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Dor e silêncio no enterro do menino que pode ter sido morto pela mãe

O pai e a avó da criança, de 3 anos, estavam muito emocionados durante o sepultamento ocorrido na tarde desta sexta (29)

atualizado

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Hugo Barreto/Metrópoles
Enterro de menino morto pela mae
1 de 1 Enterro de menino morto pela mae - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

Em clima de muita comoção, o corpo de João Lucas de Pina Feitosa, 3 anos, foi enterrado no Cemitério Campo da Esperança de Taguatinga na tarde desta sexta-feira (29/6). Durante o velório e o sepultamento, o silêncio só foi quebrado por cantos de louvor e o choro de familiares e pessoas mais próximas ao garotinho. Há suspeita de que ele tenha sido morto pela própria mãe, a médica Juliana de Pina Araújo, 34 anos.

Um dos mais emocionados no velório era o pai da criança. O rapaz ficou todo tempo ao lado do caixão branco, chorou bastante e precisou ser amparado. Em depoimento na 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul), Jonathan Feitosa contou que o garoto já havia sido internado com suspeita de intoxicação em janeiro deste ano, após ingerir medicamentos da mãe.

O homem só ficou sabendo disso em maio, quatro meses depois. Juliana não teria contado nada sobre o ocorrido ao ex-marido. “Esse episódio leva a crer que se trata de uma reincidência”, ressaltou o delegado adjunto da 1ª DP, João Ataliba Nogueira, que investiga o caso. Segundo alegação da mãe de João, à época, o filho havia ingerido os remédios por um descuido dela.

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Uma amiga do pai da criança contou que “João era tudo para ele”. “Sempre chegava mostrando fotos e vídeos de algo que ele havia feito”, garantiu. “Quando é alguém mais velho, a gente até espera, porque a morte é algo natural. Mas uma criança, com a vida toda pela frente… Vai ser muito difícil para eles [a família] superar isso”, ressaltou durante o velório.

Ainda em depoimento, o pai de João afirmou ter conhecimento a respeito do problema de depressão enfrentado por Juliana. De acordo com ele, isso teria causado o fim do relacionamento dos dois, por vontade dela, em 2016. Como foi acusado pela ex-mulher de ter praticado abuso sexual contra a criança – embora tenha sido inocentado pela Justiça, segundo contou na delegacia –, ele se distanciou do convívio com o filho. No depoimento, porém, reconheceu que Juliana era uma boa mãe.

A avó do menino, Neila de Pina Araújo, 57 anos, também médica, estava na capela 2, onde João foi velado. Ela não conseguiu acompanhar o cortejo do corpo do neto. Muito emocionada, também precisou ser amparada por familiares. Em alguns momentos se lembrou das músicas que o netinho costumava cantar.

No dia da tragédia, ocorrida na tarde de quarta-feira (27/6) no Bloco J da 210 Sul, onde mãe e filho moravam, a avó ajudou a levar ambos para o Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib), na Asa Sul. A filha sobreviveu. O neto, não.

Segundo funcionários do bloco, o menino e a avó estavam no pilotis na manhã de quarta. Na ocasião, o garoto teria dito para uma auxiliar de serviços gerais: “Tia, deixa eu te ajudar a limpar os vidros?”.

João era considerado muito alegre e brincalhão pelos vizinhos. “Uma criança muito esperta e especial. A mãe era uma pessoa muito educada. A gente imagina que isso possa acontecer com alguém distante, mas nunca com alguém próximo”, disse um empregado do prédio.

A equipe que trabalhava com a doutora Juliana no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) também esteve no cemitério nesta sexta-feira (29). Um dos servidores disse que a médica deu plantão com eles até duas semanas atrás. “É uma pessoa muito profissional e superdócil”, disse sobre a pediatra.

Investigação
A principal linha investigada pela Polícia Civil do Distrito Federal no caso é de homicídio duplamente qualificado (por envenenamento e sem dar chance de defesa à vítima) seguido de tentativa de suicídio. “Principalmente porque a mãe não teria procurado socorrer a criança”, disse o delegado João de Ataliba Nogueira em coletiva de imprensa na tarde dessa quinta (28/6). A hipótese de negligência não é considerada pelo policial.

Juliana está presa preventivamente por decisão da Justiça e segue sob custódia policial na ala psiquiátrica do Instituto Hospital de Base (IHB). Ainda não prestou depoimento. Em busca realizada no apartamento onde ocorreu a tragédia, a polícia encontrou na lixeira e na bolsa de Juliana cartelas de Ritalina e Frontal, remédios de uso controlado. A mamadeira da criança estava em cima da cama, cheia, ao lado do corpo, que não tinha marcas de violência.

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