Apesar de decreto, escolas privadas do DF consultarão pais sobre reabertura

Pesquisa feita por sindicato que representa os colégios mostra que sete de cada 10 pais não pretendem levar filhos aos centros educacionais

Francisco Dutra
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As grandes escolas particulares do Distrito Federal colocaram em marcha preparativos para a retomada das aulas presenciais. Os colégios alinham o retorno gradativo e medidas sanitárias contra a Covid-19 para receber crianças e adolescentes. A fim de assegurar tranquilidade aos pais, abriram consulta aos responsáveis pelos alunos e estão inclinados a manter o ensino híbrido. Ou seja: apesar de reabrirem, devem manter as atividades on-line para quem desejar.

Conforme documento do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do DF (Sinepe-DF) obtido pelo Metrópoles, apenas 30% dos pais pretendem mandar seus filhos aos centros de ensino neste primeiro momento – o que representa três em cada 10.

Confira a nota do Sinepe:

Nota do Sinepe sobre volta das aulas presenciais by Metropoles on Scribd

A Associação dos Pais de Alunos do DF (Aspa-DF) também abriu consulta pública para saber a opinião dos responsáveis pelos estudantes sobre a retomada das unidades educacionais.

O Governo do DF (GDF) publicou decreto na quinta-feira (2/7) determinando regras para  o regresso de diversas atividades durante a pandemia do novo coronavírus, incluindo o retorno das aulas presenciais.

O Colégio Leonardo da Vinci divulgou comunicado aos pais. Segundo o documento, de 9 a 14 de julho será feita pesquisa entre os responsáveis pelos estudantes matriculados a fim de mapear quais desejam continuar no modelo remoto e quantos pretendem enviar os filhos para a escola.

A primeira semana de aula, entre 3 e 7 de agosto, será 100% remota. As atividades presenciais no Leonardo voltarão gradativamente a partir de 10 de agosto. A pesquisa vai determinar a escala de retorno entre séries.

Veja o comunicado do Leonardo da Vinci na íntegra:

Retorno do colégio Leonardo Da Vinci by Leonardo Meireles on Scribd

 

Segundo a diretora da Regional Centro-Oeste do Sigma, Natália Rocha Fonseca e Silva, a instituição elaborou protocolos de volta às aulas com a supervisão de um infectologista e levantou modelos adotados em outras escolas pelo mundo.

“Estamos conversando com as famílias. E faremos a preservação necessária e obrigatória das pessoas no grupo de risco”, afirmou Natália.

Rodízio híbrido

As aulas presenciais não serão obrigatórias. Nesse sentido, as famílias poderão permanecer no ensino remoto. O colégio ainda não definiu o cronograma de retorno das atividades, mas vai adotar o rodízio de alunos.

As turmas serão divididas em dois grupos. Enquanto um assistirá a aulas presenciais, o outro verá remotamente, em sincronia. Alternando as posições semanalmente. A rede pública do DF adotou tática semelhante.

O Sigma vai, inclusive, monitorar o desempenho dos alunos durante as classes remotas. A proposta é saber se houve aprendizado ou não.

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Além disso, a escola decidiu que a volta das turmas presenciais será gradual. Carteiras em sala de aula serão distanciadas e as atividades esportivas respeitarão o distanciamento.

Palavra dos pais

Na sexta-feira (3/7), a direção do La Salle fez reunião para traçar o planejamento do retorno das atividades presenciais. O colégio fará pesquisa para escutar a opinião dos pais.

Segundo o diretor do centro de ensino, Eucledes Casagrande, o La Salle já tem em mãos protocolos de segurança, mas só vai definir o calendário de regresso após a consulta. Novamente, os pais terão o direito de escolha entre aulas presenciais e remotas respeitado.

“Caminhos muito fortes para o modelo híbrido. Pensamos, no primeiro momento, na liberdade de a família optar ou não pelo retorno. Quem está em grupos de risco ficará, automaticamente, a distância. Os demais poderão voltar quando se sentirem seguros”, assinalou.

Intervalos escalonados

O colégio estima que apenas de 30% a 50% dos pais vão optar pela regresso presencial. Para manter a qualidade das aulas a distância, o La Salle garante ter investido pesado em tecnologia e planeja fazer o acompanhamento individualizado dos estudantes.

O centro educacional também avalia escalonar os intervalos para evitar a aglomeração dos estudantes. Protocolos de segurança também serão adotados nas cantinas e nas práticas esportivas.

Conselho de Educação do DF

O Galois informou já ter protocolos prontos para a volta das aulas presenciais. Contudo, a instituição aguarda o posicionamento do Conselho de Educação do DF sobre o decreto, antes de comentar o assunto.

Segundo o diretor-geral do Colégio Marista João Paulo II, Marcos Scussel, o foco neste momento deve ser no cuidado com a vida dos estudantes e educadores.

A escola decidiu estabelecer momentos de diálogo e de escuta com os responsáveis pelos estudantes e com o Conselho de Pais. Neste sentido, a instituição trabalha na elaboração de um protocolo para garantir o máximo de segurança possível à comunidade escolar.

“Além disso, as famílias que não se sentirem confortáveis no retorno ao modo presencial poderão permanecer com os estudantes participando do ensino on-line, que continuará sendo oferecido pelo colégio durante o tempo que for necessário”, concluiu.

O Metrópoles não conseguiu contato com o escola Olimpo.

Em vídeo divulgado na sexta-feira (3/7), o presidente do Sindepe, Álvaro Domingues, enfatizou que os pais terão o direito de escolha em manter os filhos em casa com aulas remotas respeitado.

Veja na íntegra:

Em nota, o Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos Particulares de Ensino Superior do DF (Sindepes-DF) informou que o setor “vive uma profunda transformação e o retorno tem de ser gradual”.

Como consequência da pandemia, da evasão e inadimplência de alunos, as instituições poderão fazer cortes de professores e reformular matrículas curriculares, horários e cargas horárias.

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