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Após morte de policiais, Sindepo-DF convoca assembleia para quinta

Sindicato vai discutir a possibilidade de recusa por parte de delegados não imunizados a participarem de operações de combate à pandemia

atualizado

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Guilherme Sadeck/Metrópoles
Rafael Sampaio, presidente do Sindepo
1 de 1 Rafael Sampaio, presidente do Sindepo - Foto: Guilherme Sadeck/Metrópoles

O Sindicato dos Delegados do Distrito Federal (Sindepo-DF) convocou, para a próxima quinta-feira (15/4), uma assembleia-geral da categoria para discutir a recusa, por parte de servidores não imunizados, a participarem de operações e serviços de combate à pandemia. A decisão consta em nota, emitida neste domingo (11/4), após dois agentes da Polícia Civil (PCDF) terem morrido, em menos de 24 horas, por complicações em decorrência da Covid-19.

Após manifestar pesar pela morte precoce dos agentes, o Sindepo afirmou que os óbitos “fazem parte de uma tragédia anunciada pela falta de eficiência de grande parte das autoridades brasileiras no combate à pandemia de Covid-19, que é, sem dúvida, a maior tragédia humanitária dos últimos séculos”. Mais cedo, o Sindicato dos Policiais (Sinpol-DF) já havia se manifestado oficialmente sobre as perdas.

“O delicado cenário vivido exige das nossas autoridades o devido cuidado no seu trato, especialmente em relação àqueles que estão envolvidos diretamente no combate à pandemia, como os policiais civis. Nesse diapasão, é inegável o envolvimento dos servidores da Segurança Pública nesse combate, visto que mantiveram esse serviço essencial funcionando para garantir a ordem e o cumprimento das normas de controle epidemiológico durante a pandemia”, registrou.

De acordo com a entidade, a Polícia Civil tem promovido as operações toque de recolher e lockdown, que visam o cumprimento das medidas de distanciamento social, e outras de combate a crimes decorrentes da pandemia como falsificação de álcool em gel, desvio de equipamentos respiradores e de recursos da saúde pública. A entidade é presidida pelo delegado Rafael Sampaio.

“Por tais circunstâncias de trabalho e exposição, nossos servidores estão sujeitos a um índice de contaminação 3 vezes maior que um cidadão comum. Todavia, o reconhecimento desse envolvimento com a linha de frente no combate à pandemia tem se prestado única e exclusivamente para cobrar de nossos servidores o trabalho presencial, nas ruas e delegacias, visto que não serviram à sensibilização das autoridades da saúde para que priorizem a nossa imunização”, criticou.

Doses aos policiais

O sindicato informa que, até a presente data, foram destinadas para a PCDF “apenas 350 doses de imunizante” e foi assumido o compromisso de fornecer as doses remanescentes para os nossos servidores, juntamente com os demais integrantes da segurança.

“Até a presente data, a Secretaria de Saúde, malgrado os compromissos verbais assumidos, não estabeleceu os critérios de fornecimento das sobras aos servidores da segurança, como proposto pela Secretaria de Segurança, levando nossos servidores a serem humilhantemente desprestigiados nos postos de saúde”, frisou.

“Não bastasse a humilhação de ter que depender das sobras de vacinas para sermos imunizados, sendo preteridos por presos ou qualquer cidadão com formação em área de saúde, ainda que não exerça essa profissão, como nutricionistas, psicólogos, professores de educação física, etc., nem mesmo em relação a essas sobras estamos recebendo um tratamento digno”, sublinhou.

A entidade sindical ressaltou, no texto, que São Paulo e Rio Grande do Sul, por exemplo, já estão concluindo a vacinação dos policiais civis, “demonstrando respeito à vida desses profissionais que vêm se sacrificando durante a pandemia, enquanto o Ministério da Saúde e a Secretaria da Saúde do DF vêm agindo com o mais absoluto descaso”.

 

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