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Associação repudia “erotização de crianças em sala de aula”

Aspa pede “aplicação da lei com a consequente punição” do professor de português do Centro de Ensino Fundamental (CEF) 104 Norte

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
CEF-104-Norte-2
1 de 1 CEF-104-Norte-2 - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

A Associação de Pais de Alunos das Instituições de Ensino do Distrito Federal (Aspa-DF) divulgou uma nota de repúdio contra o professor de português do Centro de Ensino Fundamental (CEF) 104 Norte. O docente é investigado por pedir a estudantes do 6º ano escreverem uma redação sobre sexo anal e oral.

A Aspa classificou a ação como “nefasta” e afirmou que não tolerará “a erotização e sexualização precoce de crianças em sala de aula”. A associação pede ainda a “aplicação da lei com a consequente punição” do docente.

O caso foi revelado pelo Metrópoles. O professor Wendel Santana, 25 anos, foi desligado da unidade educacional após lecionar sobre sexo durante aula na última quarta-feira (13/11/2019). Na ocasião, ele também pediu aos alunos que escrevessem uma redação improvisada sobre o tema e escreveu expressões no quadro, como “boquete”, “69”, “fio terra”, “punheta” e “dar o cu”.

“O episódio foi registrado por vídeo e por imagem e mostra o professor, de língua portuguesa, passando conteúdo no quadro utilizando-se de termos pornográficos e chulos”, critica a associação.

A entidade também disse estar atenta a esse tipo de iniciativa. “Colocamo-nos à disposição da sociedade para receber denúncias destas práticas que chocam e causam espécie e revolta, no âmbito das escolas públicas e particulares.” Os interessados podem entrar em contato com a Aspa-DF pelo telefone (61) 99911-2772 ou pelo e-mail aspadf11@gmail.com.

Veja a nota na íntegra:

Associações de Pais – CEF 1… by Metropoles on Scribd

“Show de horrores”

“Sabemos que ele estava há cerca de um mês no colégio, desde que outra professora se aposentou. Segundo as crianças, um dia ele chegou a levar um texto em latim para a sala e também citou que invocaria o demônio e colocaria os nomes na boca do sapo para costurar. Esse professor já tinha um histórico. O que ocorreu na quarta-feira [13/11/2019] foi um show de horrores”, assegurou.

Segundo a servidora, a filha dela falou que não anotou nada do que estava escrito no quadro e, quando foi até à coordenação, a vice-direção não atendeu ela e nem as amigas. “O conteúdo era completamente inapropriado e o professor recolheu essas redações. Eu fui até a 2ª DP registrar ocorrência porque acredito que deva haver uma apuração rigorosa. A direção nos garantiu que, nesse concurso, ele foi devolvido e não entra mais em sala, mas e nos próximos? Não podemos deixar que aconteça”, ressaltou.

polêmica virou caso de polícia. A Polícia Civil do DF confirmou que o diretor da instituição de ensino e os pais registraram ocorrência na 2ª DP (Asa Norte). Inicialmente, o crime investigado está inserido no artigo 232 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que consiste em submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento. A pena prevista é detenção de 6 meses a 2 anos. A tipificação criminal pode mudar no decorrer das apurações. As autoridades alertam que os pais devem registrar ocorrência. Em casos sensíveis como esse, a 2ª DP trabalha em conjunto com a DPCA e possui policiais treinados para colher depoimentos dos estudantes.

Segundo denúncia recebida pelo Metrópoles, as crianças fotografaram o conteúdo escrito pelo docente na lousa e gravaram áudios durante a aula.

MPDFT

A Promotoria de Justiça de Defesa da Educação (Proeduc), do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), instaurará procedimento para investigar as denúncias apresentadas contra o professor temporário afastado do CEF 104 Norte.

O Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro-DF) também se posicionou sobre o ocorrido. Gilza Camilo, diretora da associação, afirmou que a entidade apura as acusações. “Viemos aqui hoje [segunda-feira (18/11/2019)] para resolver outro problema e tomamos conhecimento do caso. Não sabemos se as acusações procedem, mas o professor foi afastado e iremos apurar as denúncias”, explicou.

“A situação é grave. A Secretaria de Educação afastou o professor e vamos aguardar as apurações dos órgãos competentes”, disse o também diretor da entidade Samuel Fernandes.

Nas imagens cedidas à reportagem, é possível ver a data da ocorrência e o tema proposto pelo educador no quadro branco. “Brasília, 13 de novembro de 2019. Objetivo: fazer o próprio currículo. Redação improvisada. Escrever sobre polidez e transformações afetivo-sexuais na adolescência (pós-infância). Sexo oral e penetração”, escreveu.

 

Veja os registros obtidos pela reportagem:

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No conteúdo dos áudios obtidos pela reportagem, é possível ouvi-lo dizendo aos alunos: “Repitam comigo: ‘Clitóris, clitóris’. Tem que tratar o assunto com educação, porque é normal”, ele diz.

Confira os áudios:

O outro lado

Em nota, a Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEE-DF) havia informado nessa segunda-feira (18/11/2019) que o professor temporário foi devolvido preventivamente pela Coordenação Regional de Plano Piloto e Cruzeiro, enquanto a pasta está investigando a situação no CEF 104 Norte.

Nesta terça-feira (19/11/2019), a pasta atualizou as informações e disse que irá rescindir o contrato do professor. “As autoridades policiais foram comunicadas pela direção da escola. Os estudantes receberão o devido apoio do Serviço de Orientação Educacional”, diz trecho do texto.

Metrópoles procurou o professor Wendel Santana para ouvir sua versão sobre o episódio, mas ele não respondeu aos questionamentos da reportagem.

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