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Após suspeita de furto, médicos têm armários arrombados em hospital

Servidores do Hospital Regional de Santa Maria apontam ação abusiva em operação promovida pelo Iges-DF, que estaria buscando itens furtados

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Material obtido pelo Metrópoles
Imagem colorida de diversos cadeados quebrados sobre uma mesa
1 de 1 Imagem colorida de diversos cadeados quebrados sobre uma mesa - Foto: Material obtido pelo Metrópoles

Médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e fisioterapeutas da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Regional de Santa Maria (HRSM) acusam o Instituto de Gestão Estratégica do Distrito Federal (Iges-DF) de promover uma ação abusiva no hospital na noite dessa terça-feira (29/10). Os servidores denunciam que tiveram armários arrombados, sob acusação de furto de medicamentos e roupas hospitalares.

Os profissionais alegam que uma equipe, que estaria atuando em favor do Iges, invadiu a UTI e os locais de repouso dos funcionários para abrir os armários, usando alicates e serras. Esse grupo teria dito que estava em busca de enxovais e medicamentos supostamente furtados pelos profissionais de saúde do HRSM.

Após a abertura, alguns dos armários foram lacrados para uso, impedindo os servidores de guardarem itens pessoais.

As imagens obtidas pelo Metrópoles mostram os cadeados violados e os executores da operação abrindo os armários e deixando expostos os pertences dos servidores:

5 imagens
Homens quebraram os cadeados para abrir os armários
Objetivo seria encontrar itens supostamente furtados
Armários foram lacrados após a operação
Médicos ficaram sem espaço para guardar pertences
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Cadeados dos armários violados

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Homens quebraram os cadeados para abrir os armários

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Objetivo seria encontrar itens supostamente furtados

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Armários foram lacrados após a operação

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Médicos ficaram sem espaço para guardar pertences

Material obtido pelo Metrópoles

Já o vídeo abaixo, gravado por um servidor do HRSM, mostra os funcionários com alicates e serras nas mãos. Um deles tenta esconder um equipamento quando tem o celular apontado para si. Assista:

Um servidor que estava na unidade diz à reportagem que a ação durou, pelo menos, uma hora e meia. Segundo ele, eram mais de 10 pessoas tentando arrombar os compartimentos. “Eles estavam ali fazendo uma acusação grave, querendo resolver na marra, abrindo os armários a qualquer custo”, aponta o profissional, que pediu para não ser identificado.

“Foram extremamente arrogantes, afirmando que ‘quem não deve não teve’. Saíram metendo os pés pelas mãos, querendo bancar os super-heróis e fazer papel de policiais, numa clara situação de invasão de privacidade. Foi uma situação extremamente embaraçosa”, classifica.

Para o presidente do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal (SindMédico-DF), Gutemberg Fialho, os responsáveis pela operação agiram “de forma arrogante e constrangedora”. “Se há uma suspeita de furto que seja, o certo é notificar, pedir autorização à diretoria do hospital, e não agir dessa forma”, afirma.

Segundo Fialho, os funcionários não encontraram nenhum enxoval ou medicamento furtado. “Não acharam nada, só criaram constrangimento e mal-estar”, diz.

O presidente prometeu requerer explicações ao Iges-DF sobre a operação. “Pediremos uma sindicância para apurar os fatos e, se for o caso, buscaremos meios para que os responsáveis respondam criminalmente”, encerra Fialho.

Iges-DF diz que encontrou enxovais e remédios

Em nota, o Iges-DF afirma que “ações de investigação de patrimônios hospitalares que encontram-se desaparecidos são uma prática recorrente em todas as unidades do instituto e devem ser mantidas para garantir a preservação e monitoramento dos pertences hospitalares”.

De acordo com o instituto, “em 28/10 foi identificada a necessidade de uma força-tarefa de inspeção após detectar um grande déficit no estoque de enxovais hospitalares na unidade do Hospital Regional de Santa Maria (HRSM) e que, se nenhuma medida fosse tomada, em breve o atendimento aos pacientes seria comprometido”.

O órgão acrescentou que utilizou um scanner que identifica os chips incluídos nos enxovais e que o equipamento “detectou a presença das peças procuradas em diversos armários de uso dos colaboradores no hospital”. Além de localizar “diversas peças”, a ação “também serviu para encontrar medicamentos identificados com a etiqueta do instituto”, acrescentou a nota.

Leia a íntegra da nota do Iges-DF:

O Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do DF (IgesDF) informa que ações de investigação de patrimônios hospitalares que encontram-se desaparecidos são uma prática recorrente em todas as unidades do Instituto e devem ser mantidas para garantir a preservação e monitoramento dos pertences hospitalares. No dia 28/10 foi identificada a necessidade de uma força-tarefa de inspeção após detectar um grande déficit no estoque de enxovais hospitalares na unidade do Hospital Regional de Santa Maria (HRSM) e que, se nenhuma medida fosse tomada, em breve o atendimento aos pacientes seria comprometido.

Por esse motivo, a equipe responsável realizou um rastreamento prévio com o uso de um scanner, que identifica os enxovais através dos chips presentes nas peças. O equipamento detectou a presença das peças procuradas em diversos armários de uso dos colaboradores no hospital. Ressaltamos que esses armários são rotativos, de uso diário e servem apenas como apoio aos colaboradores, que não são proprietários do mobiliário.

Diante do exposto, o responsável administrativo pelo andar investigado foi previamente comunicado sobre a ação de abertura dos armários que continham patrimônio do IgesDF que aconteceria no dia 29/10. Como medida de precaução, toda a ação foi acompanhada por profissionais representantes de cada setor.

É importante dizer que apenas os armários em que o scanner acusou presença do enxoval foram abertos. No total, foram recuperadas diversas peças somente em um andar. A ação, cujo objetivo era resgatar as roupas de cama, também serviu para encontrar medicamentos identificados com a etiqueta do Instituto. O resultado obtido na operação demonstra a importância desse tipo de ação por parte da segurança.

As investigações sobre o caso estão sendo conduzidas de forma sigilosa, com encaminhamento à Corregedoria do IgesDF, para que todas as ocorrências sejam rigorosamente apuradas e os procedimentos internos de controle aprimorados. Caso necessário, o instituto acionará outras entidades competentes para a solução dos fatos. Nosso objetivo é garantir a segurança e a integridade dos profissionais, dos pacientes e do patrimônio público.

Reiteramos nosso compromisso com a transparência, o respeito aos direitos de todos.

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