Após 77 dias, empregados do Metrô-DF encerram greve

Apesar da deliberação, por corte de benefícios, sindicato não garante todas as estações abertas às 5h30 desta quinta-feira (18/07/2019)

Fernando Caixeta ,
Saulo Araújo
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Após 77 dias, os empregados da Companhia do Metropolitano decidiram encerrar a greve. A decisão foi tomada em assembleia realizada na noite desta quarta-feira (17/07/2019), na Estação de Águas Claras. Com a deliberação, nas primeiras horas desta quinta-feira (18/07/2019), todos os trens devem estar em operação.

A categoria descruza os braços um dia após o governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), endurecer com o movimento que causou, segundo a empresa, prejuízo de mais de R$ 8 milhões ao sistema. Na terça-feira (16/07/2019), irritado, o chefe do Executivo local mandou cortar o ponto dos grevistas.

A diretora de comunicação do Sindicato dos Metroviários, Renata Campos, diz que há intenção do retorno integral do serviço, mas teme que muitos funcionários não consigam chegar aos postos de trabalho na manhã desta quinta-feira (18/07/2019), e teme que isso seja interpretado como descumprimento. Ela explica: o Acordo Coletivo de Trabalho da categoria está suspenso por decisão do Tribunal Superior do Trabalho (TST) e um dos benefícios cortados é justamente a indenização de transporte paga aos servidores que trabalham em horários especiais no início e fim do funcionamento dos trens e estações.

“Nós fizemos uma carta endereçada à diretoria do Metrô-DF questionando se, com a suspensão da indenização, eles fornecerão transporte aos empregados. Tem gente que mora muito longe e entra às 4h. Nesse horário, não tem transporte público. Todos tentarão chegar na hora, mas, se não houver o fornecimento do transporte, os funcionários vão pegar o primeiro ônibus que passar, o que pode prejudicar a abertura das estações”, disse a sindicalista.

A suspensão do ACT também aboliu o valor destinado à quebra de caixa para quem lida com a venda de bilhetes. O benefício prevê uma quantia para cobrir eventuais desfalques nos caixas a fim de evitar que seja descontado do salário dos funcionários. A carta enviada ao Metrô-DF também solicita a reinclusão do benefício e, caso não seja acatado, as catracas permanecerão abertas.

Histórico de tensão

O maior movimento paredista da história do Metrô-DF foi marcado por uma guerra de sentenças nos tribunais trabalhistas. Na mais recente, Ibaneis recorreu a uma determinação do Tribunal Superior do Trabalho que autorizava o corte os salários. “Greve com pagamento de salário é férias remuneradas, e isso eu não admito”, disparou o emedebista.

Por sua vez, o SindMetrô reagiu e alegou que a medida do chefe do Palácio do Buriti era uma afronta à decisão do Tribunal Regional do Trabalho (TRT).

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