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Os eventos presenciais estão cada dia mais próximos

Fundadora e CEO da MCM Brand Experience, Mônica Schimenes comenta sobre o futuro do mercado e sobre os cuidados necessários nesse retorno

atualizado

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Mônica
1 de 1 Mônica - Foto: Divulgação/Assessoria

Talvez muitos não saibam, mas o mercado de eventos no Brasil, incluindo os setores de cultura, esportes, entretenimento e negócios, movimenta cerca de R$ 936 milhões por ano, o que representa 13% do PIB brasileiro. Além disso, o número de empregos diretos e indiretos gerados com os eventos é imenso. Uma pesquisa feita pelo Sebrae em abril do ano passado apontou que a pandemia afetou 98% do setor no país e a percepção de mais da metade dos entrevistados era de que o faturamento seria reduzido de 76% a 100%.

A Associação Brasileira de Promotores de Eventos (Abrape) indicou, por meio de um levantamento no início deste ano, que mais de 450 mil empregos na área foram perdidos com o confinamento. Mas, com o avanço da vacinação, a liberação dos eventos presenciais e a divulgação de datas para eventos corporativos, feiras e de entretenimento, o mercado demonstra que está voltando.

Com mais de 50% da população com a vacina em dia, eventos-teste estão ocorrendo para mostrar se a população está preparada para o retorno do presencial, além de analisar se os protocolos de segurança são realmente efetivos. A Ubrafe (União Brasileira de Feiras e Eventos de Negócios) divulgou um levantamento com 80 eventos presenciais confirmados até dezembro deste ano.

Como CEO de uma agência de eventos e marketing especializada em atender multinacionais, percebo que o receio da segurança é o que mais impacta a retomada do presencial, principalmente quando falamos em empresas globais, pois são regidas pela matriz e a realidade dos países é diferente, dificultando o desenvolvimento de ações locais.

Os corajosos vão saindo na frente, analisam as medidas de segurança necessárias e investem no futuro do mercado. No cenário internacional, já é possível observar o retorno dos eventos presenciais em grande escala. Um dos principais eventos do mundo da moda, o Fashion Week, ocorreu na cidade de Paris no formato presencial, entre 28 de setembro e 6 de outubro, e contou com, aproximadamente, 5 mil pessoas reunidas por dia, entre elas celebridades, modelos e estilistas de renome.

Outro exemplo é o Web Summit, uma das maiores conferências anuais de tecnologia do mundo. Na edição de 2021, o evento tinha a expectativa de receber 10 mil pessoas, mas superou a meta com mais de 40 mil participantes, em grande maioria mulheres.

No mês de setembro, os shows retornaram e grandes artistas da música voltaram a fazer apresentações e tours, como a banda Aerosmith, que começou a turnê de 50 anos pelos EUA. Os espetáculos da Broadway também retornaram em setembro deste ano.

O Business Show, feira da indústria dos eventos corporativos, incentivos, congressos e feiras, também fez a sua 19ª edição no formato presencial no fim de outubro. As edições presenciais neste ano tiveram resultados muito bem-sucedidos e mostraram que é possível preparar e executar as ações com prudência dentro das opções que temos.

A segurança é de extrema importância para essa retomada e a responsabilidade é da equipe organizadora do evento. Para manter os participantes seguros, há diversas alternativas e protocolos indicados. Em primeiro lugar, deve-se entender os protocolos de saúde da própria empresa que está realizando o evento e torná-los efetivos dentro da ação. Além disso, exigir o comprovante de vacinação, realizar testes de Covid antes do check-in e determinar o uso obrigatório de máscaras são cuidados fundamentais para proteger os convidados e colaboradores.

Esse movimento de retorno vai gerar muitos empregos que foram perdidos nos últimos dois anos, afinal, o networking que envolve a realização de um evento é enorme. São companhias aéreas, hotéis, pousadas, fornecedores de diversos serviços e produtos, ou seja, com todos esses setores novamente em movimento, a economia do Brasil melhorará muito. Além do mais, trará o que a sociedade, mesmo com um certo receio, tanto deseja: olho no olho e contato humano nas experiências.

Quando estamos em um evento on-line, o nosso foco pode ser influenciado com muita facilidade, afinal, em frente a uma tela tudo pode acontecer: o telefone toca, chega um e-mail importante, o filho chama em outro cômodo da casa, enfim, diversas são as situações que podem influenciar na atenção do espectador. Já no evento presencial, a preparação começa cedo. Pensamos no conforto da roupa e sapato que usaremos, escolhemos um bom lugar para sentar e assistir a palestra, observamos os participantes e fazemos novas amizades com pessoas com vivências similares às nossas e, consequentemente, prestamos mais atenção no conteúdo. Ou seja, a mensagem é transmitida de forma enfática ao ouvinte.

Claro que as experiências on-line e híbridas ficarão, é o momento do ‘omnichannel’. Tudo vai ocorrer em diversos canais, mas cada um com a performance mais adequada para a transmissão da mensagem desejada, a fim de conseguir o melhor desempenho para a ação idealizada. Muitos aprendizados do on-line vão fortalecer os eventos presenciais. Melhoramos muito a qualidade do que tínhamos, principalmente de transmissões audiovisuais e produção de conteúdo multimídia. A capacitação para manusear os avanços tecnológicos para as apresentações fará toda a diferença nesse retorno.

Os bares estão lotados, assim como os restaurantes, pontos turísticos e aeroportos. As pessoas demonstram o desejo pelo retorno, mas querem a garantia da segurança, é claro. Em todos os eventos presenciais que a minha agência realizou neste ano, testamos os participantes e não houve nenhum tipo de registro de transmissão do vírus em nossas ações. O mesmo fator também pode ser observado em outros eventos-teste ao redor do Brasil e do mundo.

Quando houver dúvida se será possível garantir a segurança de todos os participantes em um evento presencial, deve-se optar pelo formato híbrido ou on-line. O budget também será um ponto de atenção na hora da tomada de decisão das empresas para planejar os encontros. Mas, caso a organização queira garantir a melhor experiência do seu consumidor e entregar o tão desejado “olho no olho”, deve-se apostar no presencial novamente sem medo, mas com muito planejamento e responsabilidade para garantir a segurança de colaboradores e participantes.

Mônica Schimenes é fundadora e CEO da MCM Brand Experience, grupo de comunicação integrada com atuação nacional e internacional. É presidente do Conselho de Empresárias da WEConnect International do Brasil, foi eleita “Mulher Empreendedora Global do Ano” pela WEConnect International, reconhecida como empreendedora Global pela IWEC International e é participante do programa Winning Women da EY.

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