metropoles.com

Ricardo Froes compartilha aprendizados e momentos com artistas em Paris

Legítimo admirador de Paris, o representante artístico contou as histórias acumuladas desde a primeira vez que pisou na cidade

atualizado

Compartilhar notícia

Pawel Libera/Getty Images/Ricardo Froes/Imagem cedida ao Metrópoles
Paris e Ricardo Froes
1 de 1 Paris e Ricardo Froes - Foto: Pawel Libera/Getty Images/Ricardo Froes/Imagem cedida ao Metrópoles

Apelidada de Cidade Luz, Paris tem a capacidade de enfeitiçar até quem nunca desembarcou em seus “aposentos”. Enquanto não podem cruzar as fronteiras e transitar pelas tradicionais avenidas, os fiéis turistas se deslocam em pensamento para a capital francesa. Já os aspirantes a desbravar o lugar pela primeira vez viajam por meio de fotos, vídeos e relatos de amantes do local. O curador, representante artístico e consultor literário Ricardo Froes compõe o grupo dos apaixonados pela cidade.

Em um bate-papo com Froes, sem dúvida, o apreço pela capital francesa surgirá – assim ocorreu na conversa com a coluna Claudia Meireles. O representante artístico define Paris como: “O meu lugar no mundo”. Um legítimo admirador da cidade europeia, ele abriu o livro de histórias composto de experiências que acumula por lá. O consultor literário compartilhou algumas preferências (como o café queridinho) e montou um roteiro perfeito de endereços que merecem a visita.

Primeiras vivências

“Cada um tem a sua Paris. Isso vem aos poucos, com o tempo. Você cria”, diz Froes. A primeira vez que o consultor literário pisou na cidade tinha 18 anos, em 1994. De férias em Londres, ele tratou de pegar um ônibus até a capital da França: “À época, era a opção mais barata e, ainda, precisava de visto”. O jovem chegou às 7 horas da manhã e logo correu para a estação Trocadéro. O motivo? Ver a Torre Eiffel. “Uma emoção. Era inverno. Estava sozinho e ali, sabia que minha relação com aquela cidade seria para sempre”, rememora.

Ricardo Froes
Ricardo Froes é representante artístico, consultor literário e curador

Depois de ficar fascinado com a Torre Eiffel e deixar a mala no albergue, o turista seguiu rumo ao Louvre. Próxima parada? Museu Pompidou. “Foi marcante. Na volta, me matriculei em um curso de francês”, lembra Froes. Como em uma paixão à primeira vista, Paris fascinou o curador por peculiaridades que a tornam única e encantadora. No ponto de vista do fiel turista, a característica número um é a beleza da cidade, das ruas aos parques, passando pelos museus e livrarias.

Considerada uma religião para os franceses, a gastronomia aparece na segunda posição da lista de predicados parisienses. Segundo Froes, os vinhos e o modo de viver são outros atrativos da Cidade Luz. Ele considera um “bálsamo” sentar em um café com um livro e ver a vida passar sem ser incomodado ou andar sem rumo, de preferência sozinho. No Brasil, caminhar sem destino é chamado de perambular, enquanto no país europeu os residentes denominaram de flanar. “Uma cidade livre, que não cansa nunca”, frisa o representante artístico.

Torre Eiffel
Segundo Froes, a Torre Eiffel traz o sentimento de estar Paris
Museu Picasso
Registro tirado pelo curador em viagem por Paris. Froes também é entusiasta da fotografia
Aprendizados

Um dos lemas dos aficionados por carimbos no passaporte é: “Talvez o melhor benefício de viajar consiste em aprender sobre si mesmo”. Paris não só ensinou Ricardo Froes a ser curioso, mas também menos ansioso. “Aprendi a ser sincero. Os parisienses são muito. Treinou o meu olhar para vivências e pessoas, tudo com calma e sem pressa”, garante. As lições não param por aí. Por responsabilidade da capital francesa, o curador cultivou o gosto por arte, livros, gastronomia e tranquilidade. “A cidade respira cultura”, defende.

Ricardo Froes
O representante artístico é apaixonado pela Cidade Luz

Ao florescer a paixão por Paris, Froes resolveu entender melhor a cidade. Como fazer isso? Mergulhando nos livros. Ele leu obras dos escritores franceses Honoré de Balzac, Gustave Flaubert, Françoise Sagan, Daniel Pennac e Marcel Proust. A atitude o fez desenvolver uma simpatia pela França “em geral”. “A melhor forma de conhecer um país é conhecer a sua literatura”, atesta. De acordo com o representante artístico, a capital francesa foi e é como uma escola, pois os autores contribuíram para o ofício de consultor.

Já no trabalho de representante artístico, contou com a “colaboração” de alguns museus. Froes cita com maior afinco o Beaubourg e D’Orsay, além dos pequenos Zadkine e Gustave Moreau. “Queria compreender toda aquela beleza que via, mas de uma maneira acadêmica. Fui e comprei a Bíblia da História da Arte, o livro do Ernst Gombrich e do Giulio Carlo Argan. Comecei a estudar compulsivamente. Caí de amores pelo Marcel Duchamp, que me ensinou a entender e criticar a arte contemporânea”, recorda.

Paris
À esquerda, o Louvre. Paris vista do alto
Café de Flore
O representante artístico recomenda uma visita ao Café de Flore
Histórias

De tantas vivências em Paris, Ricardo Froes escreveria um livro. Algumas experiências inesquecíveis aconteceram com famosos. Uma das mais divertidas foi com a atriz Fanny Ardant, de quem sempre foi fã. Ela compõe o elenco do filme A Mulher do Lado, de François Truffaut. O consultor literário recorda da experiência com carinho e guarda uma lembrança do momento:

Fui ao teatro, deixei um bilhete para ela, falando da minha intenção de conhecê-la após a peça e que tinha levado um pequeno presente, um livro da Clarice Lispector em francês. Como já tinha conhecido a filha dela em Lisboa, mencionei no texto. Terminado o espetáculo, desce o diretor, com um cachorro enorme, gritando meu nome. Fanny me receberia no camarim. Entrei e ficamos 20 minutos conversando. Eu, claro, nervosíssimo. No final, pedi uma foto. O assistente fez um registro lindo, que guardo com muito orgulho

Ricardo Froes

Em outra situação, uma amiga brasileira convidou Froes para um aniversário na Île Saint Louis. Ao chegar na festa, ele descobriu ser o parabéns da irmã do ator Vincent Cassel, a atriz Cécile Cassel. “O mais divertido eram os convidados. Atores e atrizes que só conhecia dos filmes, como Monica Bellucci, Jérémie Rénier, Romain Duris e a top model da Chanel, a Caroline de Maigret. Lá, fiquei sabendo que ela era nora de uma amiga do mundo literário, a Chantal Poupaud”, revela.

Ricardo Froes e Fanny Ardant
Ricardo Froes e a atriz Fanny Ardant

Na lista de amigos de Froes, constam o ator Éric Elmosnino e a modelo Laetitia Casta, intérprete de Brigitte Bardot nas telonas. “Paris acaba sendo uma cidade pequena. Era comum almoçar ao lado de atores, por exemplo, Pierre Niney ou Gaspard Ulliel. Ambos fizeram o Saint Laurent no cinema. Puxei papo com o Gaspard, que foi totalmente blasé. Normal, eles são mesmo”, enfatiza. Atualmente, o consultor literário está no Brasil, em seu apartamento na Asa Sul, em Brasília. O cantinho de Ricardo Froes é uma ode à Cidade Luz.

No chão da cozinha, ele optou pelo ladrilho hidráulico, comum nos lares parisienses. Também não segue regras quanto à decoração. Há peças de diversos lugares – desde uma manta de Jerusalém a um vaso de vidro sueco. “No Brasil, as pessoas se preocupam muito com a opinião alheia. As residências em Paris contam a história do dono. Fiz uma copa com papel de parede em toile de jouy, com mesa vintage e cadeiras de brechó. Lembra um bistrô. Minha TV está sempre ligada no canal TV5, o que me aproxima ainda mais da cidade. E escuto música francesa”, compartilha.

Estante Livros Ricardo Froes
Livros não faltam na casa de Froes em Brasília
Missão guia turístico

A pedido da coluna, o curador elaborou um roteiro para quem não conhece a cidade. A bordo da missão guia turístico, Froes propõe como primeira parada obrigatória a Torre Eiffel: “Quando você a vê de perto, sente que está em Paris”. Depois, andar por Saint Germain, sentar em um café, jantar em um belo restaurante ou bistrô. Optar sempre por experimentar pratos locais e se deixar levar pelo sabor do vinho e champanhe francês. Entre os museus, o consultor literário elege: d’Orsay e Louvre.

0

“Paris é andar pelas ruas, se perder, sentar de frente para a Île Saint-Louis, o lugar mais bonito de Paris, na minha opinião”, garante Ricardo Froes.

No quesito praças, vale conhecer a Place des Vosges: “A mais bonita de Paris”. Outro passeio essencial é pela Place Royal. Praticamente um cidadão local, Froes costuma almoçar sempre nos mesmos lugares, onde já conhece os garçons. As casas gastronômicas sugeridas por ele são: o La Palette, na Rue de Seine, no 6ème; e o Café Varenne, no 7ème. O prato que conquistou o seu paladar foi um pato com batatas e salada. O parisiense de coração indica visitar o Palais Royal e sentar-se no Le Nemours, em frente à Comédie Française.

A missão guia turístico continua. Agora, o passeio envolve sentar e apreciar um bom café francês, tendo em mãos bebida bem quentinha ou um copo de vinho. Os mais famosos são o Café de Flore ou o Les Deux Magots. “Já vale a viagem”, afirma Froes sobre a programação. Mas o local que conquistou o coração do representante artístico é o Le Progrès, no 3ème arrondissement, próximo ao Museu Picasso. De acordo com o curador, para conseguir uma mesa no endereço, deve-se chegar cedo, pois o espaço é movimentado todos os dias.

Les Deux Magots
Sentar no Les Deux Magots e apreciar a vida, sugere o curador
 Place des Vosges
Outro passeio do roteiro de Froes é conhecer a Place des Vosges
La Palette
Delícias do La Palette. Vale a pena visitar, aconselha Ricardo Froes

Para saber mais, siga o perfil da coluna no Instagram.

Compartilhar notícia