Campo da Esperança da Asa Sul. A idosa morreu após o táxi em que estava ser atingido por outro veículo no Eixo Monumental, na manhã de domingo (22/12/2019).

Em entrevista ao Metrópoles, Sérgio Nascimento dos Santos, filho da feirante e pastor evangélico, afirmou que a mãe fazia aquele trajeto com o mesmo taxista todos os domingos havia 10 anos.

“Eu não podia levá-la pela manhã, pois, como sou pastor, coincidia com o horário dos cultos. Era uma mulher lutadora, tanto é que aos 85 anos estava indo trabalhar. Ela lutou e venceu, pois se agarrou aos sonhos”, disse.

Sérgio lamentou a perda precoce da mãe: “Brinquei que ela estava chegando aos 95 anos: ela ficou brava, disse que queria viver até os 100. Gostaria que ficasse mais tempo. [A morte foi] fora de hora”.

O pastor agora quer punição ao culpado. “Quem fez o que fez será achado. Se não for pela Justiça, será por Deus. Quem planta, colhe. Minha alma está em paz. Agora, é dar continuidade ao legado que ela deixou.”

“Manobra irregular”

Uma testemunha do acidente disse à Polícia Civil que o taxista que transportava a idosa fez uma “manobra irregular”, ao cruzar todas as faixas do Eixo Monumental de uma só vez. Nesse momento, foi atingido pelo Golf, que, segundo afirmou o delegado aposentado, estaria em alta velocidade. A tragédia ocorreu na manhã desse domingo (22/12/2019).

O delegado disse que, primeiro, auxiliou o taxista. De acordo com ele, apesar de “atordoado”, o homem estava consciente. Depois, viu que havia uma senhora caída no assoalho do banco traseiro do táxi com dificuldades de respirar. Acionada, uma equipe da PM chegou em seguida. A testemunha ressaltou que seguiu pelo Eixo Monumental de bicicleta e viu o Golf, cujos ocupantes fugiram do local sem prestar socorro a Maria do Carmo, em um dos estacionamentos da parte de trás do Conic.

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O delegado aposentado chegou a dizer que havia garrafas long neck de cerveja ao lado do carro. A PCDF investiga se o condutor do Golf estava embriagado no momento do acidente.

Versão do taxista

O taxista, por sua vez, disse que conduzia o veículo quando, na altura do Brasil 21, ao cruzar as vias do Eixo Monumental, e quando já estava na quinta faixa de rolamento, seu carro foi atingido pelo Golf preto.

Ele afirma que o carro “surgiu repentinamente”, impedindo-o de evitar a colisão. Em seguida, chegou o socorro do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e do Corpo de Bombeiros.

O veículo envolvido no acidente tem placa de Valparaíso de Goiás e foi encontrado pelos PMs. O proprietário do automóvel é empresário e dono de restaurante na Vila Planalto. Os ocupantes do carro devem prestar depoimento na 5ª Delegacia de Polícia (área central) nesta segunda-feira (23/12/2019). O veículo está no pátio da unidade, que investiga o acidente.

Família pede justiça

Antes do enterro, o corpo de Maria do Carmo foi velado na Igreja Metodista, na 610 Sul. Atônitos, ainda sem conseguir acreditar na morte da artesã, familiares e amigos da vítima fizeram orações no templo religioso que ela frequentava e lembraram de sua força e generosidade.

Segundo o neto da artesã Henrique Camargo dos Santos, 32, apesar da idade, Maria do Carmo era “muito ativa”. “Minha avó sempre foi muito forte. Ela é nordestina e veio para Brasília ganhar a vida. Saiu do nada e criou família aqui. Passou por tudo com muita resiliência”, disse o homem, que é pastor.

Divorciada, Maria do Carmo deixa dois filhos e cinco netos. De acordo com Henrique, ela morava sozinha em um apartamento na Asa Sul e pegava carona todos os dias para o trabalho, na Feira da Torre. “Ela já tinha o contato desse taxista. Então, sempre o chamava, já que não dirigia”, afirmou.

Conforme o pastor, a família espera que “justiça seja feita”. “Não vamos ficar caçando um culpado agora. Mas queremos que quem fez isso seja responsabilizado pelo menos”, afirmou.

“Muito generosa”

A artesã Francisca Maria da Conceição Rocha trabalha na banca vizinha à de Maria do Carmo, na Feira da Torre. Nesse dia 22, ela
completou seu 57° aniversário e esperava comemorá-lo ao lado da amiga. “Já cheguei pensando que poderia brincar com ela, rir. Mas então tive essa notícia. Fiquei sem acreditar. Ela levava cafezinho para todo mundo. Fazia parte da nossa família. É alguém inesquecível e que vai fazer muita falta”, lamentou a amiga.

Segundo o casal Ana Rodrigues e Edilson da Silva, ambos de 57 anos, “toda a feira está triste” com a morte da idosa. “Eu a conheço desde 2011. Era uma pessoa muito boa, se preocupava com o próximo. Se alguém estava precisando de algo, ela oferecia ajuda. Muito generosa mesmo”, comentou o homem, que trabalha em uma banca de móveis artesanais no local.

“Era muito querida por todos. Quando aconteceu, todo mundo já ficou sabendo, porque foi ali perto. Desde então, está todo mundo triste por lá, porque ela era muito conhecida”, disse Ana, com lágrimas nos olhos.

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