Leite no c* e gritaria: confira histórias de festa liberal brasiliense

Sócios e performer da LUST relembram momentos marcantes da festa liberal pioneira de Brasília nos cinco anos de evento

Thamara Maria
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Os baladeiros de Brasília sabem: desde 2018, a LUST é pioneira em trazer o conceito de festa liberal para a capital. Desde então, foram 29 edições, sendo 25 presenciais e quatro virtuais durante a pandemia.

Coube a Igor Albuquerque e André Moreira a ideia de trazer um evento nesses moldes para Brasília. Em uma viagem para Berlim, na Alemanha, eles foram a festas liberais e perceberam que a cena da capital não oferecia uma opção que juntasse música de qualidade, pegação, corpos de todas as formas sendo livres e sexo sem tabu. “Misturamos a ideia ao jeito latino e ficou muito legal”, diz André.

Apesar da alcunha “festa liberal”, Igor ressalta que a LUST não é “bagunça”, mas sim um espaço seguro e sem julgamentos para que as pessoas expressem a si e suas sexualidades à vontade. “É uma festa de música eletrônica na qual o sexo não é tratado como um tabu. Consentimento é regra e não necessariamente todos vão estar pelados ou transando”, garante.

A LUST junta música eletrônica e sexo sem tabus
Festa LUST

O evento, que conta com performances artísticas e dark room, é um espaço seguro para a prática de fetiches, na maioria das vezes inspirados no universo BDSM (bondage e disciplina; dominação e submissão; sadismo e masoquismo). “Damos preferência para o disruptivo para fugir da ‘normatividade’ dos fetiches, como o sexo a três”, afirma.

Com isso, a LUST se torna um divisor de águas na vida de quem a frequenta – tanto na percepção do outro quanto na de si mesmo. “Eu não sabia que era exibicionista até performar pela primeira vez no palco. Quando estava lá, vendo o público observando, entendi que muitos deles queriam estar comigo ou no meu lugar. Gostei daquilo”, conta o diretor de performances Pablo Jesus.

Se a LUST falasse…

Em cinco anos de evento, é claro que os entrevistados teriam mil e uma histórias marcantes e babadeiras para contar. Curioso(a)? Confira os relatos:

“A LUST tem orgulho de ser fora dos padrões e ter uma diversidade imensa de corpos. Não é como muitas festas LGBTQIA + em que só se vê homens descamisados, todos bombados, depilados e iguais. Na última edição, vi um homem trans andando pelado, achei uma atitude muito livre e bacana, me marcou. Depois, ele postou no Twitter que fizeram fila para comer a b*ceta dele”

Igor
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Performances artísticas e eróticas são sempre atração
A LUST é um espaço sem julgamentos para fetichismo e o disruptivo
Festa LUST
Performances artísticas

“Em uma edição de Halloween, na performance, tinha uma cena em que eu colocava leite no c* dele. E quando eu menos esperava ele soltou aquilo na minha cara! Agora, toda vez que eu bebo leite eu lembro dessa cena”

Pablo

“Teve uma apresentação na qual uma das nossas performers que é uma gordelícia muito estilosa, toda tatuada, meio Suicide Girl, contracenava com um rapaz que também é superpresença. Ela torturava o saco dele, amarrava. E era chocante, porque a gente via dor na cara dele, mas ao mesmo tempo prazer”

André

“Na edição de Natal, a gente construiu uma árvore gigante em formato de p*roca, e no lugar da estrela de Natal era um piercing de LED. Você chegava e tinha o Papai Noel com o pênis duro de fora recebendo todo mundo, colocando no colo. E as pessoas podiam pegar prendas no saco dele, que iam desde levar uma palmada até chupar a r*la”

Igor

“Na mesma edição, um performer estava de rena puxando o trenó da Mamãe Noel pelo c*, ele estava preso por um dildo. A Mamãe Noel é uma dominatrix da cidade que o suspendeu pelo c*, fez ele sentar em um consolo muito grande e começou a transformá-lo numa árvore. Foi pregando bolinhas, convidava pessoas para colocarem, e enquanto isso ele estava pelado, empalado e suspenso. Foi surreal e intenso”

Igor
As edições natalinas são sempre icônicas

“Tem um cara que performou uma vez em uma edição de Carnaval, e além dele não ser do meio artístico, ele não tem um corpo padrão. É um cara gordo que convidamos e o inserimos nesse contexto, demos oficinas, por exemplo. Depois, ele deu um relato que nunca havia se imaginado com aquele poder e aquela potência. Hoje, ele se vê com outros olhos, consegue enxergar uma beleza que antes não via. Isso transforma as pessoas”

André

Sexo chocolatudo

A próxima edição da LUST acontece no dia 15 de abril e, com o gancho da Páscoa, vai trazer o tema LUST Chocolate. Na ocasião, todas as performances da festa serão recheadas de muito chocolate.

“Vamos trabalhar utilizando o chocolate em cenas de dominação e jogos de BDSM. Sem muitos spoilers, mas teremos um figurino construído totalmente de chocolate que vai ser devorado no corpo do performer e também uma competição na qual vai ser usado um elemento surpresa feito de chocolate. Vai ser muito bacana”, garante Pablo.

A LUST preza pela diversidade de corpos e se orgulha de fugir dos padrões de muitas festas LGBTQIA+
Performances exibicionistas
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