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DF: estagiários de saúde reclamam de falta de informação para a vacina

Secretaria diz que estudantes já são contemplados. Eles, porém, relatam não conseguir agendamento e não ter dados sobre critérios básicos

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
Enfermeira prepara vacina contra Covid-19
1 de 1 Enfermeira prepara vacina contra Covid-19 - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Mesmo incluídos no grupo prioritário da vacinação contra Covid-19 no Distrito Federal, estudantes da área de saúde em estágio hospitalar encontram dificuldades para ter acesso aos imunizantes. Segundo conselhos regionais de saúde do DF, as entidades recebem, cada vez mais, reclamações dos acadêmicos sobre falta de transparência na campanha distrital de imunização.

Ao Metrópoles, a Secretaria de Saúde informou que “podem ser vacinados estudantes da área técnica em saúde em estágio hospitalar, atenção básica, clínicas e laboratórios”, mas não informou detalhes. Na página da secretaria onde constam informações sobre o público-alvo da campanha, no entanto, não há menção aos alunos.

Na segunda-feira (12/4), a SES-DF reabriu o agendamento da vacinação contra Covid-19 de profissionais de saúde da rede privada. No site, dizia que entre os grupos que poderiam marcar data e horário para a imunização estavam os “acadêmicos da saúde”. Contudo, muitos não tiveram os CPFs reconhecidos ao tentar agendar.

Veja, abaixo, o que dizia na página:

De acordo com a Associação dos Estudantes de Medicina do DF (Aemed-DF), a informação recebida pela entidade foi de que somente alunos do internato (5º e 6º ano do curso) estariam sendo contemplados neste momento. Estagiários de hospitais, que estão entre o 1º e o 4º ano de medicina, ainda não estariam tendo acesso à marcação.

“Professores entraram em contato para que a gente tentasse o agendamento, mas não foi possível”, reclamou a vice-presidente da Aemed-DF, Gabriella Toledo.

Segundo Marco Antônio dos Santos, presidente do Conselho Regional de Odontologia do DF (CRO-DF), alguns alunos que estagiam em hospitais também tentaram, sem sucesso, o agendamento. “Recebemos várias ligações por conta dessas dúvidas. A informação que tivemos foi que quem poderia agendar eram só os alunos de escolas da Fepecs (Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde)”, disse.

“Entendemos que a Secretaria deveria divulgar com antecedência as categorias que serão contempladas em cada lote de vacina, de forma bem especificada, para não criar expectativa nas pessoas”, considerou o presidente do CRO-DF.

Alberto César da Silva Lopes, vice-presidente do Conselho Regional de Enfermagem do DF (Coren-DF), narra que a entidade também foi procurada diversas vezes nesta semana por alunos que não conseguiram se cadastrar. “A Secretaria de Saúde colocou no site do agendamento que estavam incluídos os ‘acadêmicos da saúde’. Aí, todo mundo entrou, porque eles não especificam quem são estes.”

“Outro problema é que eles não inseriram alunos de cursos técnicos. Os estudantes tentavam entrar e aparecia que o CPF não estava cadastrado”, acrescentou.

Dúvidas

Está prevista a chegada, até esta sexta-feira (16/4), de mais 72,8 mil doses de vacinas contra a Covid-19 ao Distrito Federal. Dessa forma, o governo vai ampliar a campanha para pessoas com 64 e 65 anos, além de imunizar mais profissionais de saúde e das forças de segurança.

Com isso, novo agendamento deve ser reaberto em breve para trabalhadores da saúde, mas as dúvidas permanecem entre os estagiários.

O estudante Marcos Antônio Josué, 30, é aluno do 7º semestre de odontologia. Ele estagia no Hospital Militar de Área de Brasília (HMAB) e diz que acordou cedo na segunda-feira para tentar uma vaga no site de agendamento da vacina, mas sem sucesso.

“Levantei às 5h para garantir. Na página, estava aparecendo ‘acadêmicos da saúde’, então, já pensei que poderia ser a minha vez. Só que, quando abriu, coloquei meu CPF e informou que não foi localizado”, contou.

Para o estudante, falta planejamento na campanha distrital de vacinação. “São mais de 2 mil alunos que exercem a graduação em odontologia no DF. A gente faz atendimento gratuito, mexe com a boca da pessoa… Se um aluno pega [Covid], leva para a família. Depois, tem contato com o paciente e vira uma bola de neve”, enfatizou.

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O que diz a Saúde

De acordo com a Secretaria de Saúde, o agendamento na segunda-feira foi direcionado às categoriais que ainda não atingiram 30% do total de vacinados. “A medida foi tomada em conjunto com as entidades e os conselhos das respectivas profissões. O objetivo é equilibrar a imunização das diferentes categorias. Algumas atingiram 50% do total de profissionais, enquanto outras estão abaixo de 10%. É importante que o fim do processo de imunização ocorra ao mesmo tempo para todas as categorias”, informou, em nota.

A vacinação de acadêmicos da saúde começou em 30 de março, segundo a pasta. Sobre isso, o Metrópoles procurou a SES-DF para detalhar quais estudantes da área podem, neste momento, receber a vacina contra o novo coronavírus.

A reportagem questionou alguns detalhes que precisam ser especificados, como: há diferenciação entre estagiários e internos para serem contemplados na campanha? Alunos de quais cursos estão inseridos? Podem ser vacinados somente aqueles que atuam diretamente com pacientes com Covid-19, ou todos aqueles que realizam estágio hospitalar? Tanto estudantes que atuam na rede pública quanto na rede privada fazem parte do grupo prioritário? Quais são os critérios para estes acadêmicos conseguirem a imunização?

O Metrópoles questionou, ainda, o número de vagas disponibilizadas para estes estudantes no agendamento aberto na segunda-feira. No entanto, a secretaria não respondeu nenhuma das perguntas enviadas por e-mail. O espaço permanece aberto para manifestação posterior.

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