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A verdade que não cabe nos manuais dos motoboys da esquerda

Eles querem criar uma legislação que dá aos entregadores de aplicativos os mesmos direitos da CLT. Querem criar patrão para quem não quer

atualizado

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Hugo Barreto/ Metrópoles
Bancos quebrados no ponto de táxi
1 de 1 Bancos quebrados no ponto de táxi - Foto: Hugo Barreto/ Metrópoles

Você está preparado para não ter mais aplicativos de entregas de comidas, remédios e o que mais for? Ou, então, para ter uma oferta muito menor do que a de hoje? Porque é isso que deve acontecer se o governo Lula levar adiante a ideia de criar uma legislação que dê aos prestadores de serviço por meio de aplicativos os mesmos direitos de trabalhadores cobertos pela CLT.

Segundo o Ipea, 1,5 milhão de brasileiros encontraram um meio de escapar do desemprego graças aos aplicativos de entregas. Não é o melhor trabalho do mundo, ninguém é tolo de acreditar nisso, mas um bocado de gente estaria passando necessidades extremas, se não tivesse essa opção. O cidadão se registra junto a um aplicativo — ou mais de um — e ganha um valor mínimo por entrega, ao qual outros podem ser acrescidos, a depender da variável, como dia e horário da entrega e quilômetros percorridos. 

Não há vínculo empregatício entre a empresa do aplicativo e o entregador. O atual governo pretendia regulamentar essa modalidade de trabalho da seguinte forma: os entregadores pagariam contribuição previdenciária na condição de microempreendedores individuais e, assim, passariam a ter direitos idênticos aos deles. Ou seja, passariam a ter alguma proteção social, o que é necessário, não resta dúvida. Mas, como autonomia é anátema para a esquerda, o governo Lula quer enquadrar os aplicativos de entregas numa legislação que vai contra a própria natureza do serviço. Faz parte do desmonte dos avanços obtidos com a Reforma Trabalhista.

O economista Clemente Ganz Lúcio, que integra o grupo de transição de governo, disse ao jornal O Globo que “se um trabalhador presta serviço a um só empregador, o entendimento é que essa relação de trabalho se enquadra nas regras da CLT. Se o trabalhador presta serviço para várias plataformas, a ideia é criar um regime capaz de promover e garantir direitos e deveres de todas as partes, trabalhadores, plataformas, entes públicos como a prefeitura e os próprios consumidores”. É um modelo parecido com o da Espanha, onde, por causa da regulação excessiva, a atividade se tornou cara demais para todo mundo. Não aprender com os erros dos outros é uma especialidade da esquerda que foi levada ao estado de arte no Brasil.

Ao fim e ao cabo, há outra vez muita gente querendo engessar quem não quer ser tolhido nos seus movimentos. A verdade que não cabe nos manuais dos motoboys da esquerda é a que a maior parte dos entregadores encontrou na falta de opção estrutural uma opção circunstancial: a de não ter patrão, ser o chefe de si próprio e fazer os próprios horários. E eles já se mostraram capazes de se mobilizar por melhores condições de trabalho, sem que essa gente que ama a humanidade se metesse no meio. Gente que deveria estar mais preocupada em fazer com que o país criasse profissionais qualificados e produtivos, no mais curto espaço de tempo possível, em vez de criar patrão para quem não quer isso.

Você aí que vai me xingar, sinta-se livre. Mas sugiro não pedir pizza pelo iFood ou por qualquer outro aplicativo hoje à noite. É com pequenas atitudes como essa que você ajuda a salvar o mundo. 

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