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Delegado da PCDF que plantava maconha permanece preso na Papuda

Marcelo Noronha tentava recurso, mas defesa informou que HC não foi concedido. Com isso, policial segue internado na triagem do CDP II

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
Vista geral da Papuda
1 de 1 Vista geral da Papuda - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Flagrado com diversas espécies de sementes e mudas, além de maconha já desenvolvida dentro de um lote em São Sebastião, do qual é proprietário, o delegado Marcelo Marinho de Noronha continua preso no Complexo Penitenciário da Papuda. Noronha integrava a Comissão Permanente de Disciplina (CPD) da Polícia Civil (PCDF), mas acabou exonerado após a detenção.

De acordo com o sistema da Secretaria do Sistema Penitenciário (Sesipe), na tarde desta sexta-feira (18/12), o policial ainda aparecia com o status “ativo”, o que indica a permanência do acusado no presídio. Usada como instrumento para advogados agendarem reuniões com internos, a plataforma eletrônica indicou que o delegado ainda estaria no Centro de Detenção Provisória (CDP II), na ala de triagem para Covid-19.

Procurada pelo Metrópoles, a defesa do delegado confirmou que a Justiça ainda não concedeu um habeas corpus para que ele deixe a Papuda.

Veja a imagem do sistema:
Sistema da Sesipe-DF indica permanência na prisão de delegado flagrado com maconha
Família solta

Após a grande repercussão do caso, a Justiça acatou o pedido da defesa e determinou que o processo corresse sob sigilo. Além de Noronha, foram presos a esposa e dois filhos dele, identificados como Teresa Cristina Cavalcante Lopes, Marcos Rubenich Marinho de Noronha e Ana Flavia Rubenich Marinho de Noronha, respectivamente. Com exceção do delegado, todos os outros familiares já foram soltos após decisão do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT). A soltura ocorreu no dia 11 de dezembro.

Investigações apontam que eles atuavam com sementes internacionais, de forma especializada. O espaço contava com estrutura de iluminação e estufa para condicionamento do entorpecente. Todos negam a participação no esquema de tráfico.

A investigação constatou que o delegado tinha um rotina intensa, se revezando entre sua residência, as atividades no Complexo da Polícia Civil e a chácara em São Sebastião, onde a plantação foi encontrada. O espaço contava com estrutura de iluminação e estufa para condicionamento do entorpecente.

Entre o material apreendido, após autorização judicial, estão vasos plásticos, 24 plantas grandes que eram cultivadas em tambores, 105 mudas de plantas pequenas, que estavam em recipientes pequenos, e aparentavam ser maconha. Além de 14 luminárias com extensão.

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O que disse a defesa após a prisão?

À época da prisão, o advogado de defesa Cleber Lopes informou que a plantação era para consumo próprio e faz parte de um projeto do delegado para desenvolver tecnologia referente à produção do canabidiol (substância derivada da maconha) para uso terapêutico. A defesa refuta a ligação com crime: “A polícia não reuniu nenhum elemento externo que pudesse relevar tráfico”, disse à época.

Lopes pontuou que “não tem nenhum laudo nos autos dizendo que a quantidade de planta seria capaz de produzir determinada quantidade de entorpecente para consumo”. “Não há nenhuma informação de que eles se dedicassem ao tráfico de entorpecente. O Marcelo é delegado de polícia de classe especial, já foi diretor de presídio. Ele tem receita recebida nos Estados Unidos para uso da cannabis com finalidade terapêutica e achou melhor produzir do que comprar”, afirmou.

Segundo o advogado, o delegado tinha propósito de desenvolver tecnologia a fim de produzir o canabidiol para tratamento contra doenças. “É uma realidade mundial, e os juízes no Brasil já estão deferindo liminares para que pessoas façam uso do canabidiol. Ele enxergou nisso uma possibilidade interessante, passou a estudar o assunto, viajou para os EUA várias vezes, participou de congresso sobre o tema. O Marcelo chegou a fazer minuta de contrato social de empresa e estava procurando uma forma de regularizar isso na Anvisa para poder fazer pesquisa. Errou em começar antes da autorização”, assinalou. Lopes.

 

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