Um misto de dor e revolta marcou o enterro da jovem Letícia Barbosa Mariano, 25 anos, espancada até a morte pelo companheiro Guilherme Nascimento Pereira, 29, em Taguatinga Norte, na madruga de quinta-feira (2/3).
Dezenas de amigos e familiares reuniram-se na tarde desta sexta-feira (3/3) no Cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul, para o adeus.
“A Letícia era um amor de pessoa. Não tinha coragem de levantar a mão para ninguém. Amava cachorros, defendia as irmãs dela, um amor, a melhor pessoa do mundo”, contou, aos prantos, a madrasta Maria Silandia.
Guilherme Pereira foi preso horas depois do crime, em um hotel de Ceilândia, e autuado na 17ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Norte).
“Eu não acredito que a Justiça vá colocar esse monstro na rua”, cobrou a familiar.
Em setembro de 2022, Letícia registrou boletim de ocorrência contra o parceiro por tentativa de feminicídio, em Águas Lindas (GO). A vítima relatou que sofreu violência física e psicológica; por isso, requereu medidas protetivas de urgência.
“Era um relacionamento conturbado. Ele ameaçava ela, ela não podia ter Instagram, mandar mensagem, que ele se achava o dono dela”, acrescenta Maria.

Amigos e parentes choram no velório de Letícia Barbosa Mariano, 25 anos, espancada até a morte pelo companheiro Guilherme Nascimento Pereira, 29Matheus Veloso/Metrópoles

Maria Silandia, madrasta de Letícia, chora no velório da enteadaMatheus Veloso/Metrópoles

“A Letícia era um amor de pessoa. Não tinha coragem de levantar a mão pra ninguém. Amava cachorros, defendia as irmãs dela, um amor, a melhor pessoa do mundo”, conta, aos prantos, a madrasta Maria SilandiaMatheus Veloso/Metrópoles

Dezenas de amigos e familiares reuniram-se na tarde desta sexta-feira (3/3) no Campo da Esperança da Asa Sul para o último adeusMatheus Veloso/Metrópoles

Guilherme Pereira foi preso horas depois do crime, em um hotel de Ceilândia, e autuado na 17ª Delegacia de PolíciaMatheus Veloso/Metrópoles

Letícia já havia denunciado Guilherme por ameaça e lesão corporal. A Justiça indeferiu o pedidoMatheus Veloso/Metrópoles

Velório foi acompanhado por parentes e amigos da vítima

Letícia Barbosa Mariano, 25, e Guilherme Nascimento Pereira, 29, haviam namorado por cinco anos, mas terminaram em junho de 2022Metrópoles

Letícia Barbosa Mariano
Prisão negada
Letícia já havia denunciado Guilherme por ameaça e lesão corporal. A delegada responsável pelo caso pediu a prisão preventiva de homem, mas o Ministério Público entendeu que não havia requisito para a prisão – e a Justiça indeferiu o pedido.
Na decisão obtida pela Metrópoles, o 2º Juizado de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher de Ceilândia diz que não havia informações de que Guilherme teria descumprido medidas de proteção anteriormente pedidas por Letícia e, portanto, não havia necessidade de “custódia cautelar”.
Agressões
À época, Letícia afirmou que sofreu tentativa de feminicídio e requereu medidas protetivas de urgência. Ela alegou que namorou o autor por cerca de cinco anos e terminou o relacionamento em junho de 2022.
Aos policiais, Letícia contou que encontrou Guilherme enquanto caminhava pela rua, e o agressor tentou iniciar uma conversa. Diante da negativa da vítima, ele a acertou com um murro no rosto.
Em 14 de setembro de 2022, o suspeito, extremamente irritado e descontrolado, foi à casa da jovem e começou a gritar: “Desgraçada, desgraçada. Eu quero ver seu Instagram”. Em seguida, puxou os cabelos dela, com bastante violência e a ameaçou: “Eu vou te matar. Eu vou te matar. A sua roupa está muito curta”. O criminoso chegou a pressionar Letícia contra o muro e continuou as agressões, dizendo: “Põe a senha do Instagram, senão eu te bato”.
Apavorada, ela conseguiu se desvencilhar, correr e se abrigar em um salão de beleza. Testemunhas ligaram para a Polícia Militar, que chegou ao local quando o suspeito já havia fugido.
Em depoimento, a jovem reforçou que a conduta do agressor era reiterada e que ela não “suportava mais o abalo psicológico” causado pela situação. Acrescentou que temia pela própria vida, devido ao temperamento agressivo, violento e imprevisível do ex-namorado. Letícia descreveu Guilherme como “profundamente possessivo e ciumento”, e disse que ele não aceitava o fim do relacionamento.
Feminicídio
Na madrugada de quinta, Letícia não teve mais uma chance. A jovem foi encontrada morta dentro do banheiro do apartamento onde morava. Vizinhos da vítima, dizem ter ouvido barulho de briga vindo do apartamento da mulher na madrugada desta quinta.