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Família dá adeus à mulher que caiu da janela de UPA no DF: “Gritou 20 minutos por socorro”

Para a família de Cidalva Guedes, houve omissão e negligência durante tratamento da paciente, que sofreu traumatismo craniano após queda

atualizado

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Milena Carvalho/Metrópoles
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1 de 1 velório (1) - Foto: Milena Carvalho/Metrópoles

A cozinheira Cidalva Prates Guedes, 53 anos, teve o corpo velado, na manhã desta quinta-feira (16/3), no Cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul. Em reservada, amigos e familiares deram o último adeus à mulher.

Lembrada por ser “alegre”, “companheira”, “divertida” e “cheia de vida”, a família ainda busca explicações para a morte de Cidalva.

Cidalva morreu após cair da janela da unidade de pronto-atendimento (UPA) de Ceilândia, onde estava internada para tratar uma dengue hemorrágica. A mulher despencou de 2 metros de altura e sofreu traumatismo craniano severo.

“Nós queremos justiça. Minha mãe era uma mulher saudável, nova, feliz e com muita vontade de viver. Deixamos ela na UPA para tratar da dengue, e não me deixaram ficar. O mínimo que esperávamos é que a unidade de saúde desse assistência”, reclamou Andressa Guedes, filha de Cidalva.

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Andressa contou ao Metrópoles que a família só recebeu apoio da Polícia Civil do DF, responsável pela investigação do caso. Andressa lamenta que, desde a morte da mãe, não recebeu ligação do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (Iges-DF).

“Nunca me procuraram e nunca deram explicação de nada. Nós estamos sem respostas. O atestado de óbito da minha mãe é de traumatismo craniano e causa contundente, por causa da queda. A informação que nós tivemos é de que minha mãe ficou 20 minutos gritando por socorro antes de cair. Como não a ajudaram?”, questionou Andressa.

Segundo Andressa, a equipe da UPA informou que a paciente teria tido um surto, um delírio, e pulado da janela.

“Minha mãe nunca apresentou surtos ou delírios. Talvez aconteceu por causa dos remédios, mas ela devia estar sendo vigiada”, ressaltou a filha.

Cidalva era mãe de quatro filhos e estava à espera do quinto neto. “Era a paixão da vida dela. Minha mãe estava tão feliz esperando o netinho, agora não vai nem conhecê-lo”, lamentou.

O caso

Segundo a família da vítima, em 24 de fevereiro, Cidalva não se sentia bem e foi para a unidade básica de saúde (UBS) de Samambaia, onde recebeu o diagnóstico de dengue. No entanto, não foi internada e recebeu orientação para seguir o tratamento em casa. O quadro não melhorou, a paciente passou a reclamar de dores abdominais e apresentou sangramento pelo nariz.

Em 3 de março, Cidalva foi levada pela família para a UPA de Ceilândia. A família queria acompanhar a paciente, mas não teve autorização.

De acordo com os parentes da mulher, a equipe de tratamento informou que Cidalva estava com dengue hepática hemorrágica. Debilitada, a paciente tinha dificuldade para caminhar e se alimentar. Por isso, os familiares receberam a autorização para ficar na unidade.

Na manhã do dia seguinte, Andressa deu banho na mãe e ficou assustada com a fragilidade dela. A família, então, pediu a transferência para um leito de hospital. Parentes conseguiram um vaga no Hospital Universitário de Brasília (HUB), na Asa Norte. No entanto, de acordo com Andressa, a equipe da UPA informou que ela seria mantida na unidade, mas na ala vermelha, recebendo o tratamento adequado.

“A gente deixou nossa mãe lá, bem, para se curar de uma dengue. E ela saiu com traumatismo craniano, porque não cuidaram dela. Não cuidaram dela. Deixaram ela pular, segundo eles, por um delírio. Mas, se uma pessoa está com delírio, porque não amarra, não contém, não ficam olhando?”, desabafou Andressa, em entrevista ao Metrópoles, quando a família denunciou o caso.

De acordo com os parentes, a paciente foi transferida apenas à 0h50 de 10 de março ao Hospital de Base. Chegou ao local por volta das 2h. Na ocasião, os médicos informaram que o estado da paciente era gravíssimo e que ela deveria ter sido intubada logo após a queda.

Cidalva sofreu uma hemorragia cerebral gravíssima, que comprimiu o cérebro dela, segundo exames recebidos por Andressa.

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