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Com prédio próprio, DF gasta milhões em aluguel para estocar merenda

Apenas em 2022, Secretaria de Educação gastará R$ 2,2 milhões com aluguel. Para o CAE, dinheiro público está sendo desperdiçado

atualizado

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Hugo Barreto / Metrópoles
Unidade 3 da Secretaria de Educação - Metrópoles
1 de 1 Unidade 3 da Secretaria de Educação - Metrópoles - Foto: Hugo Barreto / Metrópoles

Mesmo tendo espaço próprio, a Secretaria de Educação decidiu alugar um novo prédio para armazenar a merenda das escolas públicas do Distrito Federal. Apenas entre janeiro de 2019 e março de 2022, foram gastos com aluguel para esta finalidade R$ 3.152.487,01.

Os alimentos dos estudantes eram, inicialmente, estocados em um galpão na Unidade 3 da pasta (foto em destaque), localizada no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA).

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No entanto, segundo servidores revelaram ao Metrópoles, há aproximadamente 8 anos a secretaria decidiu transferir a merenda para um espaço alugado.

Na época, o galpão público precisou passar por uma dedetização para extermínio de ratos. A medida seria temporária e o aluguel suspenso após o controle dos roedores. Mas os gestores da pasta não retornaram o estoque ao antigo espaço e mantiveram o contrato vigente.

Para o ano letivo de 2022, a secretaria fechou contrato para o estoque da merenda com a empresa Lotus-DF Consultoria em Logística Eireli. O valor do aluguel é de R$ 2.267.881,88.

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Segundo dados oficiais da Secretaria de Educação, em 2019, foram gastos R$ 1.376.623,70. Em 2020, R$ 475.678,63. Ao longo de 2021, o gasto foi de R$ 819.692,84 pagos à empresa Transfer Logística e Transportes.

Economia perdida

Para os servidores, a Unidade 3 teria condições de passar a armazenar novamente a merenda. O espaço poderia ser revitalizado e ampliado para atender a comunidade escolar, reduzindo custos para os cofres públicos.

A Unidade 3 é utilizada para o armazenamento de diversos itens da rede pública de ensino, como cadeiras, carteiras, materiais pedagógicos, papel e até parte da frota da secretaria. O local teria R$ 64 milhões em produtos estocados.

Gasto desnecessário

Na avaliação do Conselho de Alimentação Escolar do DF (CAE-DF), a política do aluguel para depósito da merenda desperdiça dinheiro público. “É um gasto desnecessário. Poderiam ter reformado o depósito central, mas ficam empurrando com a barriga. Poderiam ter investido esse dinheiro na infraestrutura da secretaria”, afirmou o presidente do CAE, Thiago Dias.

Segundo Dias, o galpão da Unidade 3 sofria com a infestação de ratos. No entanto, recebendo investimento, dentro de aproximadamente 6 meses de trabalho, poderia ser higienizado e readequado para estoque de alimentos. “O dinheiro pago com aluguel não volta. Investir no espaço da própria secretária representa investimento para a alimentação de qualidade para os estudantes”, pontuou.

10 falhas

O CAE fiscalizou os contratos anteriores para estoque da merenda e flagrou 10 falhas, incluindo carunchos nos alimentos e goteiras nos depósitos alugados. Após denúncias, medidas para sanar os problemas foram tomadas. “O contrato já deveria evitar isso, mas encontramos 10 problemas e inadequações no depósito alugado. Esse fato só reforça a necessidade de fiscalização”, ressaltou Dias.

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Os gastos com aluguel para depósito da merenda também despertaram a preocupação do professor Samuel Fernandes, diretor do Sindicato dos Professores (Sinpro-DF) e membro do CAE. “Vejo com muita gravidade ter um espaço para guardar os alimentos que pertence ao governo e, mesmo assim, gastar milhões para essa mesma finalidade”, comentou Fernandes.

Outro lado

O Metrópoles entrou em contato com a Secretaria de Educação sobre a questão. Segundo a pasta, a mudança foi necessária e não há intenção de voltar ao galpão público da Unidade 3 para depósito da merenda.

“O antigo estoque da Secretaria de Educação não possuía estrutura adequada para garantir a segurança alimentar e nutricional dos alimentos que lá ficavam armazenados. Este não possuía prateleiras em quantidade suficiente para o armazenamento, a ventilação era inadequada, bem como havia a presença de animais como roedores que poderiam transmitir doença aos alimentos ali estocados”, argumentou.

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