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Lula se diz contra “ingerência” na Venezuela e “bloqueio” em Cuba

Lula disse querer ser “construtor de paz” em relação aos dois países. Encontro de Lula com Maduro foi cancelado, por ausência do venezuelano

atualizado

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Vinícius Schmidt/Metrópoles
Presidente Lula se reúne com governadores para debater medidas contra terrorismo. Na imagem, ele gesticula, segurando um microfone e sentado diante de bandeira do país - Metrópoles
1 de 1 Presidente Lula se reúne com governadores para debater medidas contra terrorismo. Na imagem, ele gesticula, segurando um microfone e sentado diante de bandeira do país - Metrópoles - Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

Brasília e Buenos Aires (Argentina) — O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta segunda-feira (23/1) que pretende ser um “construtor da paz” em meio aos conflitos na Venezuela e em Cuba.

Em declaração à imprensa após reunião com o presidente da Argentina, Alberto Fernández, na Casa Rosada, sede da Presidência da República Argentina, Lula reforçou que vai reestabelecer relações diplomáticas com a Venezuela.

“Eu, se puder, serei um construtor de paz, porque eu aprendi na minha vida política, fazendo negociação entre patrão e empregado, que quanto mais você conversar, mais você tem chance de chegar a um acordo”, iniciou o líder brasileiro. Na sequência, ele criticou o reconhecimento de Juan Guaidó, ex-presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, presidente interino daquele país, por nações como Estados Unidos e pela União Europeia.

“Vejo muita gente pedir compreensão ao [Nicolás] Maduro e essas pessoas se esquecem de que eles fizeram uma coisa abominável para a democracia, que foi reconhecer um cara que não era presidente, que não tinha sido eleito presidente da República, que foi o [Juan] Guaidó. E esse cidadão ficou vários meses exercendo o papel de presidente sem ser presidente”, prosseguiu.

“Então, fico me perguntando: quem é que está errado? Penso que devemos ter duas coisas na cabeça: primeiro a gente permitir que a autodeterminação dos povos fosse respeitada em qualquer país. Da mesma forma que eu sou contra a ocupação territorial como a Rússia fez na Ucrânia, eu sou contra muita ingerência no processo da Venezuela. E para resolver o problema da Venezuela, a gente vai resolver com diálogo, e não com bloqueio. A gente vai resolver com diálogo, e não com ameaça de ocupação. A gente vai resolver com diálogo, e não com ofensas pessoais.”

Lula não terá a reunião bilateral com o presidente da VenezuelaNicolás Maduro, que ocorreria no final da tarde desta segunda, na Argentina.

Segundo fontes do governo brasileiro, Maduro não viajará mais à Argentina por questões de segurança. Em Buenos Aires, imigrantes venezuelanos prometiam protestos contra o ditador. Sobre o cancelamento da agenda, Lula disse: “Vai ficar para outra oportunidade”.

Assim como Lula, Maduro viajaria a Buenos Aires para participar da 7ª cúpula de chefes de Estado da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac).

“O Brasil vai reestabelecer relações diplomáticas com a Venezuela. Nós queremos que a Venezuela tenha embaixada no Brasil, que o Brasil tenha embaixada na Venezuela. E vamos reestabelecer a relação civilizada entre dois Estados autônomos, livres e independentes”, prosseguiu Lula.

Em seguida, o presidente disse querer para o país vizinho o mesmo que quer para o Brasil: “A Venezuela vai voltar a ser tratada normalmente, como todos os países querem ser tratados. O que eu quero pro Brasil eu quero para a Venezuela: respeito à minha soberania e respeito à autodeterminação do meu povo”.

Cuba

Sobre Cuba, Lula ressaltou que a Celac é “o único fórum internacional que Cuba participa”. E adicionou: “Tenho orgulho de ter participado da construção desse fórum e tenho muito orgulho dos cubanos participarem. Eu espero que também logo, logo Cuba possa voltar a um processo de normalidade e que se acabe o bloqueio a Cuba, que já dura mais de 60 anos, sem nenhuma necessidade”.

“Os cubanos não querem copiar o modelo do Brasil, eles não querem copiar o modelo americano, eles querem fazer o modelo deles. E quem tem alguma coisa a ver com isso? Portanto, o Brasil, sobretudo o Brasil, e os países que compõem a Celac, têm que tratar Venezuela e Cuba com muito carinho e, naquilo em que a gente puder ajudar a resolver os seus problemas, nós vamos ajudar.”

“O fato concreto é que o Brasil não quer inimizade com nenhum país. E se a gente puder construir acordos dentro de cada país, nós vamos ajudar. E o Brasil tem um papel importante a jogar nisso”, concluiu.

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