Quando se fala em Kama Sutra, as pessoas logo pensam em diferentes posições diferentonas na cama e, claro, um sexo picante. Inclusive, muita gente acha que para ser bom na transa, tem que saber as posturas do livro sagrado do prazer.
Porém, a literatura mais antiga sobre sexualidade vai bem além da prática do sexo ousado. De acordo com a sexóloga Michelle Sampaio, o livro foi escrito em sânscrito antigo por Vatsyayana, um filósofo indiano. Ainda hoje, depois de séculos, é considerado um guia das posições sexuais.
“Mais importante do que as posições que traz, o Kama Sutra trata de comportamento humano. A essência do que a obra é acabou se distorcendo ao longo dos tempos e das traduções”, reforça. Ela ainda ressalta que, segundo a PhD e professora assistente sobre mulheres, gênero e sexualidade da Universidade de Harvard Durba Mitra, o “Kama Sutra é um livro de filosofia sobre ética e estética”.
1/5Durante as diferentes traduções, porém, o texto foi perdendo partes do conteúdo e ressaltando apenas os trechos quentes: “A parte que fala de sexo toma apenas 20% da obra. Mais do que posições, ele aborda a importância da intimidade e da conexão e que é importante conhecimento científico para ter satisfação no sexo”, esclarece.
Por isso, a Pouca Vergonha bateu um papo com a especialista que listou algumas curiosidades sobre o livro que traz 529 posições. Confira.
Valoriza a conexão
A primeira informação sobre o Kama Sutra é que o livro valoriza a intimidade e a conexão entre os pares. “É importante estar conectado e presente para ter prazer. Como tudo na vida”, explica. Para quem pensava que o livro era apenas sobre posições que mais parecem malabarismos, ele vai além e reforça que, por meio de toques e da conexão física, as posições foram criadas para gerar maior intimidade emocional entre a parceria.
Prioriza o orgasmo feminino
Outra curiosidade do livro é que o homem deve priorizar o orgasmo feminino.
“A seção de sexualidade do Kama Sutra foi feita para ensinar os homens a priorizar a sexualidade da mulher antes do prazer deles. Eles acreditavam que se a mulher estivesse plenamente feliz sexualmente, a vida sexual dentro do casamento duraria mais”, resume.
Não é só um manual do sexo
A obra tem sete seções, mas apenas uma é dedicada à sexualidade. Embora traga uma grande variedade de posições, 80% da obra na realidade trata de diferentes filosofias e teorias sobre a vida, conduta, sobre como ganhar dinheiro e até como ter uma boa esposa.
Por fim, não se trata de conseguir fazer todas aquelas posições sexuais, e sim ter intimidade com a parceria e se sentir à vontade para novas experiências que irão fortalecer a intimidade e a conexão. “Vale até tentar as posições do Kama Sutra, mas por que não inventam vocês mesmos novos jeitos de transar que sejam possíveis para vocês?”, finaliza.