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Eva Todor misturou drama e comédia para se tornar mito do teatro

Durante 80 anos de atividade, atriz virou uma damas dos palcos nacionais, cruzando diversas linguagens

atualizado

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Globo/Divulgação
Top Model
1 de 1 Top Model - Foto: Globo/Divulgação

Eva Todor é brasileira. Saiu da Hungria ainda menina e só voltou quando estava casada com o seu segundo marido, Paulo Nolding, na meia-idade. Já era uma dama dos palcos nacionais, paparicada pelo então presidente Getúlio Vargas, espectador assíduo das peças. Foi, num encontro com presidente, aliás, que ela se naturalizou. Ele pediu para Eva enviar toda a documentação. Não poderia deixar uma atriz daquele quilate continuar com a fama de europeia.

Sou brasileira. É o meu maior orgulho

Eva Todor

Ao longo de 80 anos de palco, a artista passeou pela arte dramática em diversos estilos. Começou pelas revistas. Como era exímia bailarina, tornou-se uma vedete de luxo. Foi uma escola que dominou rapidamente, mas não lhe dava o devido status. Passou então para as comédias.

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Estreou na despretensiosa “A Feia” e rapidamente consagrou-se no chamado estilo “Eva” de comédia. Quando a atriz surgiu nos palcos, trazia um jeito primaveril de comandar suas personagens. Estabeleceu-se algo incomum no teatro brasileiro. Eva trazia naturalidade, leveza e ingenuidade para lidar com as personagens. O que fazia o público gargalhar com um simples movimento labial.

 

Sempre tive uma queda para o humor. O povo morria de rir com as bobagens que eu dizia em cena

Eva Todor

Eva atravessa o pouco como uma borboleta e encantava plateias. Formou-se rapidamente um público cativo para apreciar as suas peripécias. Havia ali um contraponto com outras grandes cômicas como Dercy Gonçalves (escrachada), Alda Garrido (popular), Dulcina de Moraes (mestra das mestras), Bibi Ferreira (puxada no drama) e Marília Pêra (requintada).

O primeiro marido, Luiz Iglézias (morto em 1963), apostou em sua carreira. Formou-se, então, a companhia Eva e Seus Artistas, que ocupou o Teatro Serrador, numa produção surpreendente. O grupo foi o primeiro a cruzar o Atlântico para se apresentar em Portugal em 1948, durante nove meses num sucesso estrondoso.

https://www.youtube.com/watch?v=zzXjK7z5yao&t=289s

 

Durante mais de duas décadas que ficamos no Serrador, tínhamos espetáculos de segunda a segunda, de janeiro a janeiro. Era tudo muito rápido. Uma peça nova por mês

Eva Todor

Eva dominou a comédia e seguiu querendo mais. Trocou as sapecas personagens por mulheres marcantes. Avançou, na maturidade, para o drama. Buscou papéis de perfil psicológico aprofundado como a protagonista de “A Carta”, de Somerset Maugham, em 1947. A personagem tinha 40 anos e gerou até ciúmes em Bibi Ferreira que cobiçava vivê-la.

Seguiu firme até se dividir entre a televisão e o cinema, linguagens que abrilhantou com a mesma intensidade. De alguma maneira, Eva Todor traça as diretrizes do teatro no século 20. Com diferentes escolas, podemos contar a evolução pela carreira dessa brilhante atriz.

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