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Sem previsão contratual, roupa suja do hospital do Mané sobrecarrega Hran

Servidores relatam receber até 400kg de vestimentas contaminadas por Covid-19 por remessa para serem lavadas na unidade de referência do DF

atualizado

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1 de 1 lavanderia1 - Foto: Material cedido ao Metrópoles

A falta de previsão no contrato firmado entre a Secretaria de Saúde e a entidade que mantém o Hospital de Campanha do Mané Garrincha  está levando a lavanderia do Hospital Regional da Asa Norte (Hran) à beira de um colapso.

Extrato publicado no Diário Oficial do DF (DODF) em 20 de abril de 2020 aponta que a contratação emergencial com o Hospital Domiciliar do Brasil se deu no valor de R$ 79.449.903,00, com dispensa de licitação. O montante, contudo, não inclui os custos com lavagem e esterilização dos enxovais usados por pacientes e profissionais de saúde do hospital de campanha.

O material, então, passou a sobrecarregar o setor responsável do Hran, hospital referência no tratamento do coronavírus no DF. Servidores ouvidos pelo Metrópoles informaram que cada remessa do Mané se aproxima de 400kg  de roupas sujas. No início da gestão da unidade temporária, essa quantidade não ultrapassava os 200kg.

“O Hran está lavando e secando a roupa do hospital de campanha contratado para ser gerido por uma empresa terceirizada. O problema é que aumentou a demanda e estamos usando o insumo daqui mesmo. Eles reclamam, mandam contar toda a roupa suja para a conferência na entrega. Eles disseram que parte do material entregue estava sumindo”, disse uma servidora do Hran, que pediu para ter o nome preservado.

Confira imagens: 

 

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Reclamações

Documentos internos obtidos pela coluna registram reclamação oficial da empresa contratada à Secretaria de Saúde e alega atraso por parte dos funcionários do Hran em entregar o material esterilizado para os pacientes com Sars-Cov-2. A empresa Hospital Domiciliar do Brasil afirma ter adquirido, por exemplo, 426 mantas térmicas, sendo este número suficiente para atender dois giros de enxoval a 200 pacientes.

“Apesar de toda essa margem de segurança obtida pela contratada para o atendimento eficaz aos pacientes, a lavanderia disponibilizada para atender o Hospital de Campanha Mané Garrincha (HCGM) vem trazendo dificuldades no fluxo continuo do processo”, pontua Keitiana Teixeira do Nascimento, que assina pela empresa responsável.

De acordo com a terceirizada, houve um acordo para o hospital de referência entregar as peças limpas até às 10h, mas o horário não estaria sendo cumprido pelos servidores. O processamento de roupas de serviços de saúde é uma atividade de apoio que influencia a qualidade da assistência à saúde e à segurança dos paciente e dos profissionais que atuam na linha de frente durante a pandemia.

“Aguardamos em caráter de urgência, providências quanto a regulação nos serviços de lavanderia, tendo em vista que a eficiente gestão e operacionalização da unidade de processamento de roupas, a capacitação de recursos humanos, bem como o cumprimento dos horários de entrega das roupas e quantitativo encaminhados, são aspectos que devem ser considerados visando à redução dos riscos e melhoria da qualidade na prestação de nossos serviços”.

Além de serviços de hotelaria – como é chamado internamente a desinfecção dos materiais usados por servidores e pacientes, o contrato milionário também não traz o fornecimento de exames laboratoriais e complementares, serviços de segurança patrimonial, reesterelização de materiais, energia elétrica, gases medicinais e água. Portanto, cabe à Secretaria de Saúde arcar com todos esses serviços enquanto a unidade estiver em funcionamento.

Outro lado

A Secretaria de Saúde foi questionada sobre a sobrecarga da lavanderia do Hran e o motivo da falta de previsão contratual para o serviço na unidade de campanha. Em nota, a pasta informou que “a lavagem de roupa hospitalar do Hospital de Campanha do Mané Garrincha está sendo realizada no Hran, de acordo com o que dispõe o contrato 069/2020, em seu artigo 10, inciso 11”. O contrato pode ser consultado aqui.

A coluna também procurou a empresa Hospital Domiciliar do Brasil, mas ela não havia retornado o contato até a publicação da reportagem. O espaço permanece aberto para manifestações futuras.

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