Bolsonaro dobra aposta contra STF para se reconstruir como antissistema
Nos bastidores, filhos do presidente e ministros próximos ao mandatário não escondem que essa é uma estratégia visando às eleições de 2022
atualizado
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Duramente criticada por chefes de outros poderes, a atuação do presidente Jair Bolsonaro nas manifestações do 7 de Setembro foi considerada por seus filhos e ministros do núcleo duro do governo como uma “vitória” para os objetivos políticos do chefe do Palácio do Planalto.
A avaliação do entorno presidencial é a de que Bolsonaro conseguiu voltar a ser o centro das atenções do debate político, ofuscando temas que o incomodam, como a CPI da Covid-19. Estratégia que, segundo aliados do presidente, vem sendo posta em prática desde a análise do voto impresso, já derrotado na Câmara.
Nos bastidores, os filhos do presidente e ministros próximos ao chefe do Planalto não escondem que essa é uma estratégia visando às eleições de 2022. A ideia seria criar uma narrativa para tentar reconstruir em Bolsonaro a figura do “antissistema” com a qual se elegeu em 2018. Só que com um novo inimigo.
Como Bolsonaro deixou claro em seus discursos na terça-feira (7/9), principalmente no proferido na Avenida Paulista, esse novo inimigo é o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O objetivo seria jogar a culpa no magistrado e na Corte por eventuais problemas do governo.
Com essa estratégia, o presidente deixou claro a ministros do governo, em reunião nessa quarta-feira (8/9), no Palácio do Planalto, que pretende dobrar a aposta contra Moraes nas próximas semanas. A intenção é recorrer a medidas jurídicas para peitar decisões do ministro do STF.
Como a coluna noticiou ainda na terça-feira (7/9), Bolsonaro quer, por exemplo, que o Ministério da Justiça edite portaria orientando a Polícia Federal a descumprir medidas judiciais “em flagrante conflito com a Constituição Federal e as leis brasileiras”. Algo que, hoje, não tem base legal.