Dez espetáculos que marcaram a carreira do diretor Hugo Rodas
Série Teatro 061 aponta quais os grandes espetáculos criados por Hugo Rodas em Brasília
atualizado
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Quando Hugo Rodas fechou o ciclo Pitu e retornou a Brasília, em 1983, um outro capítulo de sua história começava a ser escrito: a formação de um repertório. São muitos espetáculos que trazem a busca pela pesquisa do corpo e de suas potencialidades. A entrada, como professor, na Universidade de Brasília (UnB) e a formação, mesmo que curta, em uma companhia estável e patrocinada, a Cia. dos Sonhos (na viradas dos anos 1990 aos 2000), permitiram ao criador aprofundar suas ferramentas estéticas.
Hoje, aposentado pela UnB, mantém vínculos com o programa de pós-graduação e comanda o grupo de teatro ATA (Agrupação Teatral A Macaca), com jovens atores da cidade. Em plena atividade, está em circulação entre Brasília e Goiânia, praça onde cria constantemente.A série de Teatro 061 selecionou 10 montagens marcantes de Hugo pós-Pitu.
1) A Teia (1984)
Idealizado por Norma Lilia a partir de “A Casa de Bernarda Alba”, o espetáculo de dança chamou atenção pelo virtuosismo do cenário e pela expressividade corporal dos bailarinos. Hugo Rodas estava no palco com vigor impressionante.
2) O Olho da Fechadura (1993/1994)
Hugo Rodas simplesmente parou a Universidade de Brasília para realizar cenas inspiradas na obra de Nelson Rodrigues, que foram espalhadas pelo campus, em salas e espaços alternativos, num teatro-performance que marcou profundamente a produção criativa da UnB. O trabalho foi multidisciplinar, com participações de Fernando Villar e Bia Medeiros nas coxias. Até hoje, ele tem vontade de remontar essa experiência – ponto alto do Teatro Universitário Candango (Tucan), historicamente ligado à Universidade de Brasília.
3) Dorotéia – Uma Farsa Irresponsável (1995)
Da obra de Nelson Rodrigues, a montagem teve a direção dividida com os irmãos Adriano e Fernando Guimarães e ganhou o Prêmio Shell pelo trabalho do trio. A escolha dos diretores foi da atriz e produtora Denise Milfont. Ela acreditava que só eles poderiam equilibrar a loucura sugerida no texto: “É a peça mais louca de Nelson Rodrigues. Ele devaneia e é irresponsável em sua loucura. Ao mesmo tempo, é sutil e forte, mas não há nada de grotesco. Nelson é como um voyeur: ele olha pelo buraco da fechadura, mas vê o que está em nosso inconsciente”, diz Denise.
4) Arlequim, servidor de dois patrões (1999)
Essa montagem é de uma felicidade ímpar na trajetória vigorosa de Hugo Rodas, reunindo um elenco de primeira grandeza para montar um clássico da Commedia dell’arte. Circulou por festivais Brasil afora e arrancou elogios de público e crítica. A montagem reúne todas as técnicas de Hugo, com destaque para a câmera lenta e as fotografias.
5) Álbum Wilde (2000)
Hugo Rodas chamou atenção com uma montagem ousada a partir da obra de Oscar Wilde. A peça se destacou dentro e fora de Brasília. Uma cena de nudez da atriz Catarina Accioly na abertura da montagem provocou burburinhos na cidade. A peça tinha a participação de Juliano Cazarré, ainda estudante da UnB.
6) Rosanegra – Uma Paixão Sertaneja (2002)
Hugo ocupou uma galeria de arte no Venâncio 2000 (Espaço Ecco) e fez o espectador passear pelas imaginárias veredas do sertão mineiro. O espetáculo rodou o país dentro do Palco Giratório e tinha a vitalidade narrativa que o diretor ama construir: poesia, música, corpos transformados e cenas fortes.
7) Adubo ou a sutil arte de escoar pelo ralo (2005)
Até hoje em circulação, a montagem de conclusão de curso de Rosanna Viegas, André Araújo, Juliano Cazarré e Pedro Martins é um curto-circuito teatral de grande sucesso em Brasília e no Brasil. Em processo colaborativo, tendo Hugo como uma espécie de “oráculo” ou “supervisor”, a peça arrancou elogios de Fernanda Montenegro pela vitalidade dos atores. Um dos destaques é o cenário concebido por Sônia Paiva.
8) Rinoceronte (2006)
Um dos espetáculos mais impactantes de Hugo Rodas, sobretudo pelo resultado que ele conseguiu atingir nos corpos dos jovens atores e atrizes, então estudantes da UnB, que formaram o grupo Teatro Universitário Candango (Tucan). É, principalmente, um dos mais artísticos trabalhos dele, atingindo um nível de qualidade e equilíbrio entre dramaturgia textual de Ionesco e o resultado cênico.
9) Os Demônios (2007)
A retomada da parceria de Hugo Rodas com Antônio Abujamra resultou numa adaptação fortemente teatral com elenco de 21 atores e atrizes de três gerações do teatro brasiliense. Após um mês em cartaz no CCBB Brasília, chegou a fazer uma temporada concorrida no Rio de Janeiro. A peça colocava em cena uma adaptação enxuta, mas eficaz da obra-prima de Fiódor Dostoiévski. O embate dramático entre Alessandro Brandão e Jones de Abreu era um dos pontos altos do espetáculo, que tinha performances irretocáveis de Ada Almeida, Natássia Garcia, Chico Sant’Anna, Bidô Galvão, Adriana Lodi, Carmem Moretzsohn, Guilherme Reis e Catarina Accioly.
10) Boleros (2010)
Hugo Rodas assume a cena como ator, toca piano, conta histórias de vida no Uruguai, em Ouro Preto, na Bahia e em Brasília. É um solo-presente para quem só o observa nas coxias.