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“Inadequado”, diz Iphan sobre carros oficiais na Praça dos 3 Poderes

Carros oficiais entregues no Pronasci, evento do governo federal, foram estacionados sobre o piso de pedras portuguesas

atualizado 15/03/2023 15:43

Breno Esaki/Metrópoles

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) disse que o uso da Praça dos Três Poderes como estacionamento é “inadequado”.

Conforme mostrou a coluna, o Ministério da Justiça usou a área tombada para estacionar veículos oficiais durante o evento do governo federal para o lançamento do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), entre terça-feira (14/3) e esta quarta-feira (15/3).

Em nota enviada à coluna, o Iphan explicou que a Praça dos Três Poderes é tombada pelo Iphan e pelo Governo do DF. Segundo o órgão, o estacionamento de veículos sobre o piso, revestido de pedras portuguesas, “contribui para sua destruição gradativa”. O Iphan disse que tenta retirar os carros oficiais do espaço o mais rápido possível, em ação conjunta com o Ministério da Cultura.

“A vocação da Praça dos Três Poderes é cívica por excelência e deve ser ocupada pela população, não por veículos. Em razão disso, a presidência do Iphan, com o intermédio do Ministério da Cultura, está envidando esforços para promover a desocupação da praça com a maior brevidade possível”, afirmou.

O Ministério da Justiça pediu autorização da Secretaria de Segurança Pública do DF (SSP-DF) para interdição da Praça dos Três Poderes e alocação de 70 veículos em frente ao monumento Os Candangos. Porém, não especificou se colocaria os veículos sobre o piso de pedras portuguesas ou se estacionaria os carros na rua.

O secretário de Cultura do DF, Bartolomeu Rodrigues, informou que, por tratar-se de um bem tombado, a autorização para o uso da área deve ser dada pelo Iphan e a própria pasta distrital.

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Reforma

O secretário Bartolomeu Rodrigues explicou que o piso da Praça dos Três Poderes é de pedras portuguesas, colocadas manualmente, e que tem sido danificado ao longo dos últimos anos, pelo uso do local como estacionamento, inclusive servindo de ponto de parada para veículos militares.

Segundo o secretário, a pasta aguarda o aval do Iphan para fazer a primeira restauração do espaço, orçada em R$ 11 milhões.

Em nota, o Iphan informou que, no dia 26 de dezembro de 2022, desaprovou o projeto de restauração apresentado pela Secretaria de Cultura “devido à ausência de relatórios fotográficos e levantamentos arquitetônicos que atestassem as condições do local, além de problemas nos próprios desenhos técnicos do projeto, que impediam sua compreensão”.

À época, o Iphan apontou, aproximadamente, dez itens da proposta de intervenção que deveriam ser ajustadas. Após orientação da Superintendência do Iphan-DF, a Secretaria de Cultura apresentou um novo projeto, na última sexta-feira (10/3), que está em análise, segundo o Iphan.

“É importante destacar que as intervenções pretendidas são mais complexas do que ações de manutenção ou conservação, visto que envolvem demolição e reconstrução de pavimento, seguindo as técnicas de instalação anteriores, além do acréscimo de novos elementos, todos eles submetidos aos critérios de preservação já apontados pelo Iphan em inventários, pareceres e reuniões para esclarecimentos”, afirmou.

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