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Diretoria é acusada de usar recursos do Sinpol-DF irregularmente

Rodrigo Franco e outro dirigente foram denunciados no MPDFT por supostamente pagar despesas pessoais com dinheiro da entidade dos policiais

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
Rodrigo Franco, o Gaúcho, presidente do Sinpol-DF
1 de 1 Rodrigo Franco, o Gaúcho, presidente do Sinpol-DF - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

O fim do processo eleitoral e a posse da diretoria reeleita do Sindicato dos Policiais Civis do Distrito Federal (Sinpol-DF), na última quarta-feira (26/4), não colocaram um ponto final na disputa pelo poder dentro da entidade. A briga extrapolou a instituição e foi parar no Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT).

Um grupo de sindicalizados protocolou, na segunda (24), denúncia de mau uso de recursos do sindicato, como pagamento de custas processuais de cunho pessoal, contratação de escritórios de advocacia e até a compra de passagens aéreas para familiares.

Na denúncia assinada pelo associado Altair Bezerra de Araújo, o grupo pede anulação do resultado da eleição ou cassação do mandato do presidente reeleito Rodrigo Franco (foto de destaque), conhecido como Gaúcho, e de toda a diretoria que tomou posse na última quarta. O grupo evoca o artigo 106 do Estatuto do Sinpol, que versa sobre a “dilapidação do patrimônio social da entidade” e a violação das normas.

Entre os acusados de irregularidades está o diretor do Sinpol Marcos Antônio Campos. Segundo a denúncia, ele teria sido condenado por xingar um sindicalizado, nas redes sociais, que o processou por difamação. Sem acordo, o juiz Pedro de Araújo Yung Tay Neto, do 3º Juizado Especial Criminal de Brasília, determinou que Marcos pagasse indenização de R$ 1.760 para a vítima. A decisão, de 9 de junho de 2016, deu prazo de 60 dias para o cumprimento da determinação judicial.

De acordo com a denúncia, a indenização teria sido paga no dia 26 de julho do mesmo ano com recursos do sindicato. Porém, na planilha de controle financeiro do Sinpol, o pagamento estaria descrito como “TJDFT, pagamento de custas judiciais”, com data de 27 de julho.

Rodrigo Franco também teve o nome apontado nos documentos entregues ao MPDFT. Segundo os denunciantes, Gaúcho teria contratado, por R$ 3 mil, o escritório de advocacia particular Machado Gobbo para defendê-lo em uma ação contra o ex-presidente do sindicato Ciro de Freitas. Isso foi feito mesmo com sindicato tendo um corpo jurídico para atuar na defesa dos associados.

Passagens
Outra denúncia versa sobre a compra de passagens aéreas para Rodrigo Franco e o filho retornarem de Porto Alegre a Brasília, em janeiro deste ano, para uma reunião de emergência com o governador Rodrigo Rollemberg (PSB).

Segundo as informações levadas ao MPDFT, o valor pago teria sido de R$ 2.400. Para os denunciantes, além de desembolsar recursos do sindicato para bancar a viagem pessoal, o presidente do Sinpol não precisava ter retornado, uma vez que o vice poderia representá-lo no encontro.

De acordo com a denúncia, todos os gastos teriam sido levados às reuniões do conselho do sindicato, onde Franco tem a maioria dos votos, e aprovados.

Outro lado
Em nota, o Sinpol-DF informou que todas as despesas relacionadas na denúncia fazem parte da prestação de contas da entidade, que será realizada no mês de maio em assembleia específica, e estão em conformidade com o estatuto social.

Afirmou, ainda, que toda a prestação de contas e gastos do sindicato está no site da entidade. A direção destaca que não vê motivo para uma renúncia ou para a perda de mandato.

Estranha-se, no entanto, que a narrativa apresentada, mesmo sem denúncia formal junto ao Sindicato, seja divergente dos fatos e que se apegue a questões com o único objetivo de deflagrar nova eleição – mesmo esta tendo acabado de ocorrer, com vitória, em primeiro turno, da atual gestão

Trecho da nota divulgada pelo Sinpol-DF sobre o caso

Eleições
As eleições no Sinpol-DF ocorreram em 7 de março. Seis chapas participaram da disputa, em meio a rixas internas e entraves com o governo. A categoria é uma das mais politizados do DF e conta com cerca de 8,2 mil servidores ativos e aposentados da Polícia Civil.

A apuração final contabilizou 3.121 votos, sendo 1.561 para o grupo de Rodrigo Franco. O segundo colocado recebeu 461 votos.

A reeleição de Franco foi cercada de ataques à postura considerada “inflexível” do dirigente, como sua atuação nas negociações salariais com o GDF.

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