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Bombeiro do DF é preso por desviar munição da PM e do Exército

Carga era enviada, segundo a Polícia Civil do DF, para facção Comando Vermelho, no Rio de Janeiro

atualizado

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Reprodução/Flickr/Arquivo
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1 de 1 munição - Foto: Reprodução/Flickr/Arquivo

A Polícia Civil do Distrito Federal deflagrou uma operação nas primeiras horas desta quarta-feira (5/12) que investiga esquema de desvio de munições de fuzil da Polícia Militar do DF e do Comando do Exército para facções criminosas no Rio de Janeiro. Batizada de Fogo Amigo, a ação cumpriu mandados de prisão temporária contra sete suspeitos. Um deles, apontado como líder da organização, é bombeiro militar do DF e foi detido.

O servidor público do Distrito Federal aparece nas investigações no topo do organograma do esquema criminoso, sendo responsável por viabilizar os desvios com a ajuda de terceiros. Abaixo dele, estão os atravessadores – com a função de planejar e executar o transporte das munições de uso restrito até que as encomendas chegassem a morros do Rio. O cliente mais habitual, segundo a apuração, é o Comando Vermelho. O receptador de uma das remessas, no bairro da Penha, foi identificado como “Macaquito”.

Entre os mandados de prisão, dois foram cumpridos no Rio de Janeiro, contra Eduardo Vinícius Brandão e William Sebastião Pessoa, que já estavam detidos. Mesmo assim, os homens precisaram ser notificados, uma vez que as novas ordens de detenção podem evitar que eles saiam do presídio caso o prazo da prisão atual vença. O restante dos alvos está no Distrito Federal, onde também serão cumpridos cinco mandados de busca e apreensão.

Reprodução/PCDF

As diligências começaram a partir da prisão de Eduardo e William, com o apoio da Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (Desarme) da Polícia Civil do Rio de Janeiro. O primeiro foi flagrado em fevereiro deste ano ao tentar retirar 1.529 munições de fuzil de uma transportadora de cargas, no Rio. Em junho, William teve o mesmo destino ao ser surpreendido na BR-040 com 1.390 projéteis escondidos em um carro de passeio.

A origem das munições acendeu o sinal de alerta dos investigadores: tinham sido compradas pela Polícia Militar do DF e Comando do Exército, segundo informou a empresa fabricante, que marca todos os projéteis vendidos a órgãos de segurança pública por determinação do Estatuto do Desarmamento. A partir desses dados repassados pela polícia do Rio, onde os dois homens continuam presos, os policiais de Brasília aprofundaram as apurações, chegando aos demais suspeitos.

O esquema ocorria desde pelo menos 2017, conforme as investigações. “É possível constatar a atuação de uma organização criminosa responsável pelo desvio de munições compradas pelo Estado para posterior revenda para facções criminosas instaladas no Rio de Janeiro, em especial o Comando Vermelho”, aponta o inquérito, observando ainda que os grupos “travam uma guerra urbana no estado do Rio, que ironicamente está sob intervenção militar”.

O Metrópoles entrou em contato com o comando da Polícia Militar para falar sobre os indícios de que munições de grosso calibre foram desviadas da corporação. De acordo com o Centro de Comunicação Social (CCS),  a “PM não foi notificada sobre o caso, sendo preciso esperar que o comando tome ciência dos fatos e haja um posicionamento”.

O Corpo de Bombeiros também foi procurado para falar sobre a prisão do militar que pertence à corporação. No entanto, até a última atualização desta reportagem, o comando não havia se pronunciado.

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