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Exclusivo: em gravação, Pedro Guimarães diz que “segurou” na Caixa executivo demitido por assédio

Afirmação foi feita em reunião com funcionários na sede do banco, em Brasília, no início deste ano

atualizado

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Andre Borges/Esp. Metrópoles
Pedro Duarte Guimarães presidente da caixa economica federal no governo Jair Bolsonaro
1 de 1 Pedro Duarte Guimarães presidente da caixa economica federal no governo Jair Bolsonaro - Foto: Andre Borges/Esp. Metrópoles

Investigado por acusações de assédio sexual e moral quando comandou a Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães foi gravado dizendo que “segurou” um executivo na cúpula do banco mesmo sabendo que ele havia sido demitido anteriormente do Itaú por assediar mulheres.

A declaração de Guimarães, registrada em áudio obtido com exclusividade pela coluna, se deu durante uma reunião na sede da Caixa, em Brasília, no início deste ano.

Na ocasião, o então presidente do banco estava chamando a atenção de subordinados que, na avaliação dele, se comportaram mal durante uma viagem de trabalho. Funcionários da Caixa, homens e mulheres, haviam tirado uma fotografia se abraçando com um grau de intimidade supostamente excessiva, e ele não gostou quando viu a imagem.

Ironicamente, meses antes de ele próprio ser acusado de assédio, Pedro Guimarães evocou o risco de a foto vazar e causar embaraços ao banco para repreender os envolvidos. Ao ilustrar o tamanho do risco e as possíveis consequências, ele se refere a Messias dos Santos Esteves, um dos vice-presidentes da Caixa àquela altura, que também aparecia na foto. A imagem vinha circulando internamente.

Pedro Guimarães diz na gravação que Messias Esteves foi demitido do Itaú, onde havia trabalhado anteriormente, em razão de acusações de assédio.

É justamente aí que Guimarães, sem meias palavras, afirma que o então vice-presidente só seguia na cúpula da Caixa porque ele, como presidente da instituição, o segurava:

“Vê, tem o Messias ali, vou conversar depois, e vocês dois sabem… Por que que ele foi demitido? Por assédio. Ele foi demitido do Itaú por assédio. Assediou dez pessoas, dez mulheres. Tá aí. Tá aí a explicação. Tanto não é verdade que isso é uma coisa natural que se f. todo, e eu que seguro.”

Ouça aqui:

A declaração de Guimarães é grave principalmente pela confissão que ela traz: o então presidente da Caixa admite que contratou um executivo e o manteve na alta direção do banco mesmo sabendo que ele tinha um histórico de denúncias de assédio em seu trabalho anterior. Em miúdos: Guimarães, hoje investigado por assédio, diz textualmente que segurava na cúpula da Caixa outro acusado de assédio.

Messias Esteves foi nomeado vice-presidente de Logística e Operações da Caixa Econômica Federal pelo próprio Pedro Guimarães em dezembro de 2020. Depois, em maio de 2021, foi transferido para a vice-presidência de Risco.

Ele permaneceu no banco mesmo após a queda de Guimarães, em junho deste ano, na sequência de reportagens publicadas pela coluna que revelaram os casos de assédio na Caixa.

No último dia 15 de agosto, com o banco já sob novo comando, Messias foi destituído por decisão do Conselho de Administração, que divulgou a informação por meio de uma comunicação ao mercado. As razões da destituição não foram informadas.

À coluna, o advogado de Pedro Guimarães, José Luis de Oliveira Lima, afirmou que a contratação de Messias Esteves “se deu dentro de rigoroso processo de governança”. “A checagem do histórico do profissional foi feita por empresa terceirizada independente e especializada nesse tipo de atividade, não tendo sido encontrado nenhum registro de episódio que desabone o contratado”, diz ainda a nota enviada pelo advogado.

Messias Esteves também foi procurado, por meio de ligações telefônicas e mensagens, mas não respondeu às tentativas de contato até a publicação deste texto.

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