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Halloween é tempo de seres mágicos: bruxas, santos e drag queens

Nessa época do ano, um portal entre o nosso mundo e outro universo parece se abrir. É momento de usar fantasias para revelar verdades

atualizado

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Divulgação
RuPaul's Drag Race
1 de 1 RuPaul's Drag Race - Foto: Divulgação

Sou fã de RuPaul´s Drag Race e, às vezes, até me surpreendo com o quanto gosto do programa. Quando a primeira pessoa me falou “está chegando o halloween”, meu pensamento foi: quantas drags que participaram do programa se montaram pela primeira vez nessa época do ano?

Depois do surgimento do reality comandado por RuPaul Charles, entramos em contato mais aproximadamente com a cultura drag, uma ideia tão americana quanto a forma mais comum de se comemorar o dia das bruxas.

Acabamos conhecendo muitas queens, descobrimos suas biografias e incontáveis vezes elas relataram que a primeira vez que tiveram coragem de se montar publicamente foi nas festas de halloween das suas escolas e universidades.

 

Mais uma vez, o uso do momento permissivo da fantasia para usar a máscara e revelar a verdade. A máscara (ou no caso a maquiagem), ao invés de esconder, vai mostrar para todo mundo uma parte não revelada da personalidade dessas pessoas.

A gente já falou aqui na coluna de algo parecido em relação ao carnaval, mas apesar das semelhanças quanto à permissividade da fantasia para revelar uma verdade, há diferenças cruciais. Por exemplo, no próprio post do carnaval, nós tratamos sobretudo de homens héteros que se fantasiam de mulheres.

É importante notar que isso não é tão observado no halloween em relação a héteros. Talvez isso se dê porque o carnaval é uma festa bastante solar e o halloween, por ser uma homenagem às criaturas que habitam as trevas, é uma festa noturna. Esse período é dominado pelas drag queens. Todo mundo sabe que o dia para a drag é tão repulsivo quanto para o vampiro, cada um por seus motivos.

Recentemente assisti “Drag becomes him”, um documentário sobre a vida da Jinkx Monsoon, ganhadora da quinta temporada do Drag Race. No filme a gente vê a vida dele antes do programa e depois da sua coroação.

O halloween lhe foi tão libertador que a sua principal referência, que gerou inclusive o nome do documentário, foi o filme de comédia mórbida “A morte lhe cai bem (Death becomes her)”, além de ter sido o momento em que ele se montou pela primeira vez.

Rolando a timeline do Facebook eu vi, em todas as festas, um bando de caras novas que se montaram pela primeira vez este ano. No próximo halloween, vários deles devem estar dominando alguma pista de uma festa que vai revelar outras e mais outras.

E assim o círculo vai girando para sempre. Acho que, no final, essa será uma época do ano de celebração desses seres de mundos mágicos: bruxas, santos, mortos e drag queens

 

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