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Associação pede desculpas após campanha para não ajudar sem-teto

Post gerou revolta ao justificar a iniciativa dizendo que a presença dos moradores de rua na 216 Norte causava “desvalorização do patrimônio

atualizado

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Reprodução/Instagram
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1 de 1 sem-teto-asa-norte-216-associação-moradores-prefeitura - Foto: Reprodução/Instagram

Após pedir a moradores que não ajudassem as pessoas em situação de rua que se instalaram na região, a Associação Comunidade 216 Norte, da mesma quadra de Brasília, se desculpou e apagou o comunicado compartilhado via Instagram.

O post gerou revolta ao justificar a iniciativa dizendo que a presença dos moradores de rua na área tem aumentado reclamações de “tráfico de droga, perigo, aparência e desvalorização do patrimônio” na quadra.

A associação disse que o texto foi “equivocado” e deu “margem a interpretações que não refletem a opinião da comunidade”.

“Não foi nossa intenção reproduzir preconceitos. Pedimos desculpas a todos que se sentiram de alguma forma atingidos por nossa publicação. Além disso, queremos contribuir positivamente para que esse debate possa continuar de forma propositiva. Informamos que existe um grupo na Ponta Norte que presta apoio à população em situação de rua”, disse o post na rede social.

Veja publicação

 

Campanha

A publicação, feita na segunda-feira (13/3), pediu que moradores da 216 Norte não ajudassem pessoas em situação de rua que ficam pela região. O comunicado, compartilhada pelo Instagram, gerou polêmica e incomodou internautas.

A associação pediu, ainda, que moradores fizessem doações diretamente ao Instituto Ipês, especializado em abordagens sociais, e que cobrassem “ação mais efetiva” da Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes).

A comunidade acrescentou que combinaria com comerciantes da Feira da Ponta Norte para não doar alimentos a pessoas em situação de vulnerabilidade da quadra.

“[Esta é uma] campanha para [propor] que nós, que moramos na Ponta Norte, não devemos ajudar nenhum morador de rua. Quem quiser ajudar pode fazer [isso] diretamente [junto] ao Instituto Ipes. Aliás, o governo federal tem programa de assistência social — o Bolsa Família —, que pode ajudar essas pessoas. A orientação é que a pessoal vá um Cras [Centro de Referência da Assistência Social] e se inscreva no programa”, destaca a publicação.

A campanha gerou revolta entre moradores da quadra. Alguns internautas sugeriram que a associação da Asa Norte comparou pessoas em situação de vulnerabilidade a pombos.

“Galera, esse discurso elitista de criminalização da pobreza também não é a solução — tampouco a valorização da ‘aparência’ e do patrimônio à humanidade. Pessoas em situação de rua não são pombos que ‘não devemos alimentar’”, escreveu um usuário do Instagram.

O Metrópoles entrou em contato com a associação de moradores, mas não teve retorno até a mais recente atualização desta reportagem. O espaço segue aberto para eventuais manifestações.

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