“Momentos de terror”, diz servidor de escola onde rapaz foi baleado

Vítima teria sido alvo de um acerto de contas e entrou em colégio de São Sebastião. Dois suspeitos são procurados pela polícia

Manoela Albuquerque ,
Victor Fuzeira
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Mais um episódio de violência assustou alunos e funcionários de um colégio público do Distrito Federal. Desta vez, após uma discussão com dois suspeitos, no começo da tarde desta segunda-feira (24/9), um adolescente de 17 anos levou três tiros dentro da Escola Classe Vila Nova, em São Sebastião. Houve pânico na instituição de ensino, onde estudam 1.150 crianças entre 4 e 11 anos.

O caso ocorreu por volta das 12h50. Segundo o Corpo de Bombeiros, uma das balas disparadas atingiu o tórax da vítima, causando hemorragia. Os outros dois disparos perfuraram a mão do adolescente. Um helicóptero da corporação foi deslocado para o atendimento.

De acordo com testemunhas, o adolescente começou a discutir com a dupla no exterior do colégio. Quando viu que poderia ser atingido por tiros, tentou se refugiar na escola. Tão logo chegou ao pátio, os desafetos teriam dito que não iriam atirar porque havia crianças no local.

Eles saíram. Mas, quando ameaçado novamente, o adolescente correu outra vez para dentro do colégio e se escondeu na área de serviço, onde foi baleado. A vítima foi transportada em helicóptero do Corpo de Bombeiros ao hospital.

A confusão ocorreu na troca do turno matutino para o vespertino. “Foram momentos de terror. A sorte é que ninguém se feriu. Cheguei no momento em que os autores fugiram, deixaram a bicicleta jogada na faixa de pedestres e correram. Na fuga, usaram uma funcionária da limpeza como escudo. Foi horrível”, contou o servidor da escola Valdir Alves Bezerra, 45.

Um vigilante fica responsável pela segurança do local durante 12 horas, quando ocorre a troca de turno, mas isso não foi suficiente para barrar a violência dentro do colégio. A escola não tem circuito interno de câmeras.

A 30ª Delegacia de Polícia (São Sebastião) investiga o caso. Os policiais já sabem quem são os autores dos disparos: trata-se de um maior e um adolescente que teriam acertado contas com o jovem. Eles ainda não tinham sido localizados até as 16h30 desta segunda (24).

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Fachada da escola onde adolescente foi baleado
Pátio onde os três envolvidos começaram a discussão
Sala de serviços gerais onde a vítima foi baleada
Vítima foi levada em helicóptero dos bombeiros para o hospital

Nenhum dos envolvidos é aluno da escola. “Foi uma fatalidade”, destacou o substituto Manoel Everton dos Santos Laurentino. As aulas foram suspensas nesta segunda (24/9), sem previsão de retorno.

Laurentino confirmou que os alunos ficaram muito abalados e uma psicóloga será levada à escola. “Os poucos que viram a cena começaram a gritar. Tem muita criança pequena, de 4 anos, na escola. Foi um sufoco para os professores segurarem. Estamos dando a assistência possível”, afirmou.

A família de um dos estudantes anunciou nas redes sociais que um menino chamado Thiago desapareceu depois da confusão. A tia dele, Juliana Almeida, descobriu o sumiço quando foi buscar os dois sobrinhos.

“Eu acho que não perceberam que ele sumiu. Um funcionário disse que ele pode ter saído na hora do tumulto. A minha outra sobrinha, de 5 anos, estava lá. Como ela estava chorando muito, não perguntei sobre os tiros”, relatou Juliana. Thiago foi achado por volta das 16h. Tinha sido levado por um vizinho.

Outros episódios
Os relatos de violência em escolas do Distrito Federal são frequentes. No dia 10 de setembro, um adolescente de 16 anos foi apreendido pela Polícia Militar, com outros dois meninos, de 12 e 13, após tentar entrar à força no Centro de Ensino Fundamental 507, em Samambaia.

O menino estava suspenso por mau comportamento e foi impedido de ter acesso às dependências da instituição de ensino, pois teria de estar acompanhado dos pais. Enfurecido, partiu para cima do vice-diretor, Alex Cruz Brasil, 45, o agrediu e sacou um canivete para furá-lo, de acordo com a Polícia Militar.

No mesmo dia, dois adolescentes, um de 16 e outro de 17, foram apreendidos na porta do Centro Educacional 6, no Gama. Eles começaram a brigar na saída do turno. A PM foi chamada e, ao abordá-los, encontraram 15 pedras de crack com os suspeitos.

No dia 28 de agosto deste ano, um aluno de 13 anos do Centro de Ensino Fundamental 19, na QNN 18/20, em Ceilândia, esfaqueou um colega de 15 anos durante uma briga, que foi filmada. O adolescente ficou ferido no abdômen e no pescoço.

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