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“Dor que não cabe”, diz mãe de jovem morto após receber remédio no DF

Cerimônia fúnebre de Herbert Silva, 15 anos, foi tomada por tristeza e incompreensão. Mãe do jovem diz “querer saber a verdade”

atualizado

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Foto: Breno Esaki/Metrópoles
mãe de Herbert sentada no banco com uma blusa e foto do filho
1 de 1 mãe de Herbert sentada no banco com uma blusa e foto do filho - Foto: Foto: Breno Esaki/Metrópoles

Dezenas de parentes e amigos de Herbert de Oliveira da Silva, 15 anos, morto após procurar atendimento médico para um machucado no joelho sofrido durante partida de futebol, velavam o corpo do menino no cemitério de Taguatinga, no Distrito Federal, neste domingo (12/3).

“É uma dor que não cabe em mim. Meu filho era saudável, sem problemas de saúde. Não consigo acreditar no que aconteceu. Ainda estou em choque”, desabafou a mãe do adolescente, Ana Telma de Oliveira, 48.

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Muito abalada, a mãe acrescentou que está sofrendo muito. “O Herbert era um menino alegre, brincalhão, carinhoso e essa quantidade de amigos dele aqui hoje prova isso. Hoje sepulto o meu menino e palavra alguma pode descrever o que sinto nesse momento”, disse Ana Telma.

À reportagem a mulher disse ainda tentar entender o que teria causado a morte precoce do filho e descobrir como lidar com a saudade que ele deixou. “Não estou aqui para acusar ninguém, isso não vai trazer meu filho de volta”, afirmou. “Espero que tenha justiça. Quero a verdade sobre o que aconteceu.”

“O Herbert era um amigão. Eu não consigo descrever o quanto a perda dele dói. Nós perdemos uma pessoa brincalhona, feliz e com quem contávamos sempre que precisávamos. Tá doendo e não é pouco. O que nos consola um pouco é saber que ele está em um lugar melhor”, disse aos prantos Victor Luan, 12 anos, amigo de Herbert

Também amigo de Herbert, Arthur Emanuel, 12 anos, declarou que sempre foram próximos: “Tudo que eu fazia, o Herbert estava comigo. É muito triste saber que não verei meu amigo outra vez. Ele era muito feliz, sempre brincalhão e disposto a ajudar. Agora o que resta é sermos fortes e acreditarmos que ele está em um lugar melhor.”

Neste fim de semana, o time de futebol onde Hebert jogava prestou homenagem ao jovem. Na ocasião, as equipes em campo permaneceram em silêncio antes da partida, e os amigos do adolescente seguraram uma faixa preta demostrando condolência. No fim, e em uma só voz, os jogadores gritaram o apelido pelo qual chamavam o menino e dedicaram o jogo a ele.

Confira as imagens:

Relembre o caso

Herbert recebeu atendimento na madrugada de segunda (6/3) no HRT, e teria recebido analgésico para aliviar a dor. A Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) confirmou o atendimento e, em nota, informou que o paciente “chegou à unidade de saúde com contusão no joelho e leve escoriação na área”.

A pasta acrescentou que o jovem recebeu “medicamento padrão para dor”, mas não informou qual seria o remédio. Na manhã seguinte, segundo a família de Herbert, o jovem apresentou reações ao insumo.

“Quando ele acordou, reclamava de dor no peito”, contou a mãe de Herbert, Ana de Oliveira, 48. “Ele estava se coçando. A pele empolou, e ele foi tomar banho para passar”.

Eles esperaram um dia e procuraram atendimento na UPA de Samambaia, quando o adolescente apresentou piora. Na ocasião, o adolescente também se queixava de dor no tórax e vomitou.

O paciente recebeu classificação de prioridade laranja, o que indica “muita urgência”, e à medida que o atendimento seguia, a situação de Herbert piorava, segundo a família.

Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (Iges-DF), responsável pela administração da UPA, confirmou a piora do quadro do paciente. “[O quadro] evoluiu para insuficiência respiratória, necessitando [o paciente] ser submetido a intubação e ventilação mecânica”, informou a instituição.

Uma hora após receber atendimento, Herbert não resistiu. A certidão de óbito detalha que a causa da morte se deu por “insuficiência respiratória, choque anafilático e pneumonia”.

A família registrou boletim de ocorrência na 26ª Delegacia de Polícia (Samambaia Norte) que irá investigar a causa da morte do jovem.

Sonho de ser jogador de futebol

O adolescente e a irmã gêmea eram os caçulas de cinco irmãos. Entre os familiares, era conhecido por ser uma pessoa extrovertida e sempre alegre.

“É muita falta que ele faz aqui em casa. Herbert era um adolescente feliz, sempre de bem com a vida”, recorda Ana Telma.

Conforme relata a mãe, ele jogava futebol com frequência e tinha o sonho de se tornar um atleta profissional. “Ele dizia que ia me levar junto para o Rio de Janeiro, quando fosse jogar no time do coração dele, o Flamengo”, conta.

Para o tio, Alessandro da Cruz, 27 anos, a saudade também é grande. “Ninguém esperava por essa notícia que isso aconteceria em decorrência de um machucado no joelho”, lamenta.

Ainda, segundo o parente, Herbert era bastante próximo à família. “Ele sempre estava na casa da avó dele, às vezes ia até a casa dela só para dar um abraço. Todo mundo aqui da região gostava muito dele”, disse.

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