metropoles.com

Servidora mantida refém no Entorno: “Minha calma me manteve viva”

Agente ficou por quatro horas e meia nas mãos de menor em Formosa. Categoria denuncia falta de efetivo e más condições de trabalho

atualizado

Compartilhar notícia

Istock
WhatsApp Image 2017-08-24 at 19.39.26
1 de 1 WhatsApp Image 2017-08-24 at 19.39.26 - Foto: Istock

A servidora Maria da Conceição Oliveira, 31 anos, viveu horas de pavor nesta semana. Ela ficou em poder de um adolescente infrator, com um vergalhão de ferro apontado para o seu pescoço. A mulher contou ao Metrópoles como sobreviveu. “Foi a minha calma que me manteve viva.”

Ela foi rendida na segunda-feira (21/8) pelo menor no momento em que entregava comida e remédios aos internos do Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) de Formosa, no Entorno do Distrito Federal. A negociação para libertar a servidora durou quatro horas e meia e mobilizou uma juíza da Vara da Infância e da Juventude, um promotor, policiais militares e agentes do Case.

“As alas do Case são escuras. Temos acesso sempre com auxílio de lanternas. Esse menor estava escondido e me surpreendeu quando entrei no local. Ele pulou nas minhas costas e me deu uma gravata”, disse.

O vergalhão com cerca de 30 centímetros usado para ameaçar Maria da Conceição foi retirado da cama da unidade. A mulher conta que a violência foi tanta que o menor chegou a ferir a mão dela para mostrar que era capaz de cometer atos mais graves.

“Ele queria a chave das alas para soltar os outros adolescentes. Reclamou da qualidade da comida e da estrutura. Enquanto eu pedia para ele ter calma, os outros internos mandavam ele ‘não dar mole'”, destacou a agente. A negociação teve êxito após a interferência da família do interno, que ajudou na liberação da servidora.

Condições de trabalho 
A vulnerabilidade dos servidores é uma queixa antiga da categoria. Na próxima segunda-feira (28), o Sindicato do Sistema Socioeducativo do Estado de Goiás (Sindsse) fará uma manifestação pedindo melhores condições de trabalho. Os agentes denunciam a frágil estrutura e dificuldades para desempenhar o trabalho.

“É insalubridade total. Temos que conviver com ratos, pombos e insetos por todo o local. Adolescentes são diagnosticados com doenças contagiosas e nem mesmo nos avisam. Agora, por exemplo, tem um com tuberculose. Não tem álcool em gel para limpar as mãos. Até papel higiênico precisamos levar de de casa. Sem contar que não tem lugar adequado para descanso”, denunciou Maria da Conceição.

À reportagem, um ex-servidor do Case, que não quis se identificar, também levanta outro problema: a falta de efetivo. “São cerca de oito anos sem concurso. Seis agentes para cuidar de 80 menores infratores. É impossível”, disse. Até a última atualização desta reportagem, a Secretaria de Segurança de Goiás não se manifestou sobre o assunto.

 

 

 

Compartilhar notícia