Milene Alves Silva, 20 anos, está desesperada. Desempregada desde 26 de julho, quando não teve o contrato de auxiliar de serviços gerais renovado, a jovem passou a se colocar à disposição para arrumar o cabelo ou as unhas em troca de comida e fraldas. Ela precisa de recursos para as filhas Ester, de 3 anos, e Aline, 2.
A ideia surgiu no último dia 2. Depois de entregar o currículo em vários lugares e não ter recebido resposta, Milene decidiu divulgar suas especialidades nos quatro grupos do bairro de Ceilândia em que mora, o P Sul. “Foi a saída que encontrei para tentar conseguir me sustentar. Como sei que muita gente acaba não querendo pagar pelos serviços, mesmo quando eu cobro R$ 10, que não pagam nem os produtos, ofereci a troca por alimentos”, conta.
Autodidata, ela diz que nunca teve dinheiro para pagar algum curso de aperfeiçoamento. Todo o conhecimento, tanto para fazer as unhas quanto para cuidar de cabelos, foi adquirido em vídeos na internet. “Fui aprendendo sozinha. Testava na minha mãe e na minha irmã até pegar a prática e me sentir segura para fazer em outras pessoas.”
Publicação de Milene nas redes sociais:

A necessidade de emprego veio logo aos 16 anos, quando teve a primeira filha, Ester. Além dos serviços de beleza, ela chegou a ser balconista em uma padaria e, mais recentemente, trabalhou por três meses como auxiliar de serviços gerais. “Infelizmente, depois que passou o período de treinos, eu e a maioria das pessoas fomos dispensadas. Neste momento estou desesperada”, conta.
Com o marido também desempregado e o aluguel vencido desde a última quarta-feira (07/08/2019), Milene não vê outra saída, a não ser deixar o pequeno imóvel onde mora. “A solução é eu voltar com minhas filhas para a casa da minha mãe, e meu esposo, para a dele. Vamos ficar longe um do outro, mas é o jeito de conseguirmos economizar”, explica.
A mudança, no entanto, não será fácil. De acordo com a mãe dela, Marlene Alves Veloso, 47, na casa não cabe mais ninguém. Também desempregada e sobrevivendo com apenas R$ 200 por mês – valor referente à pensão que recebe –, ela não sabe como será possível sustentar todos. “A situação já está complicada e vai ficar ainda mais difícil. Quem me ajudava era a Milene, que comprava o gás e me dava R$ 100.”

Milene com as filhas Alice e Ester Alves Silva. Ela fez postagens no Facebook para anunciar que trabalha em troca de comidaJP Rodrigues/ Metrópoles

Sem gás há três semanas, Milene está usando um forno elétrico que dá choque sempre que ligado na tomadaJP Rodrigues/ Metrópoles

Agora, a família precisa voltar a morar com a mãe de MileneJP Rodrigues/ Metrópoles

Milene oferece serviços de escova e hidratação no cabeloJP Rodrigues/ Metrópoles
Necessidade
Mesmo tendo conseguido várias curtidas e comentários positivos nas postagens que fez, Milene conta que, até o momento, apenas três pessoas marcaram com ela. “Uma cliente trouxe algumas verduras, outra pessoa fez a doação de alimentos. Até agora, foi isso”, resume.
Apesar de ser grata pela ajuda, o que ela arrecadou até então é muito pouco. Sem gás em casa há três semanas e recebendo do açougue carne que seria descartada aos cachorros, ela não sabe o que pode fazer caso mais pessoas não se interessem pelo trabalho dela. “Até a lâmpada da sala já queimou e não a trocamos. Preciso de arranjar algo o mais rápido possível”, diz.
Quem estiver interessado na prestação de serviços de Milene pode entrar em contato com a jovem por meio do número (61) 99659-6800.