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China freou o coronavírus e provou que quarentena funciona

Depois de uma série de medidas rigorosas de quarentena, a China conseguiu reduzir drasticamente novos casos de coronavírus no país

atualizado

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Enquanto os números de novos casos de coronavírus crescem em todos os países do mundo, a China, o epicentro da doença, caminha para o lado oposto.

Cerca de 24 horas depois de a doença ter sido reclassificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como pandemia, foram registrados apenas 31 novos casos no país asiático. Há três semanas, o registro diário na China chegou a 2 mil. No mundo, os números alcançaram 4.596 em 3 de março. Um dia antes, eram 4.105 infectados.

Para os epidemiologistas, os chineses conseguiram o que eles chamam de “atenuar a curva”. A resposta chinesa à doença foi uma série de medidas rigorosas de quarentena nas regiões mais afetadas. Cidades inteiras foram isoladas, viagens dentro do país ficaram restritas e cidadãos que viajaram ao exterior, além de estrangeiros, foram obrigados a se isolar.

O governo ainda proibiu a circulação de carros e transportes públicos pelas cidades mais afastadas e ordenou o fechamento de empresas e fábricas inteiras. Apenas locais que prestam serviços vitais, como hospital, farmácia e supermercado, seguiram abertos.

“A resposta naquela região foi fantástica: a epidemia se alastrou de maneira galopante, mas agora a China tem o melhor controle da doença do mundo. Tudo isso, claramente, facilitado por um regime onde o governo manda e os cidadãos obedecem. Dificilmente, essas medidas seriam replicadas em países como os Estados Unidos e o Brasil”, disse o médico Alexandre Cunha, infectologista dos Hospitais Sírio Libanês e Brasília.

Apesar de críticas pelo excesso de autoritarismo, a OMS elogiou as medidas adotadas. Em um relatório no final de fevereiro, eles afirmaram que a “abordagem ousada mudou rapidamente o curso de uma epidemia crescente e mortal”.

Segundo Cunha, não existe uma fórmula de bolo para determinar uma quarentena. Para definir a intensidade e a duração dos períodos de reclusão, precisa-se levar em conta a dinâmica da transmissão viral.

“A extensão e a intensidade da quarentena devem ser discutidas caso a caso, a decisão precisa ser baseada em critérios técnicos. Não pode ser aleatória, a partir da cabeça de políticos.  Existe gente especializada em fazer esse tipo de cálculo”, completa o médico.

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