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Ex-chefão de cartel do México vira réu na Justiça do DF

Flagrado em hotel de luxo no começo deste ano, Lúcio Rueda Bustos vai responder por uso de documento falso

atualizado

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Lúcio Rueda Bustos
1 de 1 Lúcio Rueda Bustos - Foto: Reprodução

O ex-chefão do tráfico no México virou réu na Justiça por uso de documento falso. Lucio Rueda Bustos está preso desde o dia 27 de fevereiro e, em paralelo à ação penal, é alvo de investigação da Polícia Federal. A corporação quer saber se o homem tem relações com o crime organizado no DF.

Ex-líder do Cartel Juárez, um dos maiores do México, Rueda foi preso pela Polícia Civil do DF (PCDF) em um hotel de luxo da Asa Norte no começo deste ano. A PCDF chegou até ele após denúncia anônima. Os investigadores encontraram o homem na piscina de um hotel localizado no Setor Hoteleiro Norte (SHN), em companhia de cinco amigos. Como portava documentos falsos, acabou detido.

Além do flagrante da PCDF, Rueda tinha mandado de prisão em aberto, também por uso de identidade falsa. O documento expedido pela Justiça de Curitiba (PR) é assinado pelo juiz federal Sergio Moro, atual ministro da Justiça.

A suspeita é que o mexicano tenha envolvimento com lavagem de dinheiro e tráfico de drogas na capital federal. Desde a prisão, a Polícia Federal pediu o compartilhamento das informações, mas depois assumiu o caso. O celular que Lucio Rueda usava foi apreendido pela PCDF, e o conteúdo, extraído e encaminhado à PF.

Prisão
De acordo com o diretor adjunto da Divisão de Repressão a Sequestros (DRS), delegado Luiz Henrique Dourado, policiais civis investigavam o grupo, que estava hospedado havia dias no hotel. Eles chamaram atenção porque consumiam produtos de alto valor, gastavam com garotas de programa e sempre pagavam tudo em dinheiro.

“Contaram versões divergentes. Eram dois mexicanos e mais quatro pessoas de outros estados. Desconfiamos e os levamos para a delegacia. Ao checar a documentação, vimos que Lucio Rueda estava com a identidade e a habilitação fraudadas. Além disso, encontramos R$ 34 mil em espécie no quarto dele. Também localizamos joias”, explicou Dourado no dia da prisão.

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Após ser preso, Lucio Rueda Bustos, o segundo na hierarquia do cartel, afirmou em depoimento que tinha dois nomes e todos seus documentos eram verdadeiros. “Ele é frio e mente com facilidade”, descreveu o delegado. O suspeito passou por audiência de custódia em 28 de fevereiro e a prisão em flagrante foi convertida em preventiva.

Operação Zapata
O cartel do qual Rueda fazia parte chegou a movimentar US$ 200 milhões por semana e era responsável por 50% dos entorpecentes que entravam nos Estados Unidos. A Ciudad Juárez fica na fronteira com o México, mas era pelo ar e por navios que a droga chegava aos EUA.

Rueda responde a uma série de ações penais na Justiça, entre elas, as que resultaram em desdobramentos da Operação Zapata, que culminou na prisão do acusado em 2006. Os processos foram instaurados para o sequestro e confisco de carros de luxo e imóveis, adquiridos por meio do tráfico internacional de drogas.

Os bens foram colocados no nome da mulher do traficante, Cíntia Plascencia, com o intuito de dar aparente legalidade à origem do dinheiro. Ainda em 2006, Rueda recebeu a sentença do então juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, Sergio Moro, de 10 anos e 6 meses de prisão. Ele cumpriu 4 anos e foi solto.

O ex-líder do cartel veio para o Brasil em 2002 para lavar dinheiro no interior do Paraná, onde adquiriu vários imóveis. Na época, ele desembarcou em Curitiba com US$ 30 milhões.

Ao ser preso, o ex-chefão se identificou como Ernesto Plascencia San Vicente, apresentando um documento fraudado, retirado a partir de uma certidão de nascimento falsa.

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