Relação não-monogâmica: como funciona e quando é hora de abrir?

Como lidar com o desejo por outras pessoas estando dentro de um relacionamento? Veja o que dizem os especialistas

Luiza Barufi
Compartilhar notícia

Poliamor, amor livre e relação-não monogâmica. Você já se perguntou se somos monogâmicos por natureza ou se isso é construído socialmente? Apesar de não serem termos novos, as nomenclaturas vem ganhando espaço nos debates atuais quando o assunto é relacionamento.

O filme Professor Marston e as Mulheres Maravilhas, de 2017, conta a história real e nada convencional da vida do psicólogo Wiliam Marston (Luke Evans), que mantinha uma relação polígama envolvendo sua esposa Elizabeth Marston (Rebecca Hall), psicóloga e inventora, e Olive Byrne (Bella Heathcote), uma ex-aluna que virou acadêmica. Essa relação e os ideais feministas das duas mulheres foram essenciais para a criação da personagem.

Atualmente, a procura por um terceiro elemento na relação ou troca de casais tem crescido. Dados do aplicativo YSOS, especializados em encontros sigilosos, revelaram que de 2019 para 2020 houve um aumento de mais de 45% nos cadastros de casais na plataforma. E esse aumento é ainda maior em 2021 chegando a 66%.

Diante dessa mudança, não se pode descartar o questionamento. O que vale mais: ser fiel desejando outras pessoas ou conversar com o par, abrir o relacionamento e seguirem com algo acordado? 

Para buscar essa resposta, que é complicada como tudo que envolve sexo e sexualidade, a Pouca Vergonha conversou com Mayumi Sato, que é especialista no assunto e diretora de marketing da rede social adulta brasileira, Sexlog. E com Gustavo Ferreira, analista do Ysos.

Como saber se é a hora de abrir a relação?

De acordo com a diretora do Sexlog, Mayumi Sato, o momento certo de abrir é quando o relacionamento vai bem e há comunicação: “É importante pontuar que se o relacionamento vai mal, não é hora de tentar algo não-monogâmico, ou ainda tentar abrir a relação a fim de resolver uma crise”, explica.

“Não é convencimento e sim alinhamento. O casal tem que estar de acordo com isso”, esclarece Gustavo.

Mayumi orienta, que ao contrário da monogamia, onde há regras e é tudo estático, o relacionamento não monogâmico é discutível e não há “regras escritas em pedra”. Adepta ao relacionamento não mono, ela recebe várias perguntas sobre o tema diariamente em seu Instagram. E compartilha que a maior confusão das pessoas é sobre estar solteiro ou em uma relação “não mono”: “É completamente diferente. Na relação não monogâmica você tem uma pessoa que você se dedica, conversa, estabelece limites juntos. Não é comparado a estar solteiro, onde você não tem um par”, elucida.

Zona cinzenta

Como já mencionado, neste tipo de relação é preciso muito diálogo com o par, a fim de alinhar as expectativas, nomear as regras e principalmente impor limites dentro da parceria.

Para Gustavo, o casal tem que estar disposto a tentar, e estar disponível para caso não dê certo: “É uma zona cinzenta, e é preciso estar receptivo, inclusive, a se posicionar sobre o que sabe que não quer”, explica. Não adianta tentar classificar ou se enquadrar em regras contrárias à monogamia”. Para ele, a regra de ouro é: “Sempre lembre que mesmo após muita conversa, você tem o direito de voltar atrás, inclusive, isso vale para tudo. No relacionamento, no sexo, em uma ideia, você tem que ter o direito de voltar atrás em tudo”.

Liberdade para retomar à monogamia

E quem já experimentou o relacionamento não-monogâmico, sabe que é comum dar uma pausa. E inclusive pode voltar atrás e ter um relacionamento fechado.

Gustavo ressalta que existem momentos específicos da vida a dois: “Muitas vezes o casal faz uma pausa de meses, e até anos, na relação não-monogâmica e depois volta”, conta. 

Por fim, fica o lembrete: a monogamia, assim como o relacionamento não mono, deve ser uma escolha pré-acordada entre todos os envolvidos.

Compartilhar notícia
Sair da versão mobile