Aposentadoria da delegada Martha Vargas é cassada por Rollemberg

A policial foi responsável pela primeira fase da investigação do triplo homicídio do caso que ficou conhecido como crime da 113 Sul

Maria Eugênia
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Condenada em segunda instância a 16 anos de prisão, a delegada da Polícia Civil do DF Martha Vargas teve a aposentadoria cassada pelo governador Rodrigo Rollemberg (PSB). A medida está publicada na edição desta quinta-feira (19/7) do Diário Oficial do DF. De acordo com o último registro que consta no Portal da Transparência, de dezembro de 2017, a policial recebeu remuneração líquida de R$ 16.077,55.

Em 28 de agosto de 2009, o ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) José Guilherme Villela, 73 anos; a mulher dele, Maria Carvalho Mendes Villela, 69; e a empregada da família, Francisca Nascimento da Silva, 58, foram brutalmente assassinados com um total de 73 facadas no apartamento onde o casal morava.

Em outubro do ano passado, Martha Vargas foi condenada por falsidade ideológica, fraude processual, violação de sigilo funcional e tortura. Em abril deste ano, após recurso da delegada, a decisão acabou sendo mantida.

 

Em 2012, o governo abriu processo administrativo contra a servidora. De acordo com relatório final, a comissão criada para tratar do assunto entendeu que a delegada cometeu infrações disciplinares, como tortura, abuso de poder, além de permitir a ingerência de pessoa de fora em uma investigação policial.

Relembre o caso
Durante a fase de inquérito do crime da 113 Sul, Martha recorreu a uma vidente para anunciar a elucidação do caso. A paranormal Rosa Maria Jaques contou ter visto uma foto de José Guilherme num jornal e o morto teria piscado para ela, indicando os responsáveis pela tragédia.

Com auxílio da líder espiritual, a delegada aposentada prendeu três suspeitos em Vicente Pires e apontou como prova principal uma chave do apartamento dos Villela, que estaria em posse do trio. Para obter a confissão de Alex Peterson Soares, Rami Jalau Kalout e Cláudio Brandão, Martha e parte de sua equipe teriam torturado os três.

No entanto, dias depois, laudo do Instituto de Criminalística (IC) revelou que a chave apreendida era exatamente a mesma recolhida pela própria Polícia Civil na cena do triplo homicídio. Diante da denúncia em relação à prova plantada, Martha pediu afastamento da investigação e o caso passou a ser conduzido pela Coordenação de Crimes Contra a Vida (Corvida).

Filha é suspeita
Pelas mãos da unidade especializada da Polícia Civil, ganhou força a tese de que a mandante do crime seria a filha do casal assassinado, Adriana Villela. A arquiteta recebia uma mesada de R$ 8 mil, mas considerava pouco, o que motivava discussões acaloradas com os pais.

No decorrer das investigações e após várias reviravoltas, o ex-porteiro do Bloco C da 113 Sul Leonardo do Campos Alves confessou sua participação na barbárie e indicou como comparsas o sobrinho Paulo Cardoso Santana e Francisco Mairlon Barros. Conforme contou o ex-empregado do edifício, eles praticaram o crime a mando de Adriana.

Os três foram condenados a mais de 60 anos de prisão. O único que ainda pode recorrer é Paulo Cardoso. Já Adriana Villela aguarda em liberdade a data em que será levada a júri popular.

O Metrópoles não conseguiu contato com a delegada, que está em liberdade.

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