Depois de temporada elogiada, Ilha Record decepciona na final

De formato inovador, reality agrada público e crítica, mas decepciona com clima morno no episódio que consagrou Any Borges

Murilo Ribeiro
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Algo parecia errado no estúdio da Record TV na noite de quinta-feira (9/9). Participantes com a expressão tensa e monossilábicos não facilitaram a missão da apresentadora da Ilha Record, Sabrina Sato, que, por dever de ofício, precisava convencer o público de que todos acompanhavam uma noite muito emocionante. Pode ter sido a intenção, mas não foi o que se viu durante a maior parte da noite.

Finalista da disputa pelo prêmio de R$ 500 mil, Pyong Lee participou da decisão de casa, via internet, após chegar à emissora e testar positivo para a Covid-19. O mais desanimado dentre os exploradores, o influenciador contou ter apenas sintomas leves da doença, o que permite supor que a evidente má vontade em interagir durante toda a transmissão tinha outras motivações.

Talvez ele tenha pressentido mais uma derrota num reality show…

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Mas a final do Ilha Record decepcionou
Any Borges ganhou a primeira temporada da Ilha Record e uma bolada: R$ 500 mil
Mirella Santos, a favorita do público
Ele perdeu a final do Ilha Record
Sabrina Sato

A final só teve dois momentos em que o clima fúnebre deu lugar à emoção que se espera do desfecho de um reality show. O primeiro, quando Mirella Santos venceu a disputa com Nadja Pessoa e faturou o prêmio de R$ 250 mil, fazendo quase todo o elenco comemorar bastante.

O segundo foi justamente o anúncio da derrota de Pyong Lee para Any Borges. Apontado como maior jogador do programa e muito criticado dentro e fora do reality por apresentar um comportamento um tanto quanto prepotente na disputa, o ex-BBB passa a acumular mais uma derrota num programa do gênero.

O sistema de votação, aliás, pareceu bem confuso e o público ficou sem entender ao certo como seriam computados os votos que definiriam o destino do prêmio que acabou com Mirella. Aliás, questionada por Lucas Selfie, até mesmo Sabrina Sato demonstrou não saber ao certo como a votação funcionava. Sem resposta, a apresentadora se saiu com uma espécie de pedido de socorro: “Não me complica, não”, pediu, rindo com a simpatia de sempre.

Apesar do anticlímax da final, o programa termina deixando a impressão de que a emissora cumpriu a promessa de entregar ao público um formato inovador, imprevisível, cheio de tretas e aventura. O desafio, agora, é manter a atmosfera de novidade nas próximas temporadas.

O formato foi desenvolvido pela equipe comandada por Rodrigo Carelli. Considerado um dos maiores especialistas em realities da TV brasileira, Carelli — que assina sucessos como Casa dos Artistas e A Fazenda — pinçou aqui e ali elementos nunca antes reunidos. Inclusive, na concorrência. Afinal: não seria a Caverna do Exílio uma prima distante do Quarto Branco, do BBB?

Além de capturar e juntar boas ideias, diretor e equipe acrescentaram novidades que fizeram toda a diferença. A primeira, fazer com os times não fossem fixos. A cada semana jogadores se reagrupavam, o que tornou a disputa mais dinâmica e menos óbvia. Outro grande achado foi não eliminar os participantes derrotados nas provas e, mais que isso: dar a eles chances de interferirem no jogo principal. Foi uma delícia ver os planos geniais de Pyong Lee sendo sabotados por Lucas Selfie e companhia. Igualmente divertido foi ver a falta de sorte e de tino para o jogo da galera do exílio.

Totalmente gravado, o Ilha Record também se beneficiou da falta de interferência direta do público, que costuma punir os chamados vilões. Livres para tramar, os exploradores embarcaram em estratégias, criaram confusão, espalharam mentiras e representaram personagens que pareciam não ter a obrigação de agradar ao povo do sofá. Nomes como Nadja Pessoa, Lucas Selfie e Pyong Lee se destacaram por mergulhar de cabeça na aventura, sem medo do cancelamento.

Por falar em Pyong, a reta final do programa mostrou que não tinha sido exagerado o destaque dado pela emissora à aproximação entre o ex-BBB e Antonela Avellaneda. A dupla, que deu o que falar antes mesmo da estreia, também virou assunto entre os demais exploradores. Carelli apenas sentiu que a história renderia aqui fora. E rendeu mesmo. Ponto pra ele.

Se a audiência não chegou a empolgar, fixada na casa dos 7 pontos, na Grande São Paulo, também não decepcionou. Mas não é difícil imaginar que a emissora poderia atingir resultados melhores se não tivesse lançado o reality de Sabrina Sato justamente no início da Olimpíada de Tóquio. Com os Jogos Olímpicos na Globo, muita gente preferiu ver a disputa por medalhas e acabou não embarcando nos duelos por pedaços de mapa. Por essa o Guardião não esperava…

A despeito do nervosismo do último episódio — o único transmitido ao vivo em toda a temporada –, Sabrina Sato surpreendeu como apresentadora, num papel diferente daquele a que está habituada. Mais séria, incisiva, falando mais pausadamente e com o carisma de sempre, a japa mais querida da TV brasileira não desperdiçou a oportunidade. Outro acerto!

De acordo com informações que correm nos bastidores, a Record tem interesse em produzir uma nova temporada da Ilha em 2022. Complicado vai ser surpreender público e participantes tanto quanto nesta primeira leva de episódios.

Será que Carelli e companhia vencem esse desafio?

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