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Servidores da PCDF lotados no laboratório de análise de drogas temem por segurança do local

Em documento obtido pelo Metrópoles, peritos reivindicam sistema para monitoramento e também aumento de efetivo durante plantões

atualizado

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Lúcio Bernardo Jr./Agência Brasília
Instituto de criminalística
1 de 1 Instituto de criminalística - Foto: Lúcio Bernardo Jr./Agência Brasília

Os peritos criminais que trabalham dentro da sede do Instituto de Criminalística estão apreensivos pela falta de segurança no local, principalmente no Laboratório de Química e Física Forense, setor responsável por examinar, por exemplo, as drogas ilícitas apreendidas pela Polícia Civil (PCDF).

Documento obtido pelo Metrópoles mostra que servidores da unidade advertem a Direção de Perícias Laboratoriais sobre a exposição constante dos funcionários, a falta de controle de acesso ao local e, ainda, a necessidade de um sistema interno para monitorar, em tempo integral, o setor.

“Verifica-se a necessidade urgente de instalar um sistema de controle de acesso ao laboratório, principalmente em áreas críticas, bem como um sistema de monitoramento por imagens 24h. Tal medida se justifica devido à grande quantidade de vestígios, em especial drogas ilícitas, que se concentram neste laboratório para análise. Salienta-se que outras unidades da PCDF, como exemplo a Coordenação de Repressão a Drogas (CORD), já possuem esta ferramenta de controle, segundo a mesma justificativa acima elencada”, justifica o documento.

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Plantão Noturno

Outra preocupação dos peritos criminais que atuam na unidade é com a falta de profissionais na unidade do laboratório, principalmente na escala de plantão.

“Ressalta-se que a primeira e principal recomendação de segurança para áreas laboratoriais é nunca permitir a permanência de apenas uma pessoa em área laboratorial. Cabe lembrar  o acidente ocorrido em área de teste balístico, na Seção de Balística Forenses (SBF), no ano de 2014, que resultou na morte de um servidor perito criminal. As circunstâncias do ocorrido não foram registradas devido à ausência de monitoramento por imagens e, além disso, o servidor se encontrava sozinho, descumprindo regra básica de segurança”.

Por isso, os servidores reforçam a necessidade de compor equipe de plantão de drogas, que deverá ser formada por dois peritos criminais e dois agentes de atividades complementares de segurança pública, área de laboratório.

Em outro trecho, o memorando interno também alerta sobre o descarte de resíduos considerados perigosos, já que a manipulação do material integra a atribuição do laboratório. Embora o descarte adequado desses desses produtos tenha sido definido com a empresa responsável, ainda não foi estabelecido “uma rotina de descarte para vestígios considerados perigosos, como solventes inflamáveis, materiais explosivos e toxicantes”.

Riscos aos servidores

“Sendo assim, este Laboratório restitui os materiais apreendidos para as delegacias solicitantes ou seção de origem, expondo à risco esses destinatários, bem como todos os servidores envolvidos na cadeia de custódia de vestígios. Embora algumas autoridades policiais manifestem preocupação quanto ao armazenamento desses materiais em sede das delegacias de polícia, nada pode ser feito, uma vez que não existe autorização para descarte de vestígios, ainda que sejam perigosos”, reforça.

“Oportuno salientar que o corpo técnico deste laboratório possui conhecimento nas áreas de química e farmácia e, de fato, são os servidores mais indicados para manipular e decidir sobre o descarte adequado. Além disso, como anteriormente mencionado, a Polícia Civil do DF possui contrato vigente para descarte de resíduos especiais, nos quais se enquadram todos os materiais elencados acima, de maneira que uma nova rotina de descarte de vestígios não acarretaria custos para a Instituição. Entretanto, reduziria os trâmites de vestígios perigos por pessoal administrativo, bem como diminuiria o armazenamento em depósitos”, completa.

A reportagem tentou contato com a Polícia Civil e, por nota, a entidade informou que “as questões abordadas são de ordem interna corporis e já estavam sendo tratadas pela Instituição”.

A PCDF ressaltou ainda que os laboratórios de seu Instituto de Criminalística, “em virtude de investimentos maciços nos últimos anos, figuram como referência nacional e internacional no que tange a estruturas físicas, equipamentos e qualificação dos servidores”.

 

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