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“Estou destruída”, diz moradora ao assistir prédio ser demolido no DF

Grupo de moradores acompanha ação de derrubada, coordenada pela Defesa Civil do DF. Prédio ruiu parcialmente em 6 de janeiro, em Taguatinga

atualizado

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Hugo Barreto/ Metrópoles
Mulher com casaco de capuz cinza
1 de 1 Mulher com casaco de capuz cinza - Foto: Hugo Barreto/ Metrópoles

Moradores do prédio que desabou parcialmente em Taguatinga Sul, em 6 de janeiro, acompanham a demolição do edifício, na manhã nesta quinta-feira (2/3). O grupo assistiu as retroescavadeiras derrubarem o local com um misto de sentimentos ao ver a cena: alívio e tristeza.

“A gente tinha esperança de pegar alguma coisa, mas os ladrões levaram tudo. É um alívio [ver a demolição]”, lamenta a ex-moradora do edifício Mônica dos Santos, 36 anos.

Vídeo: veja o momento em que prédio desaba no Distrito Federal

Atualmente desempregada, Mônica conta que pediu dinheiro emprestado para pagar o aluguel da casa onde passou a morar após o incidente. “Estava morando de favor na casa de uma amiga, lá era muito apertado”, conta. Hoje vive das doações que recolheu e procura uma vaga no mercado de trabalho.

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Outra inquilina do prédio que acompanhava a ação da Defesa Civil do DF na manhã desta quinta é Solange Martins, 41 anos. A auxiliar de cozinha mudou-se para Brazlândia por conta do alto valor do aluguel na região onde morava até o dia 6 de janeiro. Ela precisa de um lugar relativamente maior, por morar com os 4 filhos. “Meu sonho que eu conquistei em três anos acabou em um segundo, tudo ficou lá dentro”, reclama. “Documentos meus, dos meu filhos, exames, estão todos lá dentro. Como é que eu vou correr atrás disso agora?”, questiona.

A Defesa Civil não autorizou a entrada de nenhuma pessoa, nem mesmo do CBMDF, após o desabamento parcial do edifício, na primeira semana do ano.

Feliz por ter o coelho resgatado do local, Larissa Gonçalves, 25 anos, ainda não se conformou com a situação. “Estou destruída por dentro. É como se não existisse mais eu, como se eu estivesse sonhando. Eu nasci de novo”, desabafa ao olhar o prédio ser demolido.

Ela conta que o trabalho de corretora de imóveis é o que mantém sua vida de pé. “Estou tendo que recomeçar. Infelizmente, é a realidade”, conta. A ex-moradora do edifício estava na Bahia quando soube da tragédia. Hoje, ela mora em outro apartamento em Taguatinga.

“Bem sucedida”

A Defesa Civil do Distrito Federal avalia que a operação de demolição desta quinta-feira (3/2) “está sendo bem sucedida”. O prédio que desabou em Taguatinga Sul em 6 de janeiro é derrubado por retroescavadeiras. Todo o processo – demolição, retirada dos entulhos e limpeza do local – deve terminar em 15 dias.

Segundo Edwin Franco, chefe da Defesa Civil, é esperado que a operação de derrubada seja finalizada em 48 horas. “Pode ser que termine hoje. O serviço está sendo bem conduzido, mas a avaliação inicial da empresa contratada é de dois dias”, avalia.

“Em relação aos escombros, o serviço é um pouco mais demorado. Serão utilizados caminhões para a retirada dos entulhos. A previsão inicial da empresa é de, pelo menos, 15 dias”, completa.

O coronel reforça que a Defesa Civil, juntamente com outros órgãos do DF, acompanha o serviço para que o trabalho possa ser executado com toda a segurança.

A demolição do prédio começou às 9h10 desta quinta-feira (3/2). Mesmo com as fortes chuvas que atingiram a região durante a madrugada e manhã, os trabalhos foram iniciados com o uso de escavadeiras.

“Duas máquinas farão o escoramento nas extremidades do edifício, enquanto outra faz a demolição pelo centro. O entulho será jogado para que ela alcance lugares mais altos”, explicou o tenente do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal (CBMDF) Marcelo de Abreu.

Veja o início dos trabalhos nesta quinta-feira:

A manicure Cristiane Nascimento, 43 anos, ex-moradora do edifício, acompanha a demolição. “É o fechamento de um ciclo. Hoje, a sensação é de liberdade, de uma coisa que não tem volta”, afirmou.

“Nunca mais eu moro num apartamento, hoje só quero morar em casa no térreo. E verei se ela tem risco de cair. A gente só tem a agradecer pela vida de todos porque a tragédia poderia ter sido muito maior. Também queria agradecer ao CBMDF, pela agilidade na hora da evacuação, bem como a Defesa Civil e a população de Brasília, por ter sido tão generosa”, agradeceu.

Por volta das 9h40, o serviço precisou ser interrompido temporariamente por causa de um botijão de gás que rolou para fora do prédio. O CBMDF informou que, toda vez que forem derrubar uma cozinha, farão a conferência de itens semelhantes. A operação foi retomada minutos depois.

Etapas

De acordo com a assessoria do dono do prédio, a previsão é de que todo o processo dure cerca de um mês e não 15 dias como afirma a Defesa Civil. Diversos caminhões farão o encaminhamento dos escombros para um local adequado.  Em seguida, será realizada a limpeza do terreno.

Desde a última segunda-feira, a empresa contratada prepara o local. Máquinas retiram os entulhos da frente do edifício ao longo da semana.

Toda a rua ao longo da construção foi interditada para garantir a segurança de todos os envolvidos no trabalho.

Os detalhes foram definidos durante uma reunião ocorrida entre a Defesa Civil, o proprietário do prédio e a empresa contratada para executar o serviço. Ficou definido que, além da Defesa Civil, darão suporte aos trabalhos a Polícia Militar (PMDF), o CBMDF e o Serviço de Limpeza Urbana (SLU).

Cerca de 100 moradores foram retirados às pressas do prédio pouco antes de a estrutura desabar. O CBMDF fez a evacuação, após acionado pelos próprios residentes.

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