Youtuber Léo Viturinno faz vídeos para LGBTs em Libras
O jovem deseja promover a representatividade e inclusão de surdos na sociedade
atualizado
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Há algumas semanas, Leandra Leal compartilhou um canal do YouTube voltado para pessoas falantes de Libras. Dentre os vários assuntos que o apresentador abordava, estava a questão LGBT tratada sob a ótica de alguém surdo. Senhoras e senhores, eu lhes apresento Léo Viturinno.
Léo criou em 2011 um Tumblr que fez bastante sucesso, principalmente porque ele era muito bom em criar gifs. Viturinno já acompanhava alguns youtubers ouvintes e as pessoas lhe cobravam a criação de um canal próprio. Em seus vídeos, ele trata de tudo – séries, dia a dia da surdez, fatos curiosos – sempre em Libras e com legenda em português.
Seus vídeos são muito bem editados e filmados (Léo também é fotógrafo, além de formado em letras/Libras pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia). É interessante ver como, apesar da limitação, ele consegue transpor barreiras e adquirir o mesmo vocabulário LGBT dos ouvintes. Ainda mais se você considerar que vídeos e músicas brasileiras (fonte de boa parte do nosso linguajar) não têm legenda para surdos.
Vou dar um exemplo. Que tiro foi esse?, da Jojo Maronttinni, a expressão do Carnaval. Depois do meu papo com o Léo, fui rever o clipe e, realmente, não tem legenda. Nem mesmo nos vídeos da Pabllo Vittar. Isso provoca uma sensação de exclusão muito forte. Qual o custo (de tempo e dinheiro) para fazer uma legenda num vídeo em português? Só há interesse em “traduzir” coisas estrangeiras por ser algo estranho à maioria.
Léo conta nos vídeos que sua referência em produção nacional cinematográfica é zero. Ele mora em uma cidade do interior baiano, onde não chegam festivais de cinema com legenda especial para surdos. É desolador saber, mas a cinematografia do Brasil segue inacessível a uma grande parcela da sociedade.
Alô, galera dos sites que fazem legendas, vocês são tão bacanas e ágeis em traduzir coisas estrangeiras. Que tal dar uma moral para a comunidade surda?
Já o vídeo da música Flutua, de Jhonny Hooker e Liniker, conta a história de amor de dois caras, sendo que um deles é surdo e utiliza Libras. Para nós, pode soar como metáfora, mas para pessoas como o Léo, é representatividade direto na veia.
Viturinno diz que, nos canais em Libras, raramente fazem os sinais de LGBTs ou trazem informações básicas sobre o assunto. Afinal, ele não é o único gay surdo no mundo, né? Léo é um dos administradores da comunidade SLibras LGBT no Facebook. E, se as questões de gênero e sexualidade não são consideradas discussões de primeira ordem, mais raro é alguém ter interesse em encontrar uma forma de falar com eles sobre isso.
O canal do Léo Viturinno já apareceu no Instagram da Leandra Leal e foi divulgado no Nerdologia, que tem mais de 1,8 milhão de seguidores. O próximo passo deve ser o programa da Fátima Bernardes. Mas, até lá, se alguém puder legendar Do Começo ao Fim para ele assistir, esse texto valeu a pena ter sido escrito.