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Restaurante Almería traz frescor à cena gastronômica e vale mais de uma visita

Chef Luiza Jabour faz comida mediterrânea com personalidade e muito sabor, em um ambiente charmoso e convidativo

atualizado

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Foto: Reprodução/Instagram
home almeria
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Estou arrependida. Demorei 10 meses para conhecer o restaurante Almería. Ensaiei algumas idas desde que a casa começou a funcionar no Clube de Golfe de Brasília, mas esbarrava na agenda, na correria, nos afazeres infinitos e diários. Não cometa esse mesmo erro, porque eu estou aqui lamentando os pratos que não comi neste período.

Na semana passada, finalmente eu fui lá conferir a experiência e a comida preparada pela chef Luiza Jabour e seus sócios: o irmão, Guto, o marido Thiago Lyra e a cunhada, Bianca Gregório, responsável pela ambientação. A casa está fazendo a primeira mudança de menu, sob o tema primavera-verão. Então, aproveitei para ser pega pelo estômago e me redimir pela ausência, duas vezes, diga-se de passagem. Sim, eu sou daquelas que compra dois sapatos do mesmo modelo, em cores diferentes. Então, por que não iria ao mesmo restaurante duas vezes na mesma semana (risos)?

Primeiramente, preciso falar sobre o ambiente aberto. Em tempos de pandemia, nada melhor que ventilação natural pra gente se sentir seguro. O afastamento das mesas também está bem adequado. Gosto dos tons de azul, que remetem ao mar mediterrâneo. Os azulejos pintados com ingredientes do menu que decoram a estrutura do mar também me chamam a atenção. Palha, tecidos, as cadeiras. Tudo de muito bom gosto. Ponto para Bianca, que também é dona do Estúdio Leme.

O atendimento se mostra bastante cordial, atencioso sem ser invasivo. Curti! E a vista para o campo de golfe, claro, é uma atração à parte. Dá vontade de ir almoçar e emendar com o jantar, curtindo a brisa, sabe? Até porque a casa não fecha no intervalo da tarde. Outra vantagem de ouro é o estacionamento farto. Que bênção não ter de esperar por uma vaga.

A comida

Formada no Iesb, Luiza Jabour estava na França há uns dois anos quando a pandemia chegou. Por lá, estudou na Ferrandi e na Alain Ducasse, duas das escolas de gastronomia mais respeitadas do mundo. Também passou pelas cozinhas da Fauchon e do hotel Prince de Galles, duas referências de boa comida de Paris. Toda a incerteza em torno da Covid-19 a trouxe de volta a Brasília, seu porto seguro. Ao lado da família, veio a decisão de assumir o local deixado pelo Le Jardin, no Clube de Golfe, e estabelecer ali um endereço dedicado à culinária mediterrânea. A meu ver, este tipo de gastronomia, que pode apresentar uma diversidade de pratos de diversos países, tem tudo a ver com o clima quente da capital federal.

Do primeiro menu, não posso dizer nada. Não provei. Do novo, devo ressaltar que traz um certo frescor à cena gastronômica da cidade, que anda meio viciada em fórmulas batidas. Legumes com a mínima intervenção, frutas, azeite, ervas são a base da culinária mediterrânea e são muito bem utilizados pela cozinha, misturados a queijos, embutidos e macias proteínas.

O melão com presunto (R$ 58) é um exemplo. Acho que vou querer comer isso toda vez que for lá. Não que seja uma novidade misturar a fruta com o embutido. A dupla doce e salgada é bem clássica, inclusive. Mas a stracciatella que vem junto, cremosa que só ela, supera qualquer expectativa e harmoniza os contrapontos. Gostei também do falafel (R$ 38) com homus, servido com berinjelas confitadas e saladinha de repolho.

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Falando em salada, a Niçoise (R$ 62) ganhou o meu coração. Peixe branco curado na casa, tomates, picles de cebola roxa, tapenade de azeitonas e folhas são misturadas a um molho de acidez média e um toque de especiaria que me lembra pimenta síria. Delicinha para abrir a refeição.

Para seguir, sugiro a Fregola Del Mar (R$ 78). A pequenina massa em formato quadrado, produzida com sêmola ao invés de farinha de trigo, tem uma textura mais firme e foi combinada com um encorpado molho de pescados, manteiga e limão que acrescenta uma acidez bastante interessante. Camarões grandes vêm por cima no ponto perfeito, meio translúcidos, o que é raro encontrar por aí.

Nos principais, preciso destacar o polvo (R$ 125), que sofreu alterações para a segunda versão do cardápio. Agora, os tentáculos robustos e muito macios são acompanhados por homus de beterraba, farofinha crocante e batatas. Molho provençal e uma emulsão levemente picante complementam a criação. Para quem abre mão dos frutos do mar, o Filetto de Manzo (89) é boa pedida. Vem com nhoque de batata e um molho branco com jamón serrano.

Passando para as sobremesas, a que mais gostei foi a Suspiro Amarillo (R$ 34), com creme de confeiteiro aromatizado com tonka (também conhecida como cumaru) e um suculento molho de manga com maracujá. Simples, bem executada e diferente. Neste rol, vale prestar atenção também ao Take The Cannoli (R$ 34). Vou admitir que não sou fã deste tubinho recheado, porque vira e mexe a massa é muito grosseira e dura, e o creme de ricota, seco e sem graça. Mas no Almería, eu comi feliz nas minhas duas idas. As quatro unidades vêm dentro de uma caixa de madeira e cada uma delas tem um recheio diferente (pistache, chocolate com laranja, framboesa e ricota com gotas de chocolate). Para os chocólatras, vou indicar a Cacau³ (R$ 35) com bolo, sorvete e creme em diversas graduações, mais chantilly de laranja.

Mulher vestida de dolmã sorrindo
A chef Luiza Jabour comanda o Almería
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Fora o menu a la carte, a casa tem a Formule du Jour, um menu executivo a R$ 65, disponível de terça a sextas, das 12h às 15h, com entrada ou salada do dia, mais prato principal. As opções são baby beef na brasa com legumes grelhados, farofa e vinagrete de maçã; peixe à milanesa, musseline de batata doce roxa e molho provençal; coxa e sobrecoxa de frango assadas com polenta cremosa e tomates confitados; ou risoto de linguiça artesanal do Leo Hamu, queijo parmesão e gema caipira.

Outro ponto de destaque é a carta de drinques. Adorei o Olivae (R$ 32), com gim, pepino, jerez, sumo de limão, xarope de açúcar e tônica. O El Rastro (R$ 42) também tem base de gim com flor de Sevilla, xarope de laranja, sumo de limão siciliano, tônica e perfume e tangerina. Ambos são bem refrescantes e combinam com o clima do local, especialmente no almoço. Para o jantar, pediria ainda um Negroni. Tem o clássico (R$ 35), o envelhecido (R$ 45) e o Sbagliato (R$ 38), com espumante.

Escrevendo esta matéria, me deu vontade de ir novamente. Ainda tem bastante coisa para provar. E estou certa de que não vou me decepcionar. Luiza e seu time estão de parabéns.

Serviço
Almería
Clube de Golfe – Setor de Clubes Esportivos Sul, Trecho 2, Lote 02
Terça-feira a sábado, das 12h às 23h. Domingo, das 12h às 17h.
Reservas: (61) 99337-8338

Para mais dicas e informações sobre gastronomia, siga-me no Instagram (@lucianabarbo).

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