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“Os nerds sempre sofreram chacota”, diz Felícia Rock

A coluna conversou com Felícia, de 25 anos e natural de Recife, sobre a importância da inclusão das mulheres no mercado geek

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Felicia Rock 3
1 de 1 Felicia Rock 3 - Foto: divulgação

Os animes, filmes, quadrinhos, jogos e séries nerds ganharam um dia dedicado a eles. Nesta quarta-feira (25/5) é comemorado o Dia do Orgulho Geek ou Dia da Toalha — uma referência à clássica série de livros Guia do Mochileiro das Galáxias, do britânico Douglas Adams. Neste universo, na maioria das vezes, dominado por homens, surgiu a cantora Felicia Rock como representante feminina dessa cultura.

A coluna conversou com Felícia, de 25 anos e natural de Recife, sobre a importância da inclusão das mulheres no mercado geek, inspirações e quais as recomendações para quem deseja ingressar nesse segmento.

Veja imagens da cantora

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Léo Dias – Em um cenário dominado por homens, como é ser uma representante feminina na música geek ?

Felícia – É um desafio, porque o lance da identificação é algo importante. Pelo fato de grande parte do público ser do gênero masculino, há uma boa chance que eles não se identifiquem com meus sons e sim com o dos homens da cena. Mas, ao mesmo tempo, as meninas estão começando a consumir cada vez mais a música geek. Quero estar aqui para elas e, por meio dos meus sons, valorizar as personagens e passar mensagens para essas garotas iguais a mim, nerds. Mensagem de superação, autoestima. Além de lançar sons descontraídos, mais pop.

Como surgiu esse interesse pelo mundo geek e a vontade de ser uma cantora profissional no gênero?

Eu cresci recebendo essa influência do meu pai. Era uma criança muito nerd, meus assuntos giravam sempre em torno dos filmes, dos jogos, temas acadêmicos/científicos, histórias de fantasia. E também amava as trilhas sonoras dos animes. Comecei a cantar essas músicas no meu canal, depois decidi criar meus sons autorais geek. Não foi algo da noite para o dia, foram duas paixões da minha vida que acabaram se cruzando. Agora, estamos aqui.

Você é destaque do rap/música geek. Como foi o processo de criação da sua identidade artística e escolha do seu nome?

Quando decidi ser cantora, escolhi meu segundo nome, Felícia. Quase ninguém me chamava assim ou nem sabia que eu tinha esse nome. Por não ser tão comum no Brasil, achei que seria interessante começar a usar. E o “rock” foi porque, na época, em 2011, eu estava vivendo minha experiência com o gênero rock mesmo, postava vários covers de sons do Evanescence, Nightwish, etc. Era a “Felícia que canta rock”. Mas sou bem hiperativa, meio difícil de me prender num gênero só. Fui construindo minha identidade também a partir do visual, as pessoas me conhecem pelos cabelos coloridos, aproveito e monto cosplays também. Meus sons também contribuíram demais na identidade.

O universo geek possui muitos segmentos como animes, quadrinhos e jogos. Quais suas principais inspirações para a composição das músicas ?

Me inspiro atualmente mais nos animes, embora já tenha feito sobre esses outros temas também. Quero trazer mais filmes e séries em breve.

Qual a importância do Dia do Orgulho Geek ou Dia da Toalha?

Acredito que seja um consenso de que os nerds sempre sofreram chacota na sociedade, por conta do estereótipo de que são ”esquisitos”, tem gostos supostamente ”infantis” e são pessoas que vive em casa estudando, jogando ou vendo algum anime/filme. Mas a realidade não é assim. Existem diversos tipos de pessoas que compartilham da cultura nerd e as coisas que a gente consome não tem que ser motivo nenhum de vergonha, porque são incríveis. É um universo rico que ultrapassa gerações e movimenta bilhões no mercado. Além de marcar a vida de muita gente de uma forma profunda. É importante ter um dia para pedirmos mais respeito, parar e dizer: “Olha só como a gente faz parte de algo tão genial. Olha só como a gente está cada dia mais gerando tendência no mundo”.

O mundo geek e dos nerds precisam de mais representatividade no Brasil?

Precisam sim. Acredito que nosso espaço na TV ainda é muito pequeno, pois o que temos está mais focado mesmo nos games. Gostaria de ver mais espaço para a galera de filmes, séries, literatura, que voltassem a passar animes na TV aberta como antes. Seria perfeito também mais mídia para conteúdo científico e tecnológico, pois é algo inseparável do geek. E, claro, quero ver nossa música ganhando seu espaço nos festivais e na mídia.

Quais os principais conselhos para quem deseja entrar nesse universo?

Peço que, por favor, entrem se entregando de verdade. O caminho foi aberto a custo de muito desdém e hoje muitas pessoas já olham diferente, mas espero que entrem aqueles que amam de verdade nossa cultura. Façam isso com amor, tentem ser o mais profissional possível também para que sejam conteúdos de qualidade. E, claro, sempre busquem originalidade.

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