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Deputado defende shows para mais de 500 pessoas com comprovante de vacina no DF

Após reuniões com o setor, líder do governo na CLDF enviou proposta ao Palácio do Buriti, mas infectologistas reprovam flexibilização

atualizado

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1 de 1 aglomeração - Foto: Divulgação/PMDF

O líder do governo na Câmara Legislativa (CLDF), deputado distrital Hermeto (MDB), encaminhou proposta ao Palácio do Buriti solicitando a flexibilização dos protocolos sanitários contra Covid-19 para shows musicais. O parlamentar defende a liberação de eventos musicais com mais de 500 pessoas, conforme a apresentação de comprovante de vacinação ou testagem (RT-PCR), coletada pelo menos 48h antes da apresentação.

A proposta contempla casas noturnas e de shows, além de bares e restaurantes com reprodução musical. Hermeto apresentou a proposta após reuniões com empresários do setor. Do ponto de vista do segmento, sem a flexibilização, empreendimentos fecharão as portas.

Mas, para infectologistas, a cobertura vacinal completa do DF ainda é baixa, e a pandemia não está controlada.

“Alguns empresários nos procuraram desesperados porque terão de demitir muita gente, caso não possam continuar fazendo eventos. Eles são grande geradores de empregos; por isso, responsáveis pelo sustento de milhares de famílias”, argumentou Hermeto.

“Temos um bom exemplo recentemente, que foi o jogo do Flamengo. O evento teve um público de milhares de pessoas e foi superseguro, pois exigiu a testagem das pessoas”, destacou.

Veja a proposta enviada ao Buriti:

Segundo o presidente regional da Associação Brasileira dos Promotores de Eventos (Abrape), Aci Carvalho, o segmento está paralisado desde março de 2020. O setor defende a equiparação das regras sanitárias com as estabelecidas para atividades irmãs, como teatros, eventos corporativos, formaturas, aniversários, casamentos e cinemas.

No caso de shows de menor porte, o setor pede isonomia com restaurantes, cinemas e teatros . “Ou seja, shows sentados, com distanciamento, sem necessidade da vacinação ou teste, já que esses outros estabelecimentos também não exigem vacinação ou teste”, explicou.

No caso de shows de maior porte, inicialmente, o segmento defende liberação com teste de 48h ou vacinação em duas doses, com público sentado com distanciamento e demais protocolos.

“O sonho do setor era ter autorização para shows na íntegra com as pessoas, como ocorriam normalmente, para vacinados ou testados. Porém, nós temos de apresentar soluções paliativas”, reconheceu.

Ficção

Pelo diagnóstico de José David Urbaez, diretor científico da Sociedade de Infectologia do DF, a pandemia ainda não está controlada; por isso, ainda não é o momento para uma flexibilização desse porte. “Infelizmente, nós estamos com uma ficção de uma pandemia sob controle. Em uma pandemia sob controle, você começa a debater essa abertura”, defendeu.

Segundo o especialista, o debate sobre protocolos de segurança não pode se limitar a esquema vacinal completo. “Porque a vacina não protege contra a transmissão. Ela protege contra casos graves, internações e óbitos”, ressaltou. Nesse contexto, o DF ainda tem um nível de transmissão elevado e persistente, com viés de elevação.

“Estamos vendo 800, 700 casos novos por dia. Se tivéssemos 100, 50, 20 casos por dia, poderíamos fazer um tipo de flexibilização um pouco mais ousada. E, quando a variante Delta toma conta, vemos o Rio de Janeiro. Depois que se instala a epidemiologia de uma nova variante novamente, entramos na fase aumento progressivo e exponencial”, contextualizou.

Para Urbaez, esse tipo de experimento poderia ser feito pelo governo, mas com a testagem de antígeno rápido antes do ingresso do público no recinto.

Segundo o especialista, esse tipo de flexibilização só poderia ser debatida com a vacinação completa da população. “A cobertura vacinal está muito reduzida. A gente está em 28%, 29%. Até lá, não temos tecnicamente como sustentar essa flexibilização. E criticamos muito intensamente esse tipo de atitude intempestiva”, lamentou.

GDF

Em nota, o Governo do Distrito Federal (GDF) informou que as medidas vigentes, por meio de decretos, levam em consideração diversos indicadores levantados pelas áreas técnicas da Secretaria de Saúde, entre eles a taxa de transmissão do novo coronavírus, a taxa de ocupação de leitos de UTI e a média móvel no número de casos e de óbitos registrados no DF.

A pasta da Saúde, porém, não tem conhecimento detalhado da proposta do parlamentar.

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